Atrasos de Jirau e Santo Antônio geram prejuízo de R$ 1 bilhão em maio
Os atrasos nas entregas de 18 unidades de geração de energia das usinas de Santo Antônio e Jirau, ambas no rio Madeira, em Rondônia, causaram um prejuízo próximo de R$ 1 bilhão às distribuidoras no mês de maio.
Caso a previsão para o início de operação dessas usinas se realize (em setembro), o prejuízo estimado será de R$ 5 bilhões.
As usinas estão deixando de entregar cerca de 1.300 megawatts por hora e, como possuem liminares que as isentam de honrar os compromissos comerciais, as distribuidoras de energia precisam comprar esse volume, equivalente a R$ 1 bilhão, no mercado de curto prazo para compensar o deficit. As duas hidrelétricas foram as principais responsáveis pelo rombo de R$ 1,9 bilhão, em maio, que as distribuidoras terão de arcar no mercado de curto prazo.
É nesse mercado em que são contabilizadas as diferenças entre o volume de energia que as distribuidoras entregam aos consumidores e o que recebem das geradoras. Nessa situação, na qual o consumo supera o que elas recebem, as distribuidoras precisam cobrir a diferença.
O restante do deficit de R$ 1,9 bilhão refere-se principalmente à chamada exposição involuntária, quando se encerraram contratos entre geradoras e distribuidoras em 2013 e que não foram repostos nos leilões organizados pelo governo.
Outros atrasos, nas linhas de transmissão que ligam parques eólicos aos centros consumidores, também têm influenciado no aumento do prejuízo das distribuidoras.
Previsão errada
O início da operação das usinas do Madeira deveria ter sido em maio, segundo comentário do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, em leilão realizado em 30 de abril deste ano. Ele disse que a conclusão das obras dessas usinas ajudaria a tapar o rombo das empresas. No entanto, as usinas atrasaram novamente – o cronograma original previa a entrega em março de 2014.
Fatura
Os consórcios responsáveis por Jirau (Energia Sustentável do Brasil) e Santo Antônio (Santo Antônio Energia) deveriam arcar com a perda bilionária, mas possuem liminares que os isentam das obrigações comerciais. Com isso, a conta sobra para as distribuidoras, que repassarão o custo às tarifas cobradas dos consumidores. O consórcio Energia Sustentável do Brasil afirma que um incêndio causou os atrasos, mas que a empresa tomou medidas para reduzi-los.
Santo Antônio Energia está em período de silêncio devido ao período de divulgação de balanços. Questionada sobre se alguma medida será tomada para reduzir os efeitos desses atrasos, a Aneel afirma que o rombo das distribuidoras diz respeito somente ao MME. Já o ministério disse que atrasos em usinas são de competência da agência.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, que contabiliza o mercado de curto prazo, por sua vez, não fala sobre agentes do setor.