Em crise, Venezuela muda fuso horário para poupar energia

1454961706_513910_1454961873_noticia_normalCARACAS, 2 MAI (ANSA) – O governo da Venezuela mudou o fuso horário do país, adiantando o relógio em meia hora, como forma de combater a atual crise energética que assola a nação. Segundo as autoridades locais, a medida, que foi estabelecida no último domingo, dia 1, permitirá que os venezuelanos aproveitem melhor a luz do dia e reduzam o uso de energia elétrica. Com a decisão, o país volta ao antigo fuso horário, mudado em 2007 a pedido do então presidente Hugo Chávez, também alegando a intenção de ajudar a poupar eletricidade.

A mudança de horário é só mais uma de uma longa lista de medidas polêmicas estabelecidas pelo governo de Nicolás Maduro nos últimos meses. Recentemente, Caracas declarou feriado nas sextas-feiras e estabeleceu que os funcionários públicos trabalhem apenas dois dias por semana. A população local ainda sofre com cortes diários de quatro horas de energia.

As autoridades de Caracas culpam o fenômeno climático El Niño pela forte seca que afeta o país. Segundo analistas, a crise resulta da falta de infraestrutura, no entanto. Quase 70% da energia elétrica do país provêm de hidrelétricas, que estão operando com um nível mínimo de água diante da severa seca. Além disso, como os venezuelanos pagam muito pouco pela energia, que tem seu preço subsidiado, não existe um grande incentivo para economizar entre a população. (ANSA)

O presidente afirmou que, com a virtual paralisação do setor público, conseguiu atenuar o ritmo de redução da represa de Guri de 20 para 10 centímetros por dia. O Governo chama os apagões diários de “plano de economia energética”, uma interrupção atinge principalmente as províncias, estendendo-se por várias horas durante o dia e a noite.

Uma somatória de fatores levou a Venezuela a esta calamitosa situação: a seca prolongada, causada pelo fenômeno meteorológico El Niño, a falta de investimentos no setor elétrico, sob controle estatal desde 2007, e o fracasso na instalação de usinas termoelétricas que poderiam minimizar a dependência da geração hidrelétrica, que provém do sul do país. A emergência do setor decretada em 2010 pelo então presidente Hugo Chávez terminou em um fracasso retumbante. Parte dos equipamentos comprados não funciona, ou então a verba destinada a eles foi desviada para os bolsos de pessoas escolhidas pelo Estado para importá-los.

Para a oposição, os apagões são mais um exemplo do fracasso da política energética de Maduro. O deputado opositor José Guerra afirmou que este plano ampliará a recessão. Neste ano, a previsão é de queda de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. “O governo, em vez de estimular que as pessoas trabalhem, faz todo o contrário. O que fez foi bloquear a problemática que se vive no país.”, disse.

 

Fonte: Uol Notícias, El País, Econômico Valorlogo_pet2