Gigantes do Mar
Ao lado das engenharias militar e civil, certamente a engenharia naval é uma das mais antigas. A obsessão humana pelo desconhecido foi sempre um fator que alavancou todo tipo de mudança em nossa história: não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas. Com tais questionamentos foi possível desbravar os sete mares, conhecer o novo mundo, transformar um cabo de Tormentas em Boa Esperança.
Os registros mais primitivos de embarcações datam de pelo menos 50.000 anos, na região hoje denominada Nova Guiné. Os povos austronésios foram os inventores de embarcações utilizadas até hoje, como o catamarã. Eles foram os primeiros humanos capazes de atravessar grandes distâncias de água, o que lhes permitiu colonizar boa parte dos oceanos Índico e Pacífico em tempos pré-históricos.
Desde então, diversos outros povos criaram engenhosas embarcações, mas uma que marcou todo o período clássico foi a Trirreme Grega, com todo o seu poderio bélico associado. Os gregos antigos, impulsionados pelas frequentes guerras, desenvolveram várias formas para aumentar a potência dos navios de guerra, como colocar mais homens em cada remo. E é daí que vem o nome trirreme: três pavimentos de remadores em cada lado. Esse tipo de embarcação possuía em torno de 36 metros de comprimento e podia chegar à velocidade de 14 km/h, com uma tripulação de 150 pessoas.
A última das grandes maravilhas do velho mundo a figurar nessa lista é a Nau Portuguesa. Foram as grandes responsáveis pelo contato de Colombo com as américas e da tão sonhada chegada às Índias. Pelo seu porte robusto, eram capazes de transportar cargas preciosas em abundância, o que as tornavam alvos da pirataria. Em 1589, foi construído o até então maior navio do mundo: Madre de Deus. Com 50 metros de comprimento, era armada de 32 canhões em seus 7 conveses, empregando uma tripulação de até 700 homens.
E os navios da atualidade?
Se engana aquele que pensa que apenas com navios lida a atual engenharia naval. Apesar de especializada, é uma das engenharias mais ecléticas existentes, incorporando profissionais de inúmeras áreas diferentes e capacitando os seus para as mais diversas atuações.
As novas DCNs dos cursos de engenharia enfatizam a importância do aprendizado baseado em projetos. Para a naval, isso é essencial. Qualquer erro milimétrico de projetos pode ser, e muito provavelmente será, traduzido em prejuízos milionários.
Como você verá no próximo tópico, os empreendimentos navais podem chegar a centenas de metros, integrando toda a estrutura, fuselagem, elétrica e demais áreas em perfeita harmonia. Qualquer desvio da perfeição pode resultar em acidentes desastrosos e na perda de vidas humanas.
O Gigante do Mar
Dono de muitos nomes e de uma história digna de Piratas do Caribe, o petroleiro Knock Nevis é o maior navio do mundo, bem como a estrutura móvel mais pesada construída por humanos, mesmo com seu desmantelamento em 2010.
Se fosse possível erguê-lo verticalmente, seria maior que qualquer prédio já construído até 2004, ao ser desbancado pelo Taipei 101. Enquanto um carro pode fazer uma curva num raio de menos de 10 m, esse navio precisava de 3,7 km para tal manobra. Em sua velocidade máxima, de 30 km/h, eram necessários 10 km para sua parada total, tamanha a sua inércia. Devido ao seu tamanho colossal, era impossível navegá-lo nos principais canais do mundo, como o do Panamá ou o de Suez.
Com tudo o que foi relatado na primeira seção deste texto, era de se esperar que fosse preciso um número elevado de pessoas para operar o navio. A verdade é que 40 pessoas são suficientes para a função. Quando em alto-mar, para se distrair do ambiente monótono, parte da tripulação andava de bicicleta pelo convés.
O maior e mais poderoso motor do mundo
Os fãs de automobilismo certamente são fãs do Koenigsegg Agera, o atual detentor do recorde de carro mais rápido do mundo. Mas por mais que os seus 960 hp sejam impressionantes, não chegam perto do Wärtsilä-Sulzer RT-flex96C. Cuidado! Se você pronunciar errado é possível invocar algum demônio. Se você ainda está lendo, é porque isso não aconteceu, exceto que você agora está quase fluente em finlandês.
Essa obra prima da engenharia está disponível nas versões de 6 até 14 cilindros, sendo os únicos motores de sete, onze, treze e catorze cilindros produzidos, até onde se sabe. Em sua versão de 14 pistões é o motor de combustão interna mais eficiente em todo o mundo, com potência de 80.000 kW, ou 108.000 hp. Para se ter uma noção de tal grandiosidade, esse valor equivale a mais de 10% da potência de uma turbina geradora da usina de Itaipu. Seus demais valores também são impressionantes: 2300 toneladas, 27 metros de comprimento e 13 metros de altura.
E que tipo de monstruosidade precisa de tanta potência para funcionar? Certamente um navio. O Emma Mærsk, capaz de carregar 11.000 contêineres, foi o primeiro agraciado com esse motor. Pode chegar à velocidade impressionante de 57 km/h, enquanto os demais navios de sua classe navegam em torno de 37 km/h.
Existem 25 unidades desse motor cruzando os nossos oceanos e mais 86 encomendadas. Incrível, não?
Matéria por Esteban Aguilar
Curtiu o conteúdo? Clica na logo para muito mais!