Especial: A nova corrida espacial
Desde os seus primórdios, com o lançamento do primeiro satélite Sputnik, em 1957, e o voo de Yuri Gagarin, em 1961, a exploração do espaço foi dominada pela rivalidade entre a União Soviética e os Estados Unidos. Nesta disputa tumultuada, empresas ficaram em segundo plano: eram os governos que custeavam os esforços. Mas uma revolução está em curso.
Introdução
Avanços tecnológicos estão transformando a forma tradicional da humanidade operar no espaço, e uma série de empresas estão prometendo viagens mais baratas, usando inovações como foguetes reutilizáveis e plataformas de lançamento horizontais.
Até recentemente, a exploração comercial do espaço ainda estava praticamente limitada às grandes empresas de telecomunicações, que tem interesse nos satélites que orbitam a Terra – hoje, há cerca de 1,5 mil orbitando sobre nós. Por meio deles, um grande volume de dados e imagens está vindo do espaço, e novos participantes desse mercado agora processam, interpretam – e vendem – essas informações. No entanto, estão surgindo cada vez mais iniciativas públicas e privadas que não só anunciam um retorno à Lua, mas ambiciosos planos de colonização do espaço.
Quem quer voar mais alto?
Elon Musk e sua Space X usam foguetes Falcon 9 para levar suprimentos para a Estação Espacial Internacional, enquanto Jeff Bezos desenvolve com a Blue Origin os foguetes New Shepard e New Glenn. Em 2016, essa indústria movimentou US$ 329 bilhões (R$ 1,02 trilhões) no mundo – e as empresas já respondem por 75% do total. Ambas as companhias já fizeram demonstrações de técnicas revolucionárias que permitem o pouso vertical de espaçonaves, algo fundamental rumo aos foguetes reutilizáveis.
A China já revelou que pretende pousar no lado oculto da Lua (que não pode ser visto da Terra) em 2018, enquanto a Rússia prepara o pouso de sua primeira nave tripulada para 2031.
Os Estados Unidos não se manifestaram como governo, mas em julho deste ano deram permissão para a empresa privada Moon Express ir à Lua. E a NASA convocou recentemente companhias do setor privado a enviarem sugestões de experimentos que podem ser feitos por lá.
O que buscam?
Conhecer novos planetas, pequisas, poder, riquezas, são o que as viagens espaciais buscam, mas além disso, o desenvolvimento tecnológico. “Para lançarmos ao espaço equipamentos tão complexos como um foguete ou uma nave tripulada, precisamos desenvolver sofisticadas tecnologias que, no futuro, serão adaptadas e utilizadas na vida cotidiana. Este é um dos aspectos mais importantes da exploração espacial…” explica Rundsthen Vasques de Nader, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e astrônomo do Observatório do Valongo, na UFRJ.
Além da pesquisa espacial que se fortalece cada vez mais, com lançamentos e testes que vem sendo feito na Terra, uma área que agradece, e que faz as grandes empresas espaciais e agências governamentais conseguirem mais subsídios, é a das empresas de telecomunicações. O interesse gira em torno de satélites mais leves e baixos, diminuindo custos e aumentando a precisão dos dados.
Projetos recentes
Rocket Lab
A Rocket Lab ainda está só começando a operar, mas é a única fabricante de foguetes que tem seu próprio complexo para lançamentos, na península Mahia, na Ilha Norte do arquipélago neozelandês. O custo atual do lançamento de um foguete é de cerca de US$ 200 milhões, um fator decisivo para que, nos Estados Unidos, tenham ocorrido, por exemplo, apenas 22 lançamentos no ano passado. Peter Beck, fundador da Rocket Lab, diz que, quando seu novo foguete Electron estiver operacional, ir ao espaço custará US$ 5 milhões e será algo que ocorrerá “com frequência semanal”.
No centro da proposta da Rocket Lab está o foguete criado especialmente para colocar satélites pequenos em órbita. Ele é feito basicamente com fibra de carbono, e seus motores são produzidos com impressão 3D. Enquanto um motor comum demanda normalmente meses para ser produzido, “nós podemos fazer um em 24 horas”, diz Beck.
Uma empresa disposta a usar o Electron é a Planet Labs, empresa de São Francisco que fabrica minisatélites que pesam apenas 4kg. “Há um grande mercado para satélites pequenos que podem ser usados em diversas missões”, diz o presidente da companhia, Will Marshall.
SpaceX
A SpaceX, com sede em Hawthorne, Califórnia, é uma empresa estadunidense de sistemas aeroespaciais e de serviços de transporte espacial, fundada em 2002 pelo empresário Elon Musk. A empresa tem o objetivo de reduzir os custos de transporte espacial e permitir a colonização de Marte. Desde então ela vem desenvolvendo a família de veículos de lançamento Falcon e a família de nave espacial Dragon, que atualmente entregam cargas úteis na órbita terrestre.
A Dragon foi a primeira cápsula construída por uma empresa privada capaz de transportar carga para a Estação Espacial Internacional (ISS). Desde 2012, ela leva experimentos e mantimentos aos astronautas que estão na estação que orbita a Terra. Mas não para por ai, no dia 06 de Fevereiro de 2018 o mais poderoso foguete do mundo foi lançado ao espaço o que pode dar início a um novo capítulo da empreitada rumo à primeira missão tripulada a Marte.
O Falcon Heavy foi fabricado para ter duas vezes mais capacidade de propulsão do que qualquer outro foguete. Mas, diante da alta taxa histórica de falhas em voos inaugurais, o teste não foi tripulado: ele leva apenas uma carga experimental – um automóvel da Tesla, outra empresa de Musk, com um manequim vestido com um traje especial.
Blue Origin
A Blue Origin é a empresa do bilionário Jeff Bezos que tem algumas ideias visionárias e interessantes para a população. A empresa vem realizando, sem muito estardalhaço, testes e melhorias em sua cápsula, a New Shapard, que levará astronautas – e turistas – ao espaço. Em outubro de 2016, a empresa testou com sucesso um sistema de emergência capaz de salvar tripulantes se o foguete tiver problemas, o que revela que os testes estão em estágio bastante avançado.
A empresa já possui grandes projetos como o “New Glenn”, segundo Bezos, também fundador da gigante do comércio eletrônico Amazon, o equipamento, cujo projeto foi anunciado em setembro de 2016, terá capacidade de levar cerca de 50 toneladas para a baixa órbita da Terra ou 14 toneladas para uma órbita geossíncrona (que acompanha a rotação do planeta), bem mais elevada.
Nasa
A grandiosa Agência Espacial dos Estados Unidos da América, tem ousados projetos e quer revolucionar a ideia de espaço que o ser humano tem, nas próximas décadas. O maior dos projetos é a NASA Innovative Advanced Concepts (NIAC), a função do NIAC é justamente explorar conceitos de tecnologia que ainda estão longe de serem inventados. Ainda assim, apesar de parecerem megalomaníacos, os projetos escolhidos precisam ter embasamento tecnológico. Ou seja, precisam ser viáveis, mesmo que não por agora.
Dentre os projetos, um dos que mais se destaca são as câmaras de sono profundo, oficialmente chamadas de Vision System Torpor Habitat Design. São cápsulas nas quais os astronautas recebem um suporte médico enquanto estão dormindo. A ideia da NASA é explorar como o sono profundo pode ajudar os astronautas a se manterem renovados. Além disso, eles também pretendem estudar que tipos de remédios podem ajudá-los em suas missões e como as naves podem se tornar ambientes mais confortáveis.
Mas o projeto mais ambicioso é o plano das Growth-Adapted Tensegrity Structures, elas vão servir de base para viagens de longa distância. Astronautas em missões de longa distância, enfrentam problemas com a microgravidade e a radiação. A ideia é que as estruturas ofereçam gravidade articial e possam barrar os efeitos radioativos. Segundo a agência, a primeira estrutura seria construída já fora da órbita da Terra por robôs.
Trouxemos aqui algumas dos acontecimentos que o Mundo está assistindo, mas também queremos lembrar que esse assunto nunca irá descansar um instante, pois sempre haverá um algo a mais a saber. Como podemos ver, são as perguntas que movem o Mundo.
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Fontes: BBC, Veja e Revista Galileu