Coronavírus: a importância do distanciamento social como forma de prevenção

Coronavírus: a importância do distanciamento social como forma de prevenção

No dia 11 de março após um anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS), o coronavírus se tornou oficialmente uma pandemia. Presente em 185 países, com mais de 190 mil pessoas infectadas e mais de 12 mil mortes registradas. China, Itália e Espanha são os países mais afetados pela propagação do vírus.

Para tentar impedir que o vírus alcance mais pessoas, os governos locais tomaram medidas drásticas. A China, por exemplo, isolou várias cidades com milhões de habitantes e construiu hospitais em menos de uma semana para lidar com a emergência, enquanto o governo italiano decretou isolamento em todo seu território. Os resultados têm sido diversos. Enquanto na China as medidas parecem ter conseguido frear o avanço acelerado do vírus, na Itália, os números de infectados e de mortes não param de crescer em escala exponencial.

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Nesta  quinta-feira (19/3) o número de mortes causadas pelo novo coronavírus na Itália ultrapassou o total de vítimas na China pela Covid-19, segundo balanço divulgado pelas das autoridades italianas, a Itália já registrou 4.825 mortes, na China, o total de vítimas é de 3.261. Mas há um caso que está sendo tomado como exemplo de como lidar com o problema: o da Coreia do Sul.

O exemplo da Coreia do Sul

O número de casos da Covid-19 explodiu ao mesmo tempo na Itália e na Coreia do Sul. Mas as taxas de mortalidade são muito diferentes nos dois países, a reação inicial ao coronavírus explica a diferença entre os números de óbitos e revelam como vigilância e preparação salvam vidas.

A Coreia do Sul, confirmou a notícia de seu primeiro caso de coronavírus no dia 20 de janeiro. Com o objetivo de detectar o vírus em seus estágios iniciais, o sistema de saúde sul-coreano detectou na cidade de Daegu, a origem da epidemia em seu território e logo em seguida criou uma rede abrangente de diagnóstico, objetificando reduzir e atrasar a disseminação do vírus, reduzindo assim o mais rápido possível a taxa de mortalidade no país. 

Diferentemente de países como o Brasil por exemplo, onde só são feitos testes em quem tem sintomas, os sul coreanos decidiram realizar os testes em qualquer pessoa que estivesse estado em contato direto com casos confirmados, mais de 15 mil exames por dia foram realizados. 

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Mas a diferença entre a Coreia e o Brasil não é a atitude apenas do Governo, mas na conduta da população. No dia seguinte ao pedido do governo para a população permanecer em casa, quando ainda havia meia centena de casos em todo o país, as ruas da Coréia do Sul ficaram desertas. No Rio de Janeiro no primeiro dia após o fechamento dos colégios e das recomendações de trabalho remoto, as ruas e praias continuavam lotadas. 

Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou uma série de recomendações gerais para municípios e Estados, e também propostas direcionadas para as cidades onde há casos de transmissão local e comunitária. Entre as propostas estão a redução do contatos social de idosos e doentes crônicos, cancelamento de eventos em locais fechados com mais de cem pessoas ou realização destes sem público, antecipação das férias nas instituições de ensino e quarentena, se a ocupação dos leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 atingir 80%.

A velocidade de propagação do novo coronavírus no Brasil repete o padrão dos países que mais sofrem com o avanço da Covid-19, porém observando o exemplo de outras nações podemos ter um resultado favorável. Nos países que estão enfrentando este problema, a adoção destas medidas não farmacológicas reduziu a velocidade de transmissão e retardou o pico da epidemia, dando melhores condições para que os serviços de saúde impactados pelo aumento da demanda possam se recuperar.

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Na falta de uma vacina ou de remédios específicos para o vírus, as medidas de distanciamento social são a única arma à nossa disposição para neutralizar a epidemia. 

A Importância da quarentena e do isolamento social

É de conhecimento geral que a UFJF, através do Comitê de Monitoramento e Orientação sobre Coronavírus, finalmente cancelou as aulas a partir do dia 17 de março. Uma atitude certeira, apesar do seu atraso, ela evidencia a forma mais importante que temos para lidar com a crise em andamento: máximo isolamento social possível.

Por que é importante que nos isolemos? 

Em matéria publicada no Washington Post por Harry Stevens, é explicado o porquê da COVID-19 se multiplicar exponencialmente e o porquê da gravidade disso: Nos EUA, por exemplo, se uma pessoa infectar duas em um dia, essas duas infectarem duas cada e assim por diante, haverá uma situação de 100 milhões de infectados em maio de 2020. Isso equivale a um terço da população americana e milhares de vezes mais do que a capacidade do sistema de saúde americano* de tratar pessoas. 

*É válido mencionar que nos EUA, mesmo para quem tem plano de saúde – minoria da população – o teste para coronavírus e seu eventual tratamento ainda tem uma parcela que sai do bolso do cidadão e pode facilmente chegar a milhares de dólares.

Na China, a primeira tentativa do governo foi a de forçar uma quarentena na província de Hubei, onde foi iniciada a crise. Não é necessário dizer que a medida falhou em seu objetivo, como já alertavam os especialistas – medidas desse gênero são impraticáveis devido a diversas questões logísticas e sociais.

Passamos, então, para a próxima medida para retardar o surto: encorajar a população a evitar multidões e a ficar em casa com mais frequência. Reduzindo a mobilidade, o vírus terá menos chances de se propagar. No entanto, sempre haverá aquelas pessoas que não podem se isolar: serviços essenciais à sociedade como hospitais, mercados e farmácias. Não se pode deixar de mencionar, também, a irresponsabilidade de muitos em não seguir as recomendações das autoridades de saúde – mesmo que elas não venham a adoecer, elas ainda assim podem e provavelmente serão transmissoras do vírus para pessoas em grupos de risco.

A simulação abaixo é sobre uma doença fictícia chamada Simulitis. A doença se espalha mais facilmente que a COVID-19, apenas pelo simples contato. O que aconteceria se ela se espalha numa cidade com 200 pessoas?

Vídeo

À esquerda percebemos que, sem medidas de isolamento, rapidamente TODA a população estará infectada. Não importa o país no qual isso ocorra, não há como um sistema de saúde absorver e tratar uma população inteira. É claro que a medida que o tempo passa, as pessoas irão se curar e deixar de se infectar* outras. Mas também não foram contabilizadas as mortes devido à Simulitis. No mundo já são mais de 10.000 mortes em decorrência da COVID. 

Já à direita, com 75% da população estática, ou seja, em situação de distanciamento social, o pico de casos é drasticamente reduzido e muitos não chegam a ser infectados. Isso é benéfico para o sistema de saúde, que poderá lidar melhor com a crise e também diminuirá consideravelmente o número de mortes.

*Um homem no Japão foi diagnosticado com coronavírus, recuperado e, enfim, novamente infectado. Cientistas trabalham para descobrir se isso se trata de uma nova infecção ou uma recuperação do vírus.

Medidas Aplicadas

No Reino Unido e EUA a estratégia utilizada para gerir a crise era baseada na “imunização do rebanho” ou “mitigação” da pandemia. Esse modelo é baseado na ideia de que a infecção generalizada da população acabaria por desenvolver imunidade coletiva e, assim, proteger os cidadãos. 

Era essa a postura oficial do governo até que o Imperial College de Londres criou um modelo matemático que previa que o número de mortes no arquipélago britânico seria de 250.000. Nos EUA, o mesmo modelo previa mais de um milhão de mortes caso a estratégia fosse mantida.

No Brasil, até o momento, adotou-se minimamente medidas de distanciamento social, que não estão sendo devidamente respeitadas, inclusive por pessoas de grupos de risco, como idosos. 

No vigésimo dia após o primeiro contágio (18/03), o Brasil contabilizava 291 casos confirmados de coronavírus. Em seu 20º dia, a Itália – país que superou a China tanto no número de infectados quanto no de mortes – esse número era de 3 confirmados. 

A situação é crítica, mas ainda há o que pode ser efeito: isolamento.

Como se prevenir?

Como no momento não há um tratamento específico para a Covid-19,  a prevenção é a melhor forma de minimizar o avanço dessa doença. A maioria das pessoas infectadas experimenta sintomas leves e se recupera, mas pode ser mais grave em outros casos. Cuide da sua saúde e proteja os que você ama, de acordo com as orientações a seguir:

  • Lave sistematicamente e cuidadosamente as mãos com água e sabão ou com  álcool em gel.
  • Se possível, fique em casa, mantenha distanciamento social e evite aglomerações. Quando alguém tosse ou espirra pulveriza pequenas gotículas do nariz ou da boca, que podem conter o vírus, por isso  ao tossir ou espirrar cubra a boca e nariz com o cotovelo e em seguida lave as mãos.
  • Não compartilhe objetos pessoais.
  • A necessidade do uso de máscaras é bem relativa, elas são indicadas principalmente para profissionais da saúde e pessoas com quadro confirmado ou suspeito de COVID-19 além de indivíduos que têm contato diário com estes.

Para mais informações  acesse ao site do Ministério da Saúde e não deixe de compartilhar com seus amigos!

Por Juliana Quinelato, Esteban Aguilar e Davi Abrantes

Juliana Quinelato