Engenharia na Perícia Criminal e Perícia Elétrica

Engenharia na Perícia Criminal e Perícia Elétrica

Todos já assistiram a algum filme ou série com a atuação de um perito, que coleta, preserva e analisa evidências em uma cena do crime. Mas já se perguntou qual curso de graduação alguém deveria fazer para se tornar um perito criminal?

Primeiramente, é importante saber que não existe apenas um tipo de perito criminal, já que cada caso exige diferentes habilidades e conhecimentos específicos, incluindo, também, os engenheiros. No Brasil, as provas para o cargo de perito criminal da Polícia Federal são específicas e divididas em 19 áreas, 110 delas abrangendo as mais diversas engenharias. Engenheiros eletricistas são incluídos em duas áreas:

Área 2: Engenharia  Elétrica,  Engenharia Eletrônica,  Engenharia  de Telecomunicações ou Engenharia  de  Redes  de  Comunicação.

Área 18: Engenharia Elétrica.

Outros cursos de engenharia abrangidos nas outras áreas são: Engenharia da Computação, Engenharia de Redes de Comunicação, Engenharia Agronômica, Engenharia Química, Engenharia Civil, Engenharia Florestal, Engenharia Cartográfica, Engenharia Mecânica, Engenharia Mecatrônica, Engenharia de Minas e cursos equivalentes.

Porém, não necessariamente uma pessoa precisa fazer uma prova para a

Polícia para se tornar um perito e nem todo perito é um perito criminal. Esses profissionais também são demandados para, por exemplo, ações cautelares (quando há um risco explícito) e ações preventivas (para evitar que acidentes ocorram em um local sem risco iminente).

Perícia Elétrica

Os peritos podem trabalhar em duas áreas: judicial e extrajudicial.

Um perito judicial é nomeado por um juiz para trazer uma melhor compreensão sobre os fatos apresentados ou por uma das partes (autor e réu) para realizar uma análise complementar. Muitas vezes, o perito nomeado pelo juiz não possui conhecimento técnico na área. Nesse caso, o perito contratado por uma das partes pode pedir a impugnação do laudo elaborado por este.

Por exemplo, uma concessionária entra com uma ação contra o cliente por fraude com energia elétrica, e o cliente procura um perito buscando se defender. Um perito nomeado pelo juiz que não tenha experiência tende a ser mais favorável à concessionária, que é o órgão mais forte e com mais conhecimento técnico. Então, o perito contratado deve verificar se o parecer foi feito de forma correta, e caso não tenha sido, solicita a impugnação.

Um perito extrajudicial é aquele cujo trabalho não passa pela decisão de um juiz. Por exemplo, os moradores de um novo prédio começam a ter vários problemas: equipamentos queimando, circuitos não funcionando, cheiro de queimado, conta de energia extremamente elevada.

Nesse caso, o perito deve orientar o síndico se aquela obra entregue pela construtora foi feita de maneira adequada, conferindo a qualidade dos materiais utilizados e da execução da obra e se a documentação foi entregue de maneira adequada. Assim, cabe a ele verificar se houve alguma negligência e quem foi o responsável. O condomínio passa o laudo para a construtora que deve realizar as adequações. Caso não o faça, então o condomínio pode entrar com uma ação judicial.

Um síndico possui responsabilidade civil e criminal e pode responder por acidentes ocorridos no condomínio devido a alguma negligência nas instalações elétricas. Para evitar esse problema, o síndico contrata um perito para fazer um diagnóstico e montar um plano de ação das adequações que precisam ser feitas. Laudos para condomínios residenciais, em alguns estados, são até mesmo exigidos de maneira obrigatória.

Um caso real: O incêndio no Ninho do Urubu

No dia 8 de fevereiro de 2019, um incêndio aconteceu no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do Flamengo, resultando em uma tragédia. Os peritos analisaram o local do acidente e constataram que as chamas começaram devido a um curto circuito em um ar condicionado.

Apesar de esta ter sido a origem do fogo, foram encontradas diversas outras irregularidades: o prédio ao lado dos contêineres, usado como vestiário, tinha instalações elétricas em desacordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Além disso, fotos de fiação exposta, fios desencapados, condutores emendados, tomadas sem plugue e fios queimados foram tiradas pelos peritos. Eles afirmam que, durante o incêndio, as instalações elétricas continuaram energizadas, indicando que não havia um sistema que desarmasse a rede.

Todos esses pontos mostram a falta de cuidado no local, que possuía diversos riscos que poderiam originar acidentes. Assim, a tragédia poderia ter sido evitada e vidas poupadas caso fossem tomadas medidas cautelares e preventivas. Por isso, as pessoas devem se conscientizar sobre a importância de garantir a segurança nos locais que moram e frequentam, pois quando menos se espera pode ocorrer um acidente, e então já será tarde demais. Afinal, é melhor prevenir do que remediar.

Escrito por: Juliana Hansen

1008jia2001