Crise Climática

Crise Climática

Introdução

A crise climática é um conjunto de mudanças globais no clima da Terra, causadas principalmente pela ação humana. Essas mudanças incluem o aumento da temperatura média do planeta (aquecimento global), padrões climáticos extremos, elevação do nível do mar, derretimento de geleiras e alterações nos ecossistemas. O principal motor da crise climática é o excesso de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄), que são liberados na atmosfera por atividades como queima de combustíveis fósseis, desmatamento e agricultura intensiva. Esses gases prendem o calor na atmosfera, desestabilizando o equilíbrio natural do planeta. As consequências são profundas: secas, inundações, perda de biodiversidade, crises alimentares, aumento de doenças e deslocamento de populações. A crise climática não afeta apenas o meio ambiente, mas também a economia, a saúde e a estabilidade social de todos os países, tornando-a um dos maiores desafios da humanidade.

Quais são as principais causas

  • Queima de Combustíveis Fósseis: Os combustíveis fósseis – como carvão, petróleo e gás – são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas, contribuindo com mais de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa e quase 90% do dióxido de carbono emitido. Quando essas emissões se acumulam na atmosfera, elas retêm o calor do sol, intensificando o aquecimento global e alterando o clima do planeta.
  • Mudanças Climáticas e Padrões Climáticos Extremes: Esse aumento de temperatura, o mais rápido já registrado, está modificando padrões climáticos e desequilibrando os ecossistemas, gerando graves riscos para a vida humana e para outras espécies. A geração de eletricidade e calor pela queima de combustíveis fósseis é uma das principais fontes dessas emissões, já que grande parte da energia ainda depende de carvão, petróleo ou gás. Esses combustíveis liberam dióxido de carbono e óxido nitroso, gases que contribuem significativamente para o efeito estufa.

Primeiro Dia Sem Gelo no Ártico

Uma das causas diretas do efeito estufa, que veremos mais rapidamente do que esperávamos, é o derretimento do gelo marinho no Ártico. De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Communications, a região pode enfrentar seu primeiro dia sem gelo marinho já no verão de 2027. Céline Heuzé destaca que o aquecimento das correntes oceânicas tem sido crucial para esse processo, afinando a camada de gelo e derretendo-a por baixo ao longo de todo o ano. No entanto, os novos resultados indicam que, uma vez que o gelo marinho se tornou muito fino, as mudanças climáticas – como ondas de calor e tempestades – são os principais fatores que contribuem para o degelo. Embora um único dia sem gelo pareça insignificante, as consequências desse derretimento afetam não apenas o Ártico, mas todo o clima global. Heuzé enfatiza que o ecossistema da região depende do gelo marinho para sua sobrevivência. “Há algas crescendo na parte inferior [do gelo] e tudo, desde ovos de plâncton até bacalhaus polares, utilizam-no como abrigo. E, na outra ponta, os ursos polares o usam como plataforma de caça”, explica.

Geleira Thwaites

A Geleira Thwaites, conhecida como “Geleira do Juízo Final”, na Antártida Ocidental, está derretendo mais rápido do que o previsto, representando uma ameaça global iminente. Com uma área equivalente à Grã-Bretanha, largura de 120 km e espessura superior a 2.000 metros em algumas partes, ela é uma das maiores e mais vulneráveis geleiras do mundo. Desde os anos 1990, o volume de gelo desprendido da Thwaites e das geleiras vizinhas mais do que dobrou. Localizada na Enseada Marítima Amundsen, a Thwaites contribui atualmente com 8% do aumento global do nível do mar, que cresce 4,6 mm por ano. Caso a geleira colapse completamente, o nível dos oceanos pode subir 65 centímetros. Se todo o manto de gelo da Antártida Ocidental, onde ela está inserida, também derreter, o aumento pode alcançar até 3,3 metros. Pesquisadores que estudam a região alertam que essas mudanças podem trazer impactos catastróficos ao planeta.

Imagem: Reprodução/Christian Åslund

Cidade que Vai Afundar – Veneza

Veneza enfrenta um problema cada vez mais urgente: o afundamento gradual da cidade combinado com a elevação do nível do mar, intensificado pelo aquecimento global. O fenômeno da acqua alta, que causa inundações periódicas, é uma realidade desde o século V. No entanto, as mudanças climáticas e o aumento do turismo de massa tornaram a situação muito mais crítica. A relação entre o derretimento das geleiras e o afundamento de Veneza está no impacto direto do aquecimento global sobre o nível do mar. À medida que as geleiras e calotas polares derretem, grandes volumes de água são liberados nos oceanos, elevando o nível global. Para Veneza, que já sofre com sua fundação em terreno pantanoso e a reacomodação tectônica da região, essa subida do nível do mar intensifica as inundações e ameaça a preservação da cidade. Embora o afundamento de Veneza ocorra a uma taxa relativamente baixa de 0,2 centímetros por ano, a combinação com a elevação acelerada do nível do mar cria um cenário alarmante. Se as emissões globais de gases de efeito estufa não forem reduzidas e o aquecimento global continuar.

Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil

De acordo com o levantamento do Observatório do Clima, o Brasil ocupa a sétima posição no ranking global de emissores de gases de efeito estufa, representando 3% das emissões totais no mundo. À frente do país estão a China (25,2%), os Estados Unidos (12%), a Índia (7%), a União Europeia (6,6%), a Rússia (4,1%) e a Indonésia (4%). Embora a matriz energética do Brasil seja predominantemente limpa, o país mantém um papel relevante nas emissões de gases, o que coloca em risco a sustentabilidade ambiental global. As mudanças climáticas têm impactos diretos e profundos no sistema de produção e distribuição de alimentos. Um exemplo emblemático é a tragédia no Rio Grande do Sul, que exemplifica os danos provocados por fenômenos climáticos extremos, como secas e chuvas intensas. Além disso, a crise climática tem acelerado o aumento da fome e da insegurança alimentar, afetando principalmente as comunidades mais vulneráveis. A combinação de eventos climáticos extremos, a elevação do custo de vida e o aumento nos impostos agravam ainda mais a situação de milhões de brasileiros, tornando o acesso à alimentação ainda mais difícil. Embora o Brasil produza alimentos suficientes para alimentar sua população, um terço de toda a produção mundial é desperdiçada, contribuindo para o aumento das emissões de gases de efeito estufa e intensificando a crise climática. Isso reflete uma falha sistêmica na distribuição de recursos e destaca a necessidade urgente de políticas públicas que integrem a segurança alimentar, a justiça social e o combate à crise climática.

Ações Globais Contra a Crise Climática

A crise climática tem gerado esforços globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como CO₂, metano e óxido nitroso. Entre as ações mais importantes estão:

  1. Energias Renováveis: Investimentos em fontes como solar e eólica para substituir combustíveis fósseis.
  2. Eficiência Energética: Adoção de tecnologias mais limpas em setores como construção, transporte e indústria.
  3. Acordos Internacionais: O Acordo de Paris e metas de neutralidade de carbono até 2050.
  4. Captura de Carbono: Tecnologias para remover CO₂ do ar e armazená-lo de forma segura.
  5. Proteção Ambiental: Preservação de florestas e práticas agrícolas sustentáveis para reduzir emissões.

Essas iniciativas visam mitigar os impactos da crise climática e criar um futuro mais sustentável.

Soluções Inovadoras contra o Derretimento das Geleiras

Para evitar o derretimento das geleiras, as cortinas subaquáticas surgem como uma solução inovadora e promissora, oferecendo uma abordagem eficaz para enfrentar esse desafio. A proposta tecnológica consiste em estabelecer uma barreira física no fundo do mar, na zona onde as geleiras entram em contato com a água oceânica, com o intuito de bloquear a passagem de águas quentes em direção à base das geleiras, o que ajudaria a retardar seu derretimento. Essa ideia foi concebida pelo glaciologista e pesquisador em geoengenharia da Universidade da Lapônia, John Moore, e a estimativa de custo para a implementação dessa tecnologia na Geleira Thwaites é de aproximadamente US$ 50 bilhões. Além dessa proposta, existem outras sugestões de ações que envolvem a regulação do mercado de carbono, com a implementação de uma taxonomia verde (uma classificação das atividades econômicas conforme seu impacto ambiental), a universalização do acesso ao saneamento básico e o incentivo ao desenvolvimento das cadeias produtivas da bioeconomia, todas voltadas para a promoção de um futuro mais sustentável.

Conclusão

A crise climática é uma ameaça urgente e global que exige ações imediatas e eficazes. Embora o cenário seja desafiador, soluções inovadoras, como as cortinas subaquáticas, e o investimento em energias renováveis, eficiência energética e políticas ambientais podem mitigar seus impactos. A colaboração internacional e o compromisso com a sustentabilidade são essenciais para garantir um futuro mais seguro e equilibrado para as gerações futuras.

Hevelin Rute