Como funciona: Bitcoin
Você já ouviu falar em bitcoin? Sabe como funciona esta nova forma de transação monetária? Se não, este post é para você! Tire suas dúvidas sobre essa moeda tão enigmática e inovadora! Vamos começar com um vídeo explicativo bem resumido, feito pelo canal Mercado Bitcoin:
Nos tópicos a seguir, explicaremos um pouco mais sobre cada detalhe dessa nova tecnologia. Fique por dentro!
História
A ideia de uma moeda descentralizada começou a ser discutida por membros de uma lista de emails de interessados em criptografia e foi concretizada por um programador de nome “Satoshi Nakamoto”, que comentou o conceito em um paper publicado em 2008 e no ano seguinte criou o código que suporta o sistema. Existem muitos rumores sobre a identidade de “Satoshi”, nenhum confirmado. Em todas as suas comunicações públicas, o hacker usou serviços de email de difícil monitoramento e conseguiu manter-se privado. O pouco que se sabe é que ele surgiu repentinamente em discussões online ao divulgar a pesquisa que originou o protocolo Bitcoin, e a partir de 2008 escreveu diversas mensagens – em inglês sem falhas, alternando o uso de termos britânicos e norte-americanos – conclamando que voluntários ajudassem a desenvolver o que seria uma moeda imune a banqueiros e políticos.
Em um post publicado pela P2P Foundation em 2009, onde Nakamoto é identificado como sendo um homem de 38 anos do Japão, ele explica a motivação por trás do projeto:
“A raiz do problema com a moeda tradicional é que ela precisa de muita confiança em outros para funcionar. Precisamos de confiança em um banco central para que ele não desvalorize a moeda, mas a história das ‘moedas fiat’ (respaldadas por governos e não pela paridade com o ouro) mostra inúmeras violações de confiança. Os bancos devem ser confiáveis para manter o nosso dinheiro e transferi-lo eletronicamente, mas o emprestam em bolhas de crédito com apenas uma fração de reserva. Temos que confiar neles com a nossa privacidade, confiar neles para não deixar os ladrões de identidade drenarem as nossas contas. Com moedas com base na criptografia, sem a necessidade de confiar em um intermediário ou em terceiros, o dinheiro se torna seguro e as transações sem esforço”.
A mensagem é clara: Em vez de confiar em governos, bancos centrais ou instituições de terceiros para manter o valor da moeda e garantir transações, a confiança do Bitcoin seria na matemática (‘Vires in Numeris’, como diz seu moto em Latim que significa ‘força nos números’).
Em 3 de janeiro de 2009, Nakamoto colocou o código em ação e garimpou ele mesmo o primeiro bloco de 50 moedas, conhecido na comunidade como o “genesis block”. Junto com os dados liberados pela primeira ação do sistema, ele escreveu uma linha de texto com a seguinte mensagem:
“The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks”, uma referência a um jornal inglês que publicava a notícia de mais um político que se desdobrava para salvar bancos falidos. Em outro trecho atribuído a ele, sua intenção política fica ainda mais nítida: “Sim, [não resolveremos problemas políticos apenas com a criptografia], mas podemos ganhar uma grande batalha e expandir um novo terreno para a liberdade por vários anos. Governos são bons em cortar as cabeças de redes centralmente controladas como o Napster, mas redes puramente P2P como Gnutella ou Tor parecem estar se mantendo bem”.
Nos primeiros dias do Bitcoin, Nakamoto se engajou em discussões com desenvolvedores, fez alterações na programação e se mostrava ativo em fóruns online dedicados a moeda. Em 2011, quando o conceito de uma moeda descentralizada se disseminava e começava a criar as bases de uma contraeconomia na internet, Nakamoto teria enviado um email para um hacker amigo e dito que passaria a trabalhar em outros projetos. A partir daí parou de dar notícias e simplesmente desapareceu, sem nunca revelar quem era.
Alguns acreditam que Nakamoto possa ser Gavin Andresen, atual desenvolvedor-chefe da Bitcoin Foundation, organização criada em 2011 para criar padrões para o sistema open source e divulgá-lo – procurado pela reportagem, Andresen não respondeu nossos vários pedidos de entrevista. Na comunidade Bitcoin, uma frase-resposta comum para a pergunta “Você é Satoshi Nakamoto?” é “Não, mas se fosse também não diria”.
O mais provável, no entanto, é que Satoshi seja não um, mas vários. Dado o poder do projeto e os interesses que ele toca, não seria uma má ideia um grupo se proteger através de um conveniente pseudônimo.
O que é um bitcoin?
Bitcoin (com B maiúsculo) é uma tecnologia digital que permite reproduzir em pagamentos eletrônicos a eficiência dos métodos normais, e esses podem ser feitos para qualquer pessoa, que esteja em qualquer lugar do planeta, sem limite mínimo ou máximo de valor. Sua criptomoeda é o bitcoin (com b minúsculo), uma forma de dinheiro assim como o real, dólar ou euro, com a diferença de ser puramente digital e sem a necessidade de intermediador ou autoridade central. É a primeira rede de pagamento descentralizada (ponto-a-ponto ou P2P) onde os usuários é que gerenciam o sistema, sendo clientes e servidores ao mesmo tempo. Um dos melhores exemplos desse tipo de comunicação é o torrent.
O bitcoin pode ser salvo em computadores ou em pen drives na forma de “arquivos de carteira” ou como “serviços de carteira online” provido por terceiros; e em ambos os casos podem ser enviadas pela internet para qualquer pessoa que tenha um “endereço bitcoin”, podendo transacionar diretamente uns com os outros, usando criptografia de chave pública. Transações são verificadas pelos nós da rede P2P e registradas em um banco de dados distribuídos (livro-razão público) de contabilidade pública chamado Blockchain.
Já que os bitcoins são independentes de Bancos Centrais, Governos, etc, de onde vêm as regras que regem a moeda? A comunidade determina o que entrará em vigor. Programadores podem escrever protocolos em código aberto editável sugerindo uma mudança, mas ela só será aplicada se 51% dos usuários de carteiras virtuais aceitarem-na, podendo ser reescrita ou alterada a qualquer momento para a mesma condição de consenso.
Para facilitar o seu entendimento sobre o assunto, o Gizmodo Brasil criou este infográfico abaixo:
Como os bitcoins são obtidos?
Os bitcoins são gerados a partir do processo de “mineração”, por meio do qual pessoas utilizam seu hardware para gravar, em bancos de dados públicos, as transações que ocorreram dentro de um período de 10 minutos e recebem uma recompensa (bitcoins) em troca, que são gerados por elas em uma transação especial chamada coinbase. Mas essas transações devem ser acompanhadas de uma “prova matemática” válida e única, de forma que é necessária a realização de bilhões de cálculos por segundo para encontrá-la, logo é necessário um hardware poderoso para desempenhar essa tarefa. O poder de processamento é dado em Hashes/segundo (H/s), onde cada hash é a cadeia de caracteres gerados após a aplicação dos cálculos em cima das informações das transações. Os mineradores competem entre si para criar as hashes primeiro. Esse processo evita gastos duplos dos bitcoins, falsificação ou alteração dos bancos de dados.
Além disso é praticamente impossível reverter uma transação, já que a cada bloco gerado após a sua transação temos o que é chamado de confirmação (novos blocos gerados). Sendo que um bloco sempre possui informações referentes ao anterior, para que você possa reprocessar um bloco de 40 minutos atrás, você teria que reprocessar 5 blocos (um para cada 10 minutos mais o atual), o que é quase impossível.
Como o poder de processamento avança rapidamente com o passar do tempo, a complexidade desses cálculos também aumenta para acompanhar essa evolução, a partir de uma análise feita em cima do tempo médio para mineração dos últimos blocos gerados. Além disso, a recompensa para os mineradores cai pela metade a cada 4 anos em média (atualmente é de 25 bitcoins), pois o bitcoin é uma moeda finita, sendo que o máximo de bitcoins que existirão serão 21 milhões e a mineração está prevista para terminar em torno de 2120 (não é uma data fixa), quando este valor deverá ser atingido. Mas isso não é um problema visto que cada bitcoin é composto por um milhão de bits e o mesmo pode ser dividido em até 8 casas decimais (quantidade que pode ser aumentada no futuro), ou seja você não precisa comprar 1 BTC (bitcoin), pode comprar 0,000 000 01 BTC, valor nomeado 1 Satoshi em homenagem ao criador.
Com o aumento da complexidade dos cálculos envolvidos para mineração de bitcoins, não vale a pena que uma pessoa com um computador comum minere, pois a chance de se conseguir gerar um bloco é muito pequena, dado o baixo poder de processamento (algo plausível em 2009, em sua criação) e provavelmente você vai gastar mais em energia, equipamento, manutenção e internet para minerar do que recompensa, podendo levar meses para ter algum retorno. Existem empresas focadas em mineração de Bitcoins e que oferecem planos para que você utilize pela nuvem máquinas da empresa para obter bitcoins a partir de assinaturas mensais por exemplo. Um exemplo é Genesis Mining. Mas existem empresas mal intencionadas, fraudulentas ou que utilizam de um esquema Ponzi, que nada mais é do que uma pirâmide financeira, como foi o caso da Telexfree aqui no Brasil em 2013, um esquema em que são necessárias cada vez mais pessoas para manter o negócio até que não se sustente mais.
Cotação
Quanto vale um bitcoin? Como seu valor é medido?
Moedas usuais têm seu valor de mercado relacionado diretamente à lei da oferta e da demanda: quanto maior a quantidade de uma moeda como o real circulando, mais ela se desvaloriza e o oposto ocorre quando há uma diminuição desse dinheiro; quanto maior a procura pela moeda, maior seu valor e em caso contrário, mais se desvaloriza. Até aí o mesmo ocorre com o Bitcoin, ou seja, seu valor é dado pela lei da oferta e da demanda. A diferença reside no fator de que o bitcoin é finito, sendo criados a uma taxa previsível e decrescente (até se atingir o máximo), logo a demanda deve seguir o nível de inflação para a moeda continuar estável. Outra diferença marcante está no fato de que as moedas convencionais são produzidas pela Casa da Moeda do país em questão, já no caso do Bitcoin não há um órgão central que controla sua produção, muito pelo contrário.
Além da oferta e demanda, o Bitcoin tem seu valor dado pela aceitação do mercado. Ou seja, quanto mais aceita como moeda de compra e venda em lojas físicas e virtuais e quanto mais utilizada como forma de investimento, mais valorizada ela se tornará. O aumento na quantidade de carteiras virtuais baixadas (semelhantes a contas bancárias, são programas utilizados para ajudá-lo a organizar seu saldo de Bitcoins e armazenar seus códigos de transação) indica também uma valorização da moeda. Apesar de o Bitcoin ser uma moeda independente, seu valor sofre mudanças devido à economia mundial, como no caso do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) e do Grexit (saída da Grécia da Zona do Euro), apesar de na maioria das vezes ter se valorizado devido a essas ocorrências. Pelo fato de o Bitcoin não seguir um marco regulatório (normas, leis e diretrizes), como no caso de ações e commodities, a moeda é mais volátil, o que gera certa desconfiança e medo em investir nela, mas com o amadurecimento do mercado, ela se tornará cada vez mais estável.
O preço de cada bitcoin no mercado atual, segundo o site Investing, é de $961,78 (dado obtido no dia 25 de março de 2017, às 20h30min).
Atualidade
Segundo uma pesquisa realizada em 2015 pela empresa BitPay, o número de estabelecimentos que aceitam bitcoins como forma de pagamento superou os 100 mil no mundo. Além disso, o estudo mostra que o número total de transações feitas com bitcoin mais do que duplicou no período de um ano.
Os comerciantes estão mudando de atitude em relação à moeda virtual e com isso cada vez mais lojas passam a aceitar bitcoins. Hoje é possível fazer doações em bitcoins para instituições globais como Greenpeace e Wikipedia, comprar passagens aéreas na Expedia, ou dar entrada para um apartamento na Tecnica, e por aí vai. No Brasil estima-se que acima de 100 lojas aceitam bitcoin como forma de pagamento. No tópico a seguir veremos algumas previsões sobre o bitcoin e as criptomoedas em geral.
Futuro
Apesar de o Bitcon ter sido criado em 2009, observa-se que sua adoção ainda está no início sob todos os aspectos. A adoção do Bitcoin pelos varejistas e comerciantes ainda vai aumentar muito, o que pode ser observado pelo movimento que se inicia nos Estados Unidos, em grandes lojas como overstock.com, tigerdirect, entre outras. Transações financeiras utilizando criptomoedas são mais práticas, simples e baratas, já que é possível enviar um Bitcoin do Brasil para a China tão fácil como se envia um e-mail, sem taxas bancárias, impostos ou burocracia. Bitcoin é a moeda global que pode ser utilizada por qualquer pessoa. São essas características que tornam o Bitcoin e outras moedas virtuais uma invenção tão surpreendente quanto o celular e a Internet.
Com as criptomoedas, já é possível solucionar problemas insolúveis no sistema financeiro tradicional: micropagamentos, transferências internacionais sem taxas, irreversibilidade de transações, e muito mais. As criptomoedas serão revolucionárias nas transformações pelas quais a sociedade vai passar nas próximas décadas.
Bitcoin, bem como outras moedas criptográficas mais aperfeiçoadas com a mesma natureza distribuída e cooperativa (como Zerocoin), devem crescer em popularidade ao longo dos próximos anos, à medida que sua utilização se tornar progressivamente mais amigável e se não for artificialmente bloqueada por iniciativas governamentais. O principal desafio social que essas moedas enfrentarão, quero crer, será estabilizar o comportamento complexo e flutuante do câmbio, ainda típico de processos que não atingiram o equilíbrio. As tecnologias criptográficas mais robustas em desenvolvimento podem favorecer decisivamente essa estabilização, se conseguirem inspirar confiança nos usuários.
Alguns acham que o bitcoin substituirá as moedas convencionais impressas e que tornará muitas instituições financeiras obsoletas, mas ainda há o grande desafio de ser amplamente aceita pelos governos e pela sociedade.
Curiosidades
Neste tópico vamos conhecer algumas curiosidades sobre o bitcoin e seu mercado:
A primeira operação em que se usou o Bitcoin foi para comprar pizza
Em 18 de maio de 2010, Laszlo Hanyecz postou em um fórum chamado Bitcoin Talk. Na época, o Bitcoin ainda dava seus primeiros passos. A moeda era incrivelmente volátil, e cada Bitcoin valia apenas alguns centavos de dólar. O post de Hanyecz foi por duas pizzas pelas quais ele disse que iria pagar 10.000 bitcoins. Esta transação entraria na história da internet como a primeira vez que Bitcoins foram realmente utilizados para comprar algo.Em 22 de maio, Hanyecz postou que alguém o tinha levado a sério sobre a oferta. Ele não deu muita importância para isso, porque acreditava, como muitos outros acreditavam na época, que o Bitcoin nunca iria realmente funcionar como moeda na internet.
Nos próximos meses, um Bitcoin deixou de ser avaliado em alguns centavos para valer 1.200 dólares. Ele finalmente se estabeleceu entre 500 e 700 dólares. Se Hanyecz tivesse gasto 10.000 Bitcoins em duas pizzas em meados de 2014, elas valeriam cerca de 5 milhões de dólares.
Todos os bitcoins do mundo não compram 2% da Apple
Muito se fala sobre o potencial de disrupção do bitcoin e o quanto ele poderia ameaçar a existência de bancos, empresas de pagamentos, cartórios e outros players. Entretanto, se comparado a indústrias diversas, a capitalização total do bitcoin não se equipara a de centenas de empresas de capital aberto no mundo todo.
Comparado com a gigante tecnológica Apple Co. — oitava maior empresa do mundo, segundo a Forbes —, apenas seu Market Cap de US$ 586 bilhões já supera o bitcoin em mais de 60 vezes.
Logo, se o Bitcoin fosse uma empresa nos mesmos termos, certamente ficaria em um grupo muito inferior a grandes bancos, empresas de tecnologia, automóveis, seguros, telecomunicações e muitos outros.
O comércio de bitcoins é superior ao de ouro no Brasil
Durante o período que antecedeu o halving — o evento quadrienal que reduz a recompensa pela mineração de blocos da rede —, o valor de bitcoins negociados nas exchanges brasileiras foi superior ao do ouro na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).
Segundo dados do site BitValor, até junho de 2016, o volume comercializado de bitcoins, em reais, foi de R$ 164.259.807, superando em mais de R$ 10 milhões os lotes de ouro comercializados pelas agências da BM&F, que totalizaram R$ 153 milhões.
Mais da metade de todos os bitcoins nunca foram gastos
Sim, cerca de 60% de todos os bitcoins gerados permanecem em suas carteiras iniciais desde que foram minerados. Esse fato, em termos práticos, não fornece muita informação sobre a razão desse dinheiro nunca ter sido gasto.
Aparentemente, existe uma tendência, comum entre os mineradores, de poupá-lo. Isso pode ser um indicativo de que o mercado acredita que o valor futuro do bitcoin será muito mais vantajoso que o atual.
Tópicos para pesquisa
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Fontes
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