Deslocamento de ar provocado por caminhões vira energia
Quem nunca parou no acostamento da estrada e sentiu o carro sendo atingido pelo vento dos caminhões passando ao lado? Por que não tirar vantagem do deslocamento de ar causado pelos caminhões, consumidores vorazes de combustíveis fósseis, para produzir energia limpa?
Um grupo de amigos –um engenheiro toscano, um gerente milanês e um empresário de Verona– tiveram a ideia um dia no jantar: reciclar aquela força, hoje desperdiçada, por meio de um sistema de turbinas de vento com eixo vertical colocado no acostamento.
Três anos depois, a Enel, maior geradora de energia da Itália, decidiu investir naquela ideia ambiciosa de Stefano Sciurpa, Gianluca Gennai e Giovanni Favalli na sua incubadora, a Atea.
O investimento inicial é de 250 mil euros e mais 400 mil serão financiados se o experimento tiver bons resultados. Por enquanto, os resultados são encorajadores: o protótipo já produziu 3 megawatts-hora por um ano, mais ou menos o consumo de eletricidade de uma família de quatro pessoas morando em um apartamento de 80 m2.
A energia pode ser vendida para distribuição ou usada para abastecer as cabines de pedágio da estrada, a iluminação, detectores de velocidade e postos de combustível, tornando a rodovia autossuficiente.
O sistema produz energia independentemente das condições climáticas, durante o dia e à noite.
Segundo a associação nacional de energia eólica da Itália, em 2013, essa modalidade deve atingir 5% das necessidades anuais de energia do país, o que pode reduzir a importação de combustíveis, trazendo benefícios não só econômicos como ambientais.
“No entanto, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento ainda são limitados”, afirma o engenheiro Alberto Arena, da agência nacional de novas tecnologias, energia e desenvolvimento econômico sustentável da Itália.
FONTE: Folha de São Paulo