O legado de Stephen Hawking

O legado de Stephen Hawking

Quem foi?

Stephen Hawking (1942-2018) foi um físico inglês que apesar de paralisado por uma doença degenerativa, se tornou celebridade por produzir algumas teorias fundamentais da física moderna.

O físico produziu algumas teorias fundamentais da física moderna. A mais célebre é o teorema de singularidade. Supõe a existência de um ponto com força gravitacional no centro dos buracos negros capaz de atrair qualquer coisa (similar ao acúmulo de energia infinita que deu início ao Big Bang).

 

Infância e Adolescência e Vida Adulta

Stephen William Hawking nasceu saudável em Oxford, na Inglaterra, em 9 de janeiro de 1942 .

O pai era médico, a mãe formada em filosofia, e o pequeno Stephen era o caçula de quatro irmãos numa casa cheia de livros empilhados e ideias apimentadas. “O que mais me impressionava eram as conversas durante o almoço”, conta John MacClenahan, amigo de infância de Hawking. “Eles discutiam coisas que jamais seriam comentadas na minha casa, como sexo e aborto”.

Quando Hawking tinha oito anos, a família se mudou para a periferia de Londres. Não deu muito certo. Eles eram considerados esquisitos pelos vizinhos, e na escola o menino logo ganhou o apelido de “Einstein”. Deve ter sido pela aparência, porque bom aluno Hawking não era: fazia os trabalhos sem capricho e sua caligrafia era um terror. Odiava matemática, que achava fácil demais. Gostava de física e astronomia porque ajudavam a entender questões existenciais, como de onde viemos e por que estamos aqui. “Eu queria sondar as profundezas do Universo”, escreveu em seu livro.

Hawking era precoce. Com 17 anos, ganhou uma bolsa para estudar física na Universidade de Oxford. Os colegas eram dois anos mais velhos, e ele se sentiu sozinho e deslocado. Mas, no terceiro ano de faculdade, se inscreveu no clube de remo para tentar fazer amigos. Os barcos navegavam um atrás do outro, e cada timoneiro segurava uma linha para manter a distância correta em relação ao barco da frente. Hawking deu mancada logo na estreia. Deixou a linha escapar, ela se enroscou no leme, o barco saiu de curso e sua equipe foi desclassificada. Apesar disso, ele conseguiu fazer alguns amigos, e passou a frequentar o que chama de “seu passatempo favorito”: as festas estudantis. Estudava bem pouco, uma hora por dia, mas mesmo assim foi aceito no mestrado da Universidade de Cambridge.

Com 21 anos, após uma queda de patins, foi levado ao médico, que o diagnosticou com esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença degenerativa que iria progressivamente paralisar seus músculos, e segundo o médico, o levaria à morte em no máximo três anos.

Apesar do diagnóstico devastador, em 1965, Stephen casa-se com Jane Wilde, amiga de uma de suas irmãs. Na festa do casamento já se apoiava em uma bengala, e em 1970, parou de andar e começou a fazer uso de uma cadeira de rodas. Nessa época, já tinha três filhos e era um físico conhecido que trabalhava no Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos.

Em 1985, com a saúde bastante agravada por uma pneumonia, durante uma viagem a Suíça, os médicos sugeriram desligar o respirador artificial, mas Jane não aceitou e levou o marido de volta para Cambridge. Submetido a uma traqueostomia, nunca mais falou. A partir de então, faz uso de um computador, com voz eletrônica, para se comunicar.

Em 1988, publicou “Uma Breve História do Tempo”, livro que fala sobre a origem do universo, com ilustrações criativas e texto bem humorado, escrito em linguagem simples, para leigos, Hawking desvenda desde os mistérios da física de partículas até a dinâmica que movimenta centenas de milhões de galáxias por todo o universo. O livro fez o maior sucesso e foi traduzido para mais de 30 idiomas.

Em 1995, o casal se divorcia e Hawking vai morar em outro apartamento, com uma de suas enfermeiras, Elaine Mason, com quem se casou. Em 2007, separou-se de Elaine, que foi acusada de maus tratos e agressão.

 

Carreira Profissional

Foi professor de Matemática em Cambridge, professor lucasiano emérito – mesma posição ocupada por cientistas como Charles Babbage, Isaac Newton e Paul Dirac, e dirigiu o departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica da mesma universidade. Em 1974 se tornou um dos mais jovens membros da Royal Society, com apenas 32 anos.

Suas principais áreas de especialidade eram cosmologia teórica e gravidade quântica. “Meu objetivo é simples. Entender completamente o Universo, por que é, como é, e simplesmente seu motivo de existir”. Muitos de seus trabalhos se concentraram em alinhar a relatividade à teoria quântica para explicar a criação e o funcionamento do Universo.

Hawking testou as teorias de Newton em 2007, quando aos 65 anos realizou um voo em gravidade zero nos Estados Unidos, e esperava fazer um voo sub orbital. “Penso que a raça humana não tem futuro senão no espaço”. “Acredito que a vida na Terra está diante de um risco cada vez maior de ser destruída por um desastre, como uma guerra nuclear repentina, um vírus geneticamente criado ou outros perigos”.

Ao todo, Stephen escreveu 14 livros, entre eles “Buracos Negros, Universos Bebês e outros ensaios” (1993), “O Universo Numa Casca de Noz” (2001), “A Teoria de Tudo: A Origem” (2002), “O Grande Projeto” (2010), e o livro de memórias, “Minha Breve História” (2013).

O britânico deu grandes contribuições para a física moderna. A mais famosa é o Teorema da Singularidade que trata sobre buracos negros, cuja força gravitacional seria capaz de atrair qualquer coisa. Além disso, o cientista criou a tese de que apesar de negros, os buracos depois que explodem podem gerar partículas e radiação.

Durante sua vida profissional ocupou importantes cargos, como de professor lucasiano emérito da Universidade de Cambridge e diretor do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica da mesma instituição. Cargos só ocupados por Isaac Newton, Charles Babbage e Paul Dirac.

 

Prêmios

 

  • 1975 – Medalha Eddington: é concedida bi anualmente pela Royal Astronomicaç Society para trabalhos investigativos em astrofísica teórica
  • 1976 – Medalha Hughes: medalha de prata entregue anualmente pela Royal Society de Londres para distinguir descobertas originais nas ciências físicas, em particular na eletricidade e magnetismo, também acompanhada de um prêmio monetário
  • 1979 – Medalha Albert Einstein: concedida pela Sociedade Albert Einstein de Berna para pessoas que prestaram serviços relacionados à obra de Einstein
  • 1982 – Ordem do Império Britânico (Comandante): ordem de cavalaria britânica gratificando contribuições para as artes e ciências, trabalho com organizações de caridade e de assistência social, e serviço público fora do Serviço Civil
  • 1985 – Medalha de Ouro da Royal Astronomical Society: prêmio científico de maior destaque concedido pela Royal Astronomical Society
  • 1986 – Membro da Pontifícia Academia das Ciências: primeira academia científica do mundo, fundada em 1603 em Roma, seus membros são nomeados pelo papa
  • 1988 – Prêmio em Física da Fundação Wolf
  • 1989 – Prêmio “Príncipe das Astúrias” da Concórdia: título oferecido pela casa real da Espanha a pessoas que tenham alcançado feitos notáveis nas áreas das ciências, humanidades ou vida pública.
  • 1989 – Título de “Companheiro de Honra”, da Rainha Elizabeth II: recompensa por realizações proeminentes nas artes, literatura, música, ciência, política, indústria ou religião
  • 1999 – Prêmio “Julius Edgar Lilienfeld” da Sociedade Americana de Física
  • 2003 – Prêmio “Michelson Morley” da Case Western Reserve University
  • 2006 – Medalha Copley da Royal Society: medalha de maior prestígio e mais antiga atribuída pela Royal Society no domínio das ciências
  • 2009 – Medalha Presidencial da Liberdade: maior condecoração civil concedida pelo presidente dos EUA aos indivíduos que fizeram uma “contribuição especial meritória à segurança ou interesses nacionais dos Estados Unidos, paz mundial, cultural ou outras importantes iniciativas públicas e privadas”
  • 2012 – Fundamental Physics Prize: dedicada ao reconhecimento de físicos envolvidos em pesquisas fundamentais pela Fundamental Physics Prize Foundation

 

Por que Stephen Hawking nunca ganhou um prêmio Nobel?

 

A teoria do cientista, denominada Radiação Hawking, baseava-se em conceitos matemáticos decorrentes da mecânica quântica. Explicava que os buracos negros acabam “evaporando” e desaparecendo devido à emissão de radiação.

Embora a teoria tenha sido amplamente aceita pela comunidade científica, os astrônomos e físicos nunca conseguiram provar que a Radiação Hawking existia.

As descobertas científicas teóricas devem ser confirmadas com observações antes que haja a possibilidade de receberem um Nobel. E é bastante difícil observar um buraco negro.

Em janeiro de 2016, o cientista deu uma entrevista à emissora BBC na qual brincou sobre o fato de nunca ter ganhado o prêmio. “As pessoas procuraram miniburacos negros, mas até agora não encontraram nada. É uma pena porque, se tivessem, eu teria um Prêmio Nobel”, afirmou.

Curiosidades

  • Hawking nasceu no dia 8 de janeiro de 1942, quando fazia exatamente 300 anos que Galileu Galilei havia morrido. Hawking nos deixou em 14 de março de 2018, data em que Albert Einstein completaria 139 anos.
  • Quando tinha 9 anos, ele foi considerado o pior aluno da turma. Apesar disso, sempre demonstrou interesse em descobrir como as coisas funcionavam.
  • Antes de ter sua doença diagnosticada, Hawking fazia parte de uma equipe de remo em Oxford.
  • Foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), aos 21 anos.
  • Possuía um QI entre os 10 maiores da história.
  • Em 1974, tornou-se membro da Academia Real de Ciência, criada em 1660. Um ano depois, recebeu das mãos do papa uma medalha de ouro em homenagem aos seus estudos científicos. Além disso, foi o ganhador do Prêmio Albert Einstein.
  • Em 1980 ele foi condecorado comandante do Império Britânico, cargo que é apenas um nível abaixo da condecoração de cavaleiro. Em 2009, recebeu das mãos do presidente Barack Obama uma medalha de liberdade, a mais alta honraria civil concedida pelos EUA.
  • Hawking colaborou com a escrita do livro infantil “George’s Secret Key to the Universe” (“A chave secreta de George para o Universo”). O livro propõe explicar às crianças alguns conceitos importantes da Ciência.
  • Hawking perdeu uma aposta sobre buracos negros. Em 1997, Hawking fez uma aposta com o físico norte-americano John Preskill, sobre um paradoxo dos buracos negros que dizia que nada pode escapar deles, nem mesmo de informações. Porém, isso violava um dos princípios fundamentais da mecânica quântica. Mais tarde, Hawking mostrou-se errado e admitiu sua derrota em 2004. Apesar desse paradoxo ainda não ter sido resolvido, Hawking tem novas teorias que envolvem os buracos negros.
  • A voz de Hawking é única. O sintetizador original da Hawking foi criado por uma empresa Californiana. Inicialmente, o programa permitia que Hawking “falasse” usando um clicker manual, onde ele escolhia as palavras que apareceriam em uma tela.

 

 

Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.

Stephen Hawking

1008jia2001