Como funciona: Vacina

Como funciona: Vacina

O médico britânico Edward Jenner, no século XVIII, descobriu que ao injetar secreção de pessoas doentes em outra saudável, ela desenvolvia a doença de forma mais leve e ficava imune à doença em si. E foi assim surgiu a primeira vacina do mundo! Neste momento da história, o mundo sofria com uma epidemia de varíola, mas sua vacina surgiu da observação de ordenhadores de vacas. Se o bovino estivesse infectado com a cowpox, a varíola variante em bovinos, o ordenhador adquiria imunidade contra a varíola humana.

Assim, com o sucesso do desenvolvimento da primeira vacina, a varíola se tornou a primeira doença infecciosa erradicada através da vacinação. A 33ª Assembleia Mundial da Saúde declarou, oficialmente, em 8 de maio de 1980: “o mundo e todos os seus povos estão livres da varíola”.

No Brasil, a aplicação da vacina em crianças foi decretada em 1837 e em adultos, em 1846.

A varíola esteve presente na humanidade por mais de 3 mil anos e matou 300 milhões de pessoas apenas no século XX.

Mas, como realmente funcionam as vacinas no organismo?

O objetivo do uso de vacinas é estimular o organismo a produzir anticorpos contra determinados vírus e bactérias, sem que ele precise ficar doente antes. É feita uma tentativa de apresentar ao sistema imunológico o germe para produzir anticorpos, mas sem apresentar a doença.

As vacinas, normalmente, combatem um único germe, isto é, a vacina catapora não protege contra o sarampo e vice-versa. No entanto, com o desenvolvimento da tecnologia, já existem vacinas conjuntas, como a tríplice viral, que combate o sarampo, a rubéola e a caxumba. Essas vacinas são compostas por duas ou mais vacinas administradas de um única vez. Porém, nem todas as vacinas podem ser administradas em conjunto.

Existem três principais tipos de vacinas, cada uma apresenta o microrganismo ao corpo humano de uma maneira diversa, mas apresentando o mesmo resultado de imunização.

  1. Vacina inativada: são produzidas com germes mortos ou apenas partes. São as mais seguras, mas apresentam baixa capacidade de imunização, necessitando de mais de uma dose para a proteção prolongada. Os germes não precisam estar completos para o sistema imune produzir anticorpos. Ele pode ser cultivado em laboratório e pode-se retirar parte de sua estrutura que não é necessária para a imunização. As vacinas costumam ter entre 1 e 20 partes do mesmo.
    1. Algumas vacinas inativadas: pólio, cólera, raiva, influenza, tifo, hepatites A e B, meningite, pneumococo e HPV. 
  2. Vacina atenuada: são produzidas com germes atenuados, em casos que a indução de produção dos anticorpos não seja feita com o germe morto. Assim, o germe é mantido fraco o suficiente para não causarem sintomas relevantes. Essas vacinas são seguras para pacientes sadios, mas não devem ser ministradas em pessoas com deficiências no sistema imune, como portadores de AIDS, transplantados, pacientes em quimioterapia e em uso de drogas imunossupressoras. Além disso, as grávidas também não podem tomar vacinas atenuadas, há riscos de infecção do feto e complicações na gestação.
    1. Algumas vacinas atenuadas: catapora, rubéola, caxumba, varíola, sarampo e febre amarela  
  3. Toxoides: em casos em que a doença não é causada pela bactéria em si, mas pela toxina que ela produz, o sistema imune consegue ter anticorpos contra as toxinas sem o contato direto com a bactéria. Os toxoides são feitos com toxinas modificadas, incapazes de gerar a doença. Também produzem uma fraca imunização, precisando de reforços.
    1. Alguns toxoides: tétano e difteria.

A produção da vacina começa com as escolhas dos componentes da bactéria ou do vírus que serão compor a vacina e do seu tipo. Após essa etapa, são necessárias fases de análises científicas para investigar o funcionamento e a qualidade da vacina.

  • Fase pré-clínica: teste em animais, demora aproximadamente um ano;
  • Fase clínica: teste em humanos e de tempo variável
    • Fase 1: avalia os possíveis efeitos colaterais;
    • Fase 2: avalia a eficácia e capacidade de produzir anticorpos;
    • Fase 3: milhares de pessoas são vacinadas e acompanhadas para comprovar a segurança e eficácia;
  • Fase pós-produção: regulamentação, produção em massa e distribuição da vacina.

O Brasil é um exemplo mundial nas imunização com vacinas, o Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, criou o Calendário Nacional de Vacinação para as crianças e adultos, que pode ser encontrado no site do Ministério https://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/pni/index.html. O CNV é a diretriz para a vacinação de recém-nascidos, bebês, crianças e adultos. 

Covid-19

Agora, o que todos queremos saber: como são feitas as vacinas contra o novo coronavírus?

A Covid-19 é a primeira pandemia do mundo moderno e, segundo Jadel Kratz, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da DNDi América Latina: “ A Covid-19, aquela que será conhecida como a primeira pandemia moderna, deixará marcas profundas na sociedade global. Nenhum ser humano vivo nesse momento será capaz de esquecê-la”. 

Em janeiro de 2021, já temos duas vacinas aprovadas pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela ANVISA. Esse foi o tempo recorde mundial de produção de uma vacina eficaz, que é, em média, de 10 anos. A CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês SinoVac Biotech, e a vacina da Oxford-Astrazeneca, por intermédio da Fundação Oswaldo Cruz. A primeira, é produzida com vírus inativado e a segunda, com base na junção de um adenovírus de chimpanzé com o material genético das proteínas da espícula do coronavírus.

Portanto, conhecendo, agora, um pouco mais sobre como funcionam as vacinas, como são produzidas e, enfrentando a pandemia do coronavírus, gostaríamos de enfatizar que, até a imunização da população, as melhores formas de proteção são o distanciamento social, a higiene pessoal e uso de máscaras. A vacinação já é uma realidade no Brasil e, com certeza, você já está cantando: “Vem com o BunBunTanTan!”

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Por: Júlia Bittencourt

Fonte: 

https://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/146-voce-sabe-como-funciona-uma-vacina

https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/vacinas/

https://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/pni/index.html

https://www.unifor.br/-/saiba-como-e-feita-uma-vacina-e-como-ela-funciona-no-organismo

https://portal.fiocruz.br/video/como-se-produz-uma-vacina

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55722632

https://exame.com/ciencia/como-e-feita-a-vacina-coronavac-aposta-de-sao-paulo-contra-a-covid-19/

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Júlia Bittencourt