A Dessalinização da Água

A Dessalinização da Água

A água é o recurso natural mais importante da Terra e cobre 70% de sua superfície. Com isso, estima-se que exista cerca de um sextilhão de litros no mundo, ou em notação científica 1×1021 litros. A título de comparação, o Lago Superior é o maior lago de água doce do mundo em extensão territorial e possui cerca de 12,1 quadrilhões de litros de água (ou 1,21×1016 litros), toda a água do mundo equivaleria a mais de 82500 Lagos Superiores. 

Fig. 1: Lago Superior

 Entretanto, grande parte desse recurso não é apropriado para consumo humano, pois em torno de 96% deste volume é constituído pelos oceanos, cuja água está saturada de cloreto de sódio (NaCl, ou sal de cozinha). Além disso, a maior parte da água doce (cuja salinidade é aproximadamente nula) está contida em geleiras ou subsolo e o que é possível consumir seria apenas 1%.

A falta de água é um fator preocupante para o futuro da humanidade. Atualmente uma a cada três pessoas não possuem acesso à água potável e as projeções para 2050 é que metade da população mundial viverá em áreas com escassez de água, o que na época corresponderá a mais de 5 bilhões de pessoas. Em matérias do Globo e UOL em 2020, constatou-se que 41% das cidades brasileiras sofrem com racionamento ou falta de água e que em um a cada dez domicílios do país ficam sem ela uma vez por semana.

Dessa forma, uma das alternativas que se chegou para resolver ou ao menos atenuar este problema foi a utilização da água do mar para suprir as necessidades humanas. Entretanto, antes dela passar por um tratamento a fim de torná-la potável é necessário que ela passe por um processo chamado dessalinização. Este surgiu em 1928 na ilha Curaçao no Caribe e consistia basicamente em evaporar a água para retirar o sal em excesso. Atualmente, com desenvolvimento tecnilógico, é utilizado duas formas de dessalinização.

  1. Térmica: 

Neste processo, a água do mar é evaporada e em seguida passa por uma máquina de resfriamento para que o vapor condense, logo ao retornar ao estado líquido estará completamente separada do sal. Porém, para se tornar apropriada para o consumo humano é necessário que se adicione sais minerais ao líquido. 

O sal obtido ao final do processo pode apenas ser devolvido aos oceanos (alguns países optam por essa opção), mas uma boa alternativa é industrializá-lo. O problema dessa forma de tratamento da água é seu custo, pois tratar a água doce é metade do preço que seria investido na água do mar.

Fig. 2: Dessalinização através do processo térmico

  1. Osmose Reversa: 

A técnica surgiu em 1960 e não utiliza calor, mas sim aplica-se uma pressão na água, que é forçada contra uma membrana. Isto é feito de tal forma que a água só conseguirá passar ao deixar as moléculas de sal para trás. No final do processo, um lado fica com uma água sem sal e no outro a chamada salmoura, um líquido extremamente salgado. E assim como a alternativa utilizando energia térmica, esse tratamento também é caro, pois exige um alto custo com energia.

Apesar disso, este ainda é utilizado em países do Oriente Médio e do norte da África, pois são regiões ricas em combustíveis fósseis e que sofrem com escassez extrema de água. De acordo com o UOL, em matéria de 2019, a poluição aumentou no Oriente Médio e África, pois a salmoura costuma ser descartada diretamente no oceano e afeta a vida marinha, já que também contém produtos químicos. 

Fig. 3: Dessalinização através do processo da osmose reversa

Apesar de ser um processo caro, é muito estável e confiável e mesmo com aumento do consumo de energia, mais de 100 países utilizam a dessalinização. Por exemplo, Israel abastece 70% da população com água oriunda do mar. Já a Califórnia possui uma planta de dessalinização, em San Diego, que é a maior no hemisfério ocidental, sendo capaz de produzir 50 milhões de galões de água limpa por dia. Entretanto, quem mais produz água dessalinizada no mundo é a Árabia Saudita e os Emirados Árabes, responsáveis por cerca de um quarto da água produzida com esse tratamento. No Brasil, a maior usina de dessalinização  brasileira será construída no Ceará e começará a funcionar em 2025. No Nordeste, também temos várias plantas de pequenas escaladas que transformam águas salobras (que possuem uma salinidade maior do que a água doce, mas menor que a água salgada) de poços em água potável.

Existem também outras alternativas, os cientistas apontam um estudo que visa substituir a membrana tradicional, da dessalinização por osmose reversa, por grafeno. Isso tornaria o processo mais econômico e mais rápido, porém tem como desafio produzir essa tecnologia em larga escala. No Peru, os moradores de áreas remotas utilizam da captação de umidade do ar, a técnica funciona com uma rede que coleta a água da neblina. É uma solução simples, mas não pode ser aplicada em todo o mundo, sendo restrita a locais úmidos e com neblina. Já a Arábia Saudita anunciou recentemente a construção da primeira usina de “domo solar” que seria capaz de dessalinizar a água do mar.

Apesar de existir alternativas para o tratamento de água, é importante ressaltar que apenas o avanço da tecnologia e eficiência dos processos sozinho não são as soluções completas. É necessário também conscientização por parte população para que se reduza o desperdício no consumo de água.

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Fonte:
Youtube – Band Jornalismo
Youtube – Elementar
Tecmundo
Grupo Hidrica – Imagem
Blog Ciclo Organico – Imagem
Blog The North Face – Imagem

Por: João Pedro Fernandes Barreto

João Bareto