Especial: Apagões pelo Brasil

mi_21928664178395253O Brasil vive a maior crise de fornecimento de energia desde o racionamento de 2001. O abastecimento de água também está comprometido.

O baixo volume de chuvas nos últimos anos, o aumento do consumo de energia e o mau planejamento na construção de hidrelétricas e diversificação da matriz são alguns fatores. A imagem do apagão de 2001 é realidade cada vez mais próxima. Segundo consultoria PSR, uma das principais do setor elétrico, as chances de o País ficar no escuro são de 50%, Em dezembro, eram de 21%.

No dia 19 de janeiro, 11 estados brasileiros – entre eles São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – receberam determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para cortar energia. Em pronunciamento sobre o ocorrido, foi afirmado que as restrições na transferência de energia das regiões Norte e Nordeste para o Sudeste foram devido elevação de consumo no horário de pico na área, levando à redução de distribuição. De acordo com o órgão,a falta de energia neste ano estará descartada se os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% da capacidade de geração do país, chegarem ao final de abril com nível de armazenamento em 33%. Atualmente, estão, em média, com 17,63%.

O governo, no entanto, não admite a possibilidade de racionamento ou de falta de energia. Na terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que “não há previsão de racionamento” de energia no país. “Pode assegurar ao povo e aos trabalhadores brasileiros que nos temos energia para atendê-los”, disse o ministro.

Para o presidente do Instituto Acende, Claudio Sales, o racionamento, se vier a ser adotado, será apenas ao final do período de chuvas, entre março e abril. Até lá, existe a chance de as chuvas voltarem e os reservatórios se encherem o suficiente para garantir o abastecimento de energia ao longo de 2015.

“A situação é extremamente grave. Tanto do ponto de vista financeiro – o setor como um todo está em déficit, da ordem de dezenas de bilhões de reais –, quanto de abastecimento”, diz Sales.

Nivalde de Castro, coordenador do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) da UFRJ e Erik Rego, diretor da consultoria Excelência Energética, criticam o governo por não promover desde o ano passado uma campanha de redução do consumo de energia.

“Nesse primeiro momento não vamos ter racionamento, o risco é de blecaute nos horários de pico, porque não estamos conseguindo atender a ponta. Portanto, seria muito importante e oportuna uma campanha direcionada à população. Mesmo porque a eleição já passou”, afirma Nivalde.

Matrizhidrelétricas

A matriz elétrica, dependente da produção das hidrelétricas (62,8%), tem como principal benefício produzir uma energia limpa. No entanto, as últimas usinas construídas no País não conseguem suprir as necessidades em períodos de seca. Belo Monte e Rio Madeira, que estão em construção, não dispõem de reservatório de água.

“Quando falta água, falta 70% de energia”, criticou o presidente da Câmara Setorial de Energia Eólica e diretor do Sindicato da Indústria de Energia, Adão Linhares.

Ele disse ser necessário investir na geração de energia solar e eólica aproveitando a capacidade de geração que temos. As usinas nucleares seriam alternativa, mas as obras de Angra 3 estão atrasadas. Assim como, pelo menos, 35% das obras de geração do País.

Fontes: G1, O Povo Onlline, Estadão, IGLogo Pet 2