Autoprodução pode mitigar alto custo da energia no mercado livre

Pesquisa elaborada pela Bain & Company aponta que 73% de consumidores livres já possuem projetos de geração própria , em estudo ou em implantação

O cenário de tarifas em alta e perspectiva de pressão sobre os custos de produção além de um clima de maior pessimismo na economia nacional tem levado grandes consumidores livres a considerar investimentos em autoprodução como uma saída para mitigar os impactos sobre os negócios. Segundo um estudo encomendado pelo Grupo CanalEnergia e realizado pela consultoria Bain & Company, 73% das empresas entrevistadas possuem ou pretendem investir em produção própria de energia.

Em estudo aparecem 40% das empresas pesquisadas, outras 30% possuem projetos em implementação e a menor parte, 23% já possuem autoprodução. Esses números indicam que empresas que já possuem projetos de geração própria veem nesse investimento a saída para o atual cenário, pois avaliam ou estão aumentando sua capacidade instalada.

Segundo o coordenador desse estudo, António Farinha, entre os desafios das empresas que participaram dessa pesquisa, para 2015, a redução da demanda aparece em primeiro lugar com 65%, logo em seguida a competitividade com 59% das respostas e em terceiro o aumento dos custos com 41%.”Fica óbvio que as empresas precisam buscar seu custo de produção para manter a competitividade que torna mais acirrada em um cenário de demanda mais baixa”, avaliou o executivo.

Segundo Farinha, o curioso desse momento é a reação das empresas no sentido de buscarem uma solução própria para enfrentar o momento. E nesse sentido, reduzir a pressão sobre os custos de produção faz todo o sentido para que seja mantida a competitividade. Até porque para os grandes consumidores, a energia é um item significativo dos custos.

“Isso mostra que as empresas estão em busca de uma solução de longo prazo. Existe pessimismo, mas o consumidor livre está buscando reagir com todas as ferramentas que ele tem para mitigar esses efeitos, seja do lado da eficiência ou por meio da autoprodução”, destacou o executivo.

E os investimentos em geração de energia acabam sendo o reflexo natural do clima de mercado apontado na pesquisa. A percepção de risco em termos de abastecimento e de custo é negativa. Em termos de abastecimento 66% apontaram que há risco de faltar o insumo e 28% que é necessário tomar medidas preventivas. Já em relação ao custo, 59% apontaram para a expectativa de aumento com impacto significativo. Tanto que como resultado, 74% indicaram que o atual cenário de preços e disponibilidade são fatores de insegurança no ano e 58% disseram que o aumento do custo da energia terá grande impacto sobre os resultados.

O resultado da pesquisa vai nesse sentido. Isso porque a redução de demanda vai ao encontro da perspectiva de desempenho da economia este ano. A maioria dos consumidores livres aponta que a sua expectativa é de que o PIB irá recuar. Para 82% das empresas deveremos ter recessão esse ano sendo que 44% da base de respostas apostam em uma queda de até 1,5%. Outros 38% pensam que esse indicador deverá ficar entre zero e -1,5%. Os 18% restantes veem a economia estagnada. Ou seja, nesse momento, ninguém aposta em crescimento no Brasil.

Como consequência dessa visão, a perspectiva de crescimento das empresas também aponta para o pessimismo. Do universo de respostas, 67% não acreditam em crescimento real no ano, sendo que 29% indicam queda e outros 38% em avanço menor que a inflação. Similar à inflação projetada no ano estão 18% das empresas e 15% apostam em crescimento acima da inflação, sendo que destes, 9% apontam que o avanço deverá estar acima de 10%.
Não é coincidência que o país tem perdido competitividade na indústria eletrointensiva, citando dados da Agência Internacional de Energia, a consultoria lembrou que o país vem perdendo participação nas exportações mundiais de bens que dependem da energia. Em 2008, reportou a Bain & Company esse indicador era de 1,6% e passou para 1,5% em 2013.

 

Fonte: CanalEnergia logopet

1008jia2001