Entrevista com Ivo Chaves da Silva Júnior: professor e coordenador do curso de Engenharia Elétrica

Entrevista com Ivo Chaves da Silva Júnior: professor e coordenador do curso de Engenharia Elétrica

O professor e coordenador do curso de Engenharia Elétrica- Robótica da UFJF Ivo Chaves da Silva Junior é um dos ótimos profissionais do corpo docente da Faculdade Federal de Juiz de Fora e nos contou um pouco de sua vida acadêmica e profissional e dos desafios e enfrentados pela profissão.

Primeiramente conte um pouco da sua trajetória acadêmica e profissional e quais projetos e cargos que você tem ou teve.

Minha trajetória até a carreira acadêmica foi marcada por um profundo interesse por ciência e tecnologia. Desde de cedo , fiquei fascinado pela eletricidade e seu potencial para transformar o mundo. Isso me levou a cursar Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde concluí minha graduação em 2001.

Durante a graduação, tive a oportunidade de participar de projetos de iniciação científica, o que despertou meu interesse pela pesquisa. Em 2003, obtive o mestrado em Engenharia Elétrica pela mesma instituição, com um foco em algoritmos heurísticos para planejamento de sistemas de transmissão. O sucesso do meu trabalho de mestrado e o apoio de meus orientadores reforçaram minha decisão de seguir a carreira acadêmica.

Para aprofundar meus conhecimentos e habilidades, busquei o doutorado em Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concluído em 2008. Meu doutorado foi voltado para o planejamento da operação de sistemas termoelétricos, combinando análise de sensibilidade com procedimentos heurísticos. Durante esse período, trabalhei com excelentes professores e pesquisadores, o que solidificou meu desejo de continuar contribuindo para a área de pesquisa e desenvolvimento.

Em 2009, ingressei como professor na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde desde então tenho atuado como docente e pesquisador. A escolha pela carreira acadêmica foi motivada pelo desejo de estar sempre na vanguarda do conhecimento, de formar novos engenheiros e pesquisadores, e de contribuir para a inovação tecnológica no Brasil. A academia me proporciona um ambiente onde posso continuamente aprender, ensinar e explorar novas fronteiras do conhecimento.

Além disso, minha participação em sociedades científicas como a Sociedade Brasileira de Automática (SBA) e a Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional (SOBRAPO) tem sido fundamental para me manter atualizado com as últimas tendências e contribuir com a comunidade científica. A carreira acadêmica, portanto, não foi apenas uma escolha profissional, mas uma paixão que se desenvolveu ao longo dos anos, guiada pela curiosidade, inovação e pelo desejo de impactar positivamente a sociedade.

Quais os desafios enfrentados no pós pandemia como professor do ensino superior?

A pandemia trouxe desafios consideráveis para os professores do ensino superior, exigindo adaptações rápidas e contínuas. Para a superação desses desafios foi necessária resiliência, inovação e um compromisso renovado com a missão de educar e apoiar os alunos neste cenário  em constante mudança. Trabalhar colaborativamente com colegas, buscar desenvolvimento profissional contínuo e manter o bem-estar pessoal são passos cruciais para navegar neste novo ambiente educacional.

Quais os desafios de um coordenador e por que escolheu este cargo?

Ser coordenador de um curso de ensino superior é uma posição desafiadora que exige uma combinação de habilidades (administrativas, interpessoais e estratégicas). A escolha para assumir esse cargo, neste momento, surgiu como um desafio,  já que não sou da área de robótica e automação. Entretanto, como já fui coordenador do curso de engenharia elétrica entre 2013-2017, eu acredito que possa contribuir com o curso de robótica e automação na formação dos estudantes, no desenvolvimento pessoal e profissional, dando suporte acadêmico e orientação aos estudantes, ajudando-os a superar dificuldades e a alcançar seu potencial.

Quais projetos de pesquisa você está presente hoje ?

Atualmente, eu estou participando como pesquisador em alguns projetos. Dentre eles, destaco:

  • Operação e Formação de Preço do Sistema Interligado Nacional (SIN): Onde, estamos desenvolvendo novas práticas para a operação e o planejamento do SIN, levando em conta as incertezas hidrológicas e outras variáveis, como mudanças climáticas e variações na produção de fontes eólicas e solares. O objetivo é garantir um balanço mais eficiente e seguro do sistema elétrico brasileiro.

  • Sistema Inteligente de Monitoramento Subaquático de Grades, Log Boom e Reservatório Hidrelétrico: Este projeto visa reduzir o tempo de monitoramento, identificação e limpeza de estruturas subaquáticas em hidrelétricas, diminuindo os custos operacionais e de manutenção. Estamos desenvolvendo uma embarcação portátil e semi-autônoma equipada com sensores avançados para realizar medições precisas e garantir a segurança das operações.

  • Análise Estocástica de Perdas Técnicas em Sistemas de Energia: Estamos criando um sistema baseado em cloud computing para avaliar como a geração distribuída impacta o cálculo das metas de perdas técnicas nas empresas distribuidoras de energia. 
Esses projetos visam não só avanços técnicos e científicos, mas também melhorias práticas na operação e eficiência do setor elétrico brasileiro.

Qual resultado de outras pesquisas que já participou?

Tive a honra de ter participado de outras pesquisas que geraram resultados significativos para o setor de energia elétrica e a academia. Entre os resultados mais destacados, posso mencionar:

  • Gerenciamento de Recursos Energéticos Distribuídos para Prestação de Novos Serviços à Rede Elétrica (2019-2021): Este projeto resultou no desenvolvimento de uma plataforma web inovadora para a simulação e gestão ativa de redes elétricas. A plataforma permite identificar e modelar diferentes recursos energéticos distribuídos, como veículos elétricos e geradores distribuídos, melhorando a eficiência do sistema e maximizando a participação no mercado de serviços ancilares. 

  •  Estudos de Metodologias para a Conexão de Usinas Eólicas Offshore de Grande e Pequeno Porte (2018-2020): Nesta pesquisa, desenvolvemos modelos avançados para a conexão e operação de usinas eólicas offshore, considerando aspectos elétricos e energéticos. Os resultados proporcionaram uma base sólida para a integração eficiente dessas fontes na matriz energética nacional, contribuindo para a diversificação e sustentabilidade da geração de energia no Brasil. 

  •  Modelo de Otimização para o Modelo SMAP Utilizando Técnicas Bio-Inspiradas (2017-2019): Este projeto focou na otimização dos parâmetros de entrada do Modelo SMAP utilizado pelo Operador Nacional do Sistema para previsão de vazões de curto prazo. Utilizando técnicas de otimização bio-inspiradas, desenvolvemos um modelo computacional que melhora significativamente a precisão das previsões de vazão, essencial para o planejamento hidrológico e energético do país.

Esses projetos demonstram o compromisso contínuo com a inovação e a busca por soluções que não apenas avancem o conhecimento científico, mas também tenham aplicabilidade prática e impacto positivo no setor de energia elétrica.

Qual a importância da pesquisa para estudantes e o impacto no mercado de trabalho?

A pesquisa é uma parte essencial da educação superior que beneficia tanto os estudantes quanto o mercado de trabalho. Para os estudantes, proporciona um conjunto de habilidades valiosas e uma profunda compreensão de suas áreas de estudo. Para o mercado de trabalho, oferece inovação, avanço tecnológico e profissionais altamente capacitados. A promoção da pesquisa nas universidades, portanto, é crucial para o desenvolvimento acadêmico e econômico sustentável.

Felippe Simoes