Será que energia eólica é realmente limpa?

Será que energia eólica é realmente limpa?

Notícia do g1 demonstra alguns dos problemas relacionados à energia eólica no Brasil e traz luz às incertezas em mudar a matriz energética brasileira vigente

O QUE É ENERGIA LIMPA?

Primeiro, é importante definir o que é “energia limpa”, e quais atributos aproximam, ou distanciam, uma forma de produção energética dessa definição.

Muitas vezes esse termo é utilizado de forma branda para indicar um meio de produção energética que “polui menos”, sem demais explicações de seu real significado.

Assim, será definido, pelo escopo deste texto, que energia limpa se trata da caracterização de uma forma de produção energética que tem uma mínima produção de gases que contribuem para o efeito estufa, seja durante o funcionamento desse meio, seja durante sua estruturação.

Com essa definição estabelecida, podemos focar na forma de produção energética que mais vem crescendo no Brasil durante os últimos anos, tendo até atingido o posto de 2° maior na nossa matriz energética atual.

A CONSTRUÇÃO DE USINAS EÓLICAS

A construção de uma usina eólica pode ser dividida em 2 partes: a torre e as hélices.

A torre é feita principalmente de aço e concreto, respectivamente, para a estrutura e fundação.

O aço é modelado por siderúrgicas que queimam uma grande quantidade de carvão durante seu funcionamento, além de contribuírem com a poluição ambiental na mineração do ferro.

O concreto é outro composto responsável por uma grande emissão de CO2 durante sua manufatura, um dos gases que mais contribui para o efeito estufa.

Já as hélices são feitas principalmente de fibra de carbono, composto de menor impacto durante sua manipulação mas cujo destino após seu uso nas usinas são os lixões e aterros sanitários, pois não tem uma estrutura viável para reciclagem.

Entretanto, apesar dessa grande poluição durante a produção e montagem das usinas, grande parte desses materiais ainda pode ser reciclado uma vez que as usinas atingem o final de sua vida útil.

O aço pode ser simplesmente derretido e, em grande quantidade, reaproveitado pelas siderúrgicas, enquanto o concreto pode ser reutilizado na construção de rodovias.

Há estudos sobre a modelagem de hélices com materiais recicláveis, mas os métodos para essa produção ainda não foram aperfeiçoados o bastante para seu uso na indústria no geral.

Hélices de usinas eólicas descartadas pela impossibilidade de reciclagem

O FUNCIONAMENTO DE USINAS EÓLICAS

Nisso deve-se dar grande crédito às usinas eólicas, pois o funcionamento de seus motores não emite nenhuma forma de gás ou composto químico prejudicial ao meio ambiente.

Todavia, como a notícia recente do G1 ilustra, um número grande de ONGs protetoras dos animais teme pelas vida de várias espécies de aves e morcegos que vivem próximos aos parques eólicos.

O caso ocorreu em Canudos, na Bahia, onde essas organizações alegam que a construção do parque pode causar até a extinção de uma ave nativa da região, a arara-azul-de-lear, apesar dos estudos anteriores aprovados pelo estado alegarem o contrário.

OUTRAS CONTROVÉRSIAS

Além dos problemas relacionados à sustentabilidade ecológica das usinas eólicas devemos comentar sobre as reclamações dos vizinhos dessas fazendas.

Um problema comentado repetidamente é o barulho produzido pelas hélices, que não apenas incomoda os moradores como prejudica a criação de gado daqueles empenhados nesse trabalho, pois o barulho estressa muito os bovinos.

Entretanto, esse problema, assim como muitas das falhas alegadas pelos vizinhos das usinas, são completamente solucionados pelas usinas eólicas “offshore”, ou usinas eólicas em alto-mar.

Essas usinas captam os ventos marítimos, que tem uma velocidade maior que aqueles no continente e tem uma oscilação menor na produção de energia, por não possuir barreiras naturais para o movimento dos ventos.

CONCLUSÃO

Dessa forma, deve-se fazer as contas, de forma absoluta, para analisar se o gás carbônico emitido durante a construção de uma usina de energia eólica é baixo o bastante para caracterizá-la como limpa, assim como definimos no começo desse texto.

Felizmente, esses cálculos já foram realizados pela Agência Nacional Alemã do Meio Ambiente (Umweltbundesamt), em 2020, quando foi definido que, em média, os parques de eólicos produzem por volta de 8 gramas de CO2 por Kilowatt-hora, número assustadoramente baixo comparado ao de termelétricas, com 1034 gramas por Kilowatt-hora.

Finalmente, podemos afirmar de forma definitiva que as usinas eólicas são, sim ,uma forma de energia limpa!

Assim, são poucos os problemas relacionados a essa forma de produção energética ainda restantes para que domine o mercado em locais suscetíveis à sua instalação.

Fator apenas contribuído pela constante pesquisa e empreendedorismo nessa indústria, que descobre diariamente novas técnicas e tecnologias para uma diminuição dos gastos e para um aumento na eficiência energética das turbinas.

Referências:

Texto por: Caio Sergio Pereira da Fonseca

Caio Sérgio