Sinal WOW!
Introdução:
No vasto Universo, com centenas de bilhões de galáxias, destaca-se a Via Láctea, que sozinha abriga entre 200 e 400 bilhões de estrelas. Entre essas estrelas, apenas uma proporcionou as condições ideais para a formação de oito planetas, e somente um desses planetas, muito familiar para nós, desenvolveu vida inteligente: a Terra, nosso lar.
Diante da imensidão do Cosmos, conhecemos apenas uma forma de vida inteligente – nós mesmos. Contudo, a possibilidade de que o desenvolvimento da vida seja comum no universo levantam questões intrigantes: poderíamos ser apenas uma civilização entre várias? Onde estariam essas civilizações?
Essas perguntas têm assombrado a humanidade desde que compreendemos nosso lugar no universo. Além disso, há a especulação sobre a possibilidade de já termos detectado vida inteligente. Será que o sinal WOW! foi uma mensagem extraterrestre?
O que é o “sinal WOW!”?
Na noite de 15 de agosto de 1977, o radiotelescópio Big Ear, nos Estados Unidos, captou um sinal de rádio por 72 segundos vindo da direção da constelação de Sagitário. No entanto, foi apenas alguns dias depois que o astrônomo Jerry Ehman revisou os dados obtidos pelo Big Ear e notou uma peculiaridade: um sinal que foi detectado de maneira muito forte. Surpreso com essa descoberta, ele circulou o sinal e anotou “wow!” (uau). Desde então, a onda de rádio ficou conhecida como “sinal WOW!”.
Como funciona o Big Ear?
A “mensagem” recebida no radiotelescópio, nada mais é do que a representação do quanto intenso é o sinal em relação ao ruído de fundo. O valor 6EQUJ5 informa o quão intenso foi o sinal.
Além disso, o Big Ear é composto por duas antenas que se assemelham a orelhas grandes voltadas para o céu. Ao contrário da maioria dos radiotelescópios, ele não pode rotacionar suas antenas automaticamente. Sendo fixo no chão, o Big Ear depende da rotação da Terra para varrer o céu e captar sinais de rádio de diferentes regiões do espaço. No entanto, devido às suas duas antenas, ele é capaz de detectar duas regiões do espaço simultaneamente. Para mais informações sobre radiotelescópios acesse “Uma janela para o universo: A engenharia dos Radiotelescópios”
O que tem de especial no “Sinal WOW!”?
A característica mais intrigante do sinal é sua frequência, emitida próxima à “Linha do hidrogênio”. Mas o que há de especial nessa frequência? Os pesquisadores Philip Morrison e Giuseppe Cocconi exploraram essa questão em um artigo especulativo sobre como civilizações inteligentes poderiam fazer contato umas com as outras. Eles concluíram que o método ideal seria através do envio de ondas eletromagnéticas. No entanto, dado o vasto espectro eletromagnético, muitas dessas ondas poderiam não ser detectadas por outras civilizações devido às suas interações com a matéria.
Para contornar essas dificuldades, Morrison e Cocconi sugeriram o conceito da “frequência perfeita”, que seria capaz de permitir a propagação eficiente de ondas eletromagnéticas através da vastidão do Universo. Essa frequência ideal está centrada em torno de aproximadamente 1420,4 MHz (Megahertz). Ela é conhecida como a “Linha do Hidrogênio”, pois corresponde à frequência em que os átomos de hidrogênio neutros emitem radiação. O hidrogênio é o elemento mais abundante no universo, e qualquer civilização inteligente teria conhecimento da sua existência.
Além disso, outro fato importante sobre a “Linha do Hidrogênio” é que ela é protegida aqui na Terra, devido à sua relevância na radioastronomia. Todas as fontes humanas que emitam nessa frequência são monitoradas para evitar a poluição da faixa de 1420,4 MHz. Portanto, concluímos que as chances de o “sinal WOW!” ter sido emitido aqui na Terra são extremamente baixas, sugerindo que sua origem seja de fora do nosso planeta.
Qual a origem do “Sinal WOW!”?
Como mencionado anteriormente, o Big Ear possui duas grandes antenas que captam regiões diferentes do espaço. Portanto, não é possível determinar qual antena recebeu o “sinal WOW!”, apenas sabemos que ele foi detectado vindo da direção da constelação de Sagitário, localizada no centro da nossa galáxia. Sabendo a região de emissão do sinal, astrônomos e cientistas buscaram estrelas semelhantes ao nosso Sol que também possuam planetas orbitando ao seu redor, nessa região. O objetivo era encontrar sistemas com condições similares às da Terra, onde a vida inteligente poderia ter surgido, dado que até agora só conhecemos a nossa forma de vida bem-sucedida. Foram identificadas 66 candidatas, mas a falta de dados limitou a pesquisa.
Entre as estrelas analisadas, destaca-se a 2MASS J19281982-2640123, situada a 1801 anos-luz de distância da Terra. Curiosamente, sua temperatura é de 5783 K (equivalente a aproximadamente 6056,15 ºC), um pouco mais alta que os 5772 K (ou 6045 ºC) do Sol. Além disso, ela tem quase o mesmo tamanho e luminosidade da nossa estrela. Por essas razões, essa estrela se tornou a principal candidata, embora outras possibilidades continuem sendo consideradas. No entanto, nunca mais recebemos o mesmo sinal.
Outro fato curioso é a duração do sinal, capturamos o sinal por 72 segundos, que foi o tempo em que o radiotelescópio estava apontado para essa localização específica. Devido ao fato de o Big Ear acompanhar a rotação da Terra, não podemos saber a duração total da emissão do sinal, pois não sabemos quanto tempo o sinal ficou sendo emitido depois de ser detectado.
Conclusão:
Apesar das tentativas racionais para explicar o “sinal WOW!”, como o estudo de 2017 liderado por Antonio Paris e Evan Davies, que sugeriu que as nuvens de hidrogênio em torno dos cometas 266/P Christensen e P/2008 Gibbs poderiam ser responsáveis pelo sinal detectado, porém essas nuvens não emitem ondas suficientemente fortes para corresponder ao “Sinal WOW!”.
Outra teoria descartada é que o sinal poderia ter sido originado na Terra e refletido por satélites ou detritos espaciais em órbita. No entanto, devido à proteção da Linha do Hidrogênio no espectro de radiofrequência, nenhuma fonte terrestre está autorizada a utilizar essa faixa.
Desde então, os astrônomos nunca mais detectaram um sinal semelhante. Jerry Ehman considera o “Sinal WOW!” como o mais promissor candidato a contato extraterrestre já registrado, desafiando nossas compreensões e alimentando a esperança de um dia compreendermos melhor nosso lugar no Cosmos e a possibilidade de vida além da Terra.