Afegãs especialistas em robótica escapam do Talibã
Conhecidas como “Afghan Dreamers” (ou Sonhadoras Afegãs), as meninas com idade entre 13 e 18 anos tomaram a decisão de abandonar seu país e buscar refúgio no exterior.
O grupo formado por mulheres afegãs, conhecidas como Sonhadoras Afegãs, eram vistas, no país, como um farol de esperança para as outras mulheres que vivem sobre o regime Talibã.
Elas são um grupo de cerca de 20 adolescentes entre 13 e 18 anos que formaram a primeira equipe feminina de robótica em um país onde o desenvolvimento da ciência nunca foi uma prioridade geral (e menos ainda para as mulheres).
A mais recente tomada de poder pelo grupo Talibã no Afeganistão foi no dia 15 de agosto de 2021, colocando em risco todas as conquistas do grupo feminino. Desde seu último retorno, na década de 90, o grupo fundamentalista islâmico restirnge o direito das mulheres de trabalhar e estudar.
Desde então, milhares de pessoas como as “sonhadoras afegãs” tomaram a difícil decisão de abandonar seu país e buscar refúgio no exterior, temendo a repressão e os castigos do Talibã.
Foi assim que, depois de cruzar seis países e enfrentar vários percalços burocráticos, as cinco jovens que fundaram a equipe de robótica (Fatemah Qaderyan, Lida Azizi, Kawsar Roshan, Maryam Roshan e Saghar Salehi) receberam asilo temporário no México.
As meninas fizeram parte de um grupo de refugiados que foram para o México e outros países latinos americanos.
“Elas fazem parte da equipe de robótica do Afeganistão e estão lutando por um sonho: um mundo com igualdade de gênero. Bem-vindas”, tuitou o chanceler mexicano Marcelo Ebrard.
Ao chegar ao país, as meninas pertencentes ao grupo receberam visto humanitário, o que as possibilitou de permanecer no país por mais 6 meses, com direitos à prorrogação. Além disso, os membros do grupo receberam hospedagem e alimentação gratuitas durante sua estadia graças ao apoio de várias organizações locais.
Afinal, quem são as garotas das Sonhadoras Afegãs?
As meninas do grupo foram reunidas, em 2017, por Roya Mahboob, uma empreendedora de tecnologia que administra o Digital Citizen Fund (Fundo da Cidadã Digital). Tal fundo é uma ONG com sede nos Estados Unidos, a qual ajuda meninas e mulheres em países em desenvolvimento a ter acesso à tecnologia e oferece aulas em disciplinas como ciências, engenharia, matemática e robótica.
O projeto foi centrado na cidade de Herat, no oeste do Afeganistão, para promover ciência e tecnologia entre as meninas afegãs e empoderá-las em um país, no qual o papel da mulher era limitado no âmbito doméstico durante a passagem anterior do Talibã ao poder no país (1990 – 2001).
Logo após a criação do grupo, em 2017, as adolescentes começaram a receber atenção internacional ao conquistar o Prêmio Especial no Campeonato Internacional de Robótica, realizado em Washington DC.
O prêmio surpreendeu não só porque eram adolescentes vindas de um país onde mulheres e meninas não tinham direitos básicos, mas também porque elas tiveram que superar inúmeros obstáculos para chegar aos Estados Unidos.
Quando as meninas finalmente conseguiram chegar a Washington, obtiveram destaque na imprensa americana após todos os obstáculos enfrentados em sua viagem.