Especial: Iluminação com eficiência energética
Por definição, a eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de energia empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização. A promoção da eficiência energética abrange a otimização das transformações, do transporte e do uso dos recursos energéticos, desde suas fontes primárias até seu aproveitamento. Adotam-se, como pressupostos básicos, a manutenção das condições de conforto, de segurança e de produtividade dos usuários, contribuindo, adicionalmente, para a melhoria da qualidade dos serviços de energia e para a mitigação dos impactos ambientais.
Criado pelo governo federal em 1985, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) tem por objetivo promover a racionalização do consumo de energia elétrica, combatendo o desperdício e reduzindo os custos e os investimentos setoriais, aumentando ainda a eficiência energética.
Como todo país em desenvolvimento, o Brasil tem uma grande demanda reprimida de energia – mas os índices nacionais de perda e desperdício de eletricidade também são altos. O total desperdiçado, segundo o Procel, chega a 40 milhões de kW, ou a US$ 2,8 bilhões, por ano. Os consumidores – indústrias, residências e comércio – desperdiçam 22 milhões de kW; as concessionárias de energia, por sua vez, com perdas técnicas e problemas na distribuição, são responsáveis pelos 18 milhões de kW restantes.
Uma das soluções apontadas pelos especialistas para atender este déficit seria conter a demanda por meio de técnicas de conservação – que substituem tecnologia (máquinas, motores, sistemas de refrigeração e iluminação), incluindo o uso da água, por outras com maior eficiência energética e menor custo financeiro e impacto ambiental.
Assim, além de promover a substituição de insumos esgotáveis (combustíveis fósseis) e a redução da intensidade do uso de energia, qualquer política energética deve estimular a eficiência e o combate ao desperdício por meio de instrumentos de regulação – como a especificação de códigos com consumo máximo de energia em construções ou padrão de desempenho e melhorias em equipamentos para garantir a incorporação de novas tecnologias, mais eficientes, pelos fabricantes.
Nesse sentido, o Selo Procel de Economia de Energia, instituído em 1993, indica ao consumidor, no ato da compra, os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria: geladeiras, freezers, chuveiros elétricos e aparelhos de ar-condicionado. O objetivo é estimular a fabricação e a comercialização de produtos mais eficientes, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e a redução de impactos ambientais.
A adoção de normas para tornar as construções mais eficientes em seu consumo energético – com aproveitamento da luz solar e da ventilação naturais, em muitas casos dispensando a necessidade de iluminação artificial e de sistemas de ar-condicionado – já vem sendo discutida no âmbito do setor.
Outro exemplo é a troca das lâmpadas utilizadas na iluminação pública por modelos mais eficientes. As prefeituras dos municípios de Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, João Pessoa e Campo Grande adotam, desde 1999, medidas de conservação de energia para reduzir os custos com o sistema de iluminação pública. A cidade de Piracicaba, no interior paulista, conseguiu economizar R$ 800 mil, equivalente a 4% de sua receita, com a redução de gastos na iluminação pública e na rede elétrica de escolas e postos de saúde.
As iniciativas desenvolvidas pelo Procel em seus 23 anos de existência proporcionou uma economia total de energia estimada em 24.600 GWh, o que corresponde à energia elétrica necessária para atender aproximadamente 14,4 milhões de residências, durante o período de um ano. O investimento realizado nas duas décadas foi de aproximadamente R$ 971 milhões, proporcionando investimentos postergados no sistema elétrico brasileiro da ordem de R$ 17,2 bilhões.
Reluz
O Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes – Reluz – tem o objetivo de promover o desenvolvimento de sistemas eficientes de iluminação pública e sinalização semafórica, bem como a valorização noturna dos espaços públicos urbanos, contribuindo para melhorar as condições de segurança pública e qualidade de vida nas cidades brasileiras.
O Reluz apresentou seus resultados em novembro de 2008: na região Norte atendeu 9 municípios, promovendo uma redução de demanda, no horário de ponta do sistema elétrico, de 1.703 kW e uma economia no consumo de energia elétrica de 7.460 MWh/ano. Na região Nordeste foram beneficiados pelo Programa 203 municípios sendo prevista uma redução de demanda, no horário de ponta do sistema elétrico, de 14.267 kW e uma economia no consumo de energia elétrica de 83.219 MWh/ano. Na região Centro-Oeste, foram atendidos 40 municípios, estando prevista uma redução de demanda, no horário de ponta do sistema elétrico, de 26.091 kW e uma economia no consumo de energia elétrica de 116.445 MWh/ano. Na região Sudeste integram o Programa 932 municípios, com previsão de redução de demanda, no horário de ponta do sistema elétrico, de 73.393 kW e uma economia no consumo de energia elétrica de 321.207 MWh/ano. Na região Sul foram atendidos 54 municípios com previsão de uma redução de demanda, no horário de ponta do sistema elétrico, de 22.819 kW e uma economia no consumo de energia elétrica de 89.555 MWh/ano.
Iluminação em rede gera economia e eficiência
Se a lâmpada de um poste de iluminação na rua onde você mora se apaga, o mais provável é que fique apagada por um bom tempo, a não ser que um morador se mobilize para comunicar os responsáveis pelo serviço, que, por sua vez, podem custar a resolver o problema. Que bom seria se cada lâmpada pudesse estar sob controle permanente… Mas isso já existe: é a chamada tecnologia da iluminação em rede (LightGrid, na nomenclatura dada pela GE), que permite monitorar individualmente cada poste e recolher dados de consumo de energia e luminosidade das lâmpadas.
Essas informações são enviadas a uma central de controle por meio de ondas, sem a necessidade de uso de fios. Com essa tecnologia, as cidades podem implantar estratégias mais inteligentes de economia de energia – se uma rua fica vazia durante a madrugada, por exemplo, é possível reduzir a luminosidade dos postes ou mesmo desligá-los, evitando o desperdício. O sistema de medição de consumo também tem grande precisão e pode ser instalado em cada poste ou fonte de luz, cobrando exatamente a quantidade de energia usada. Um sistema de GPS acoplado fornece ao controlador a exata localização da fonte de luz com problema, agilizando o trabalho de reparo. A LightGrid usa lâmpadas LED, que proporcionam eficiência e durabilidade.
San Diego, no sul da Califórnia, saiu na frente e será a primeira cidade americana a adotar essa tecnologia: o projeto prevê a troca de 3 mil lâmpadas por pontos de iluminação LED e, graças ao monitoramento inteligente do consumo, deve proporcionar uma economia de US$ 250 mil por ano. Todd Gloria, prefeito interino de San Diego, comenta que os controles de luz serão um divisor de águas para a cidade. “Essa inovação vai nos fornecer dados em tempo real sobre as lâmpadas com defeito. As comunidades ficarão mais seguras com a melhoria da iluminação”, destaca.
Fontes: General Eletric, Revista Época, Ministério do Meio Ambiente