Apagão de 2023 no Brasil

Apagão de 2023 no Brasil

Como sabemos, a energia elétrica é essencial em nosso cotidiano. No dia 15 de agosto de 2023, ocorreu um apagão que afetou todos os estados brasileiros por 10 minutos.

De acordo com o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), houve uma ocorrência na rede SIN (Sistema Interligado Nacional) que interrompeu 19 mil megawatts (MW) de carga, o que equivale a aproximadamente 25,9% da carga do sistema elétrico brasileiro.

Mas afinal, como funciona esse sistema? Quais foram as causas do apagão? Quais áreas foram afetadas? O que pode ser melhorado? Abaixo, exploraremos as possíveis causas. Antes disso, é necessário esclarecer alguns conceitos fundamentais.

O Brasil é abastecido por um sistema hidro-termo-eólico de grande porte, composto por empreendimentos de diversos proprietários, tanto estatais quanto privados. Também fazem parte da nossa matriz usinas de outros tipos de geração de energia, como a solar e a nuclear. Todas as empresas que produzem e transmitem energia dentro desse modelo de interconexão fazem parte do Sistema Integrado Nacional (SIN). Atualmente, segundo o ONS, o SIN tem uma capacidade instalada de mais de 170 mil megawatts e uma extensão de rede básica de transmissão de mais de 145 mil quilômetros.

SIN

Para quem não sabe, o abastecimento de energia elétrica no Brasil é garantido pelo SIN (Sistema Interligado Nacional). Esse sistema interconecta as diferentes regiões do Brasil em termos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Por meio do SIN, a energia gerada em diferentes partes do Brasil é transmitida e compartilhada, permitindo a manutenção e o equilíbrio no fornecimento. No entanto, o SIN também torna as áreas suscetíveis a falhas em uma parte da rede que podem afetar áreas mais amplas. 

A criação do SIN é consequência da resolução 351/98 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que autoriza o ONS a coordenar e controlar a geração e a transmissão desses sistemas interligados.

Representação do SIN (Sistema Interligado Nacional)

Quais regiões do Brasil foram mais afetadas pelo apagão de 2023?

O apagão afetou principalmente as regiões Norte e Nordeste. No entanto, o apagão afetou todas as unidades da federação, com exceção de Roraima, que não faz parte do SIN.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) relatou que uma ocorrência na rede de operação interrompeu 19 mil MW de carga, do total de 73 mil MW que estavam sendo atendidos no momento, representando aproximadamente 27% da carga total daquela hora. O evento provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre essas regiões, afetando 25 estados e o Distrito Federal.

O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou a recuperação rápida da carga nas regiões afetadas, com o Nordeste recuperando 80% e o Norte mais de 40%.


O ministro Alexandre Silveira, empenhado em investigar o incidente, logo criou uma sala de situação para coordenar a restauração e solicitou a instauração de um inquérito policial para apurar a causa do apagão, suspeitando de uma falha na linha de transmissão de Belo Monte. Inclusive, o apagão de energia reacende preocupações sobre a estabilidade do sistema elétrico interligado do país, que já havia enfrentado desafios semelhantes no passado, resultando em quedas de energia generalizadas.

Mais afinal, quais foram as causas de suspeita do apagão

Segundo o ONS, ocorreram uma série de ocorrências que podem ter causado o apagão:

  • Sobrecarga no Ceará: De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um dos motivos do apagão foi uma sobrecarga no Ceará. Ele afirmou que essa sobrecarga causou a interrupção nas Regiões Norte e Nordeste, com uma contingência planejada do ONS para minimizar a carga nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, evitando uma interrupção total nessas áreas.
  • Usina hidrelétrica de Belo Monte: Integrantes do ONS afirmam que o apagão teria começado na Subestação Xingu, próxima a Belo Monte (PA). Essa subestação recebe energia da usina de Belo Monte, faz o tratamento técnico da energia e distribui eletricidade para o restante do Brasil. O desligamento de duas grandes linhas de transmissão de Belo Monte causou uma falha em cascata. Como o sistema elétrico é inteiramente interligado, uma falha no Norte tem efeitos generalizados.
Usina Hidrelétrica de Belo Monte é uma usina hidrelétrica (UHE) brasileira da bacia do Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do estado Pará.
  • Falha na rede de operação do SIN: Em nota, o ONS informou que uma ocorrência na rede de operação do SIN interrompeu 19 mil MW de carga em estados do Norte e Nordeste do Brasil. Estados do Sudeste também foram afetados, segundo o órgão.
Linhas de transmissão de energia

O ONS publicou um documento técnico com informações inicias da ocorrência no SIN, porém não é o suficiente para ocasionar a interrupção de energia elétrica observada na ocorrência em questão. As causas da ocorrência ainda estão sendo investigadas pelo Ministério de Minas e Energia, que comunicou à Agência e aos demais agentes que instituirá um grupo para analisar e estudar as causas deste evento.

Mais afinal, quais foram as consequências do blackout

  • Hospitais: Apesar dos hospitais terem geradores próprios em casos de emergência, enfrentaram grandes desafios. Equipamentos médicos dependentes de energia elétrica ficaram inoperantes, colocando em risco a vida de pacientes internados. Os sistemas de refrigeração de medicamentos e insumos também foram afetados, comprometendo a qualidade e a conservação desses materiais.
  • Linhas de trem e metrô: O funcionamento das estações de metrô e trens foi interrompido devido à falta de eletricidade, gerando dificuldades no deslocamento das pessoas e podendo gerar situações de risco em determinadas áreas.
  • Prejuízo financeiro: Uma das principais áreas afetadas pelo apagão foi a economia. Com a falta do fornecimento de energia elétrica, diversos estabelecimentos comerciais tiveram que suspender suas atividades. Além disso, houve problemas na parte financeira, como dificuldades em transações eletrônicas e operações bancárias.
  • Abastecimento de água: Ocorreram problemas relacionados ao fornecimento de água potável em algumas regiões do país. Sem energia para operar os sistemas de tratamento e distribuição de água, houve interrupção no abastecimento, afetando milhares de pessoas.
  • Engarrafamentos de trânsito: As ruas e rodovias também foram afetadas, com problemas nos sistemas de monitoramento, como semáforos e radares, causando engarrafamentos e um aumento da sensação de insegurança nas ruas.
  • Escolas e faculdades suspenderam as aulas: Devido à falta de energia, diversas escolas e universidades ao redor do país liberaram os alunos mais cedo.
  • Riscos ambientais: A falta de energia comprometeu o funcionamento de sistemas de esgoto e tratamento de resíduos, o que pode levar a problemas de saúde pública, contaminação do meio ambiente e impactos negativos na vida marinha e terrestre a longo prazo.

Quais são as medidas para evitar futuros apagões?

Diante dos problemas vivenciados no apagão de agosto de 2023, é fundamental que sejam tomadas medidas para evitar a ocorrência de futuros incidentes semelhantes. Investir em infraestrutura moderna e eficaz, fazer a manutenção correta regularmente e diversificar as fontes de energia são ações essenciais. Além disso, é necessário fortalecer a capacidade de resposta a situações de emergência, desenvolvendo planos de contingência mais eficientes e treinando equipes para lidar com problemas desse tipo. Promover a conscientização da população sobre o uso responsável e eficiente da energia elétrica também é de extrema importância.

Por fim, o apagão ocorrido em agosto de 2023 afetou todas as regiões do Brasil e, para evitar futuros apagões, é essencial investir em infraestrutura, manutenção adequada e diversificação de fontes de energia, além de fortalecer a capacidade de resposta a emergências e promover a conscientização sobre o uso eficiente de energia. Investigações rigorosas são necessárias para identificar as causas e implementar medidas corretivas. O Brasil deve continuar aprimorando seu sistema elétrico para garantir a confiabilidade e a segurança do fornecimento de energia.

Autor: Cintia Fortunato

Cintia Fortunato