Starlink: internet em qualquer lugar

Starlink: internet em qualquer lugar

O advento da internet possibilitou uma conexão global sem precedentes, permitindo que pessoas de diferentes partes do mundo se comuniquem instantaneamente, compartilhem informações e ideias de forma rápida e eficiente. Esse fenômeno diminuiu as barreiras físicas e geográficas, criando uma aldeia global onde a distância é apenas uma questão de segundos de conexão. Porém, é fácil de perceber a disparidade em relação a sua acessibilidade em muitas regiões do mundo, especialmente áreas rurais e comunidades economicamente desfavorecidas, enfrentam desafios no acesso à internet devido a infraestrutura inadequada, custos elevados.

Pensando nisso, há diversos estudos e pesquisas envolvendo o desenvolvimento da internet e como torná-la mais acessível e veloz , uma delas é a Starlink, desenvolvida pela empresa SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk. 

O que é a Starlink

A starlink é uma constelação de satélites, localizada na órbita baixa do nosso planeta com o objetivo de garantir internet de alta velocidade e baixa latência em relação aos outros meios como fibra ótica. O fato de não necessitar de cabeamento faz com que o projeto possa fornecer internet a áreas mais remotas e de difícil acesso como áreas rurais ou florestais e até mesmo em mar aberto.

Como funciona

  • Constelação de Satélites: O Starlink opera com uma grande constelação de satélites em órbita baixa da Terra, a cerca de 550 km a 1.200 km de altitude. Esses satélites estão em movimento constante e formam uma rede interligada que cobre quase toda a superfície do planeta.Cada satélite do Starlink está equipado com quatro antenas de alta performance. Ao trabalharem em conjunto, essas antenas possibilitam uma transmissão rápida e eficiente de sinais, resultando em custos reduzidos. Com a implantação de milhares desses satélites em órbita, será formada uma extensa e de alta capacidade rede, capaz de alcançar áreas atualmente não atendidas pelas operadoras de telecomunicações convencionais.
  • Terminal do Usuário: Os usuários do Starlink precisam de um terminal específico, conhecido como “Dishy McFlatface” (um prato receptor/transmissor). Este terminal é uma antena parabólica pequena e plana que se comunica diretamente com os satélites. O terminal é autoinstalável e se orienta automaticamente para otimizar a conexão com os satélites. Ele então se comunica com os satélites por meio de sinais de rádio de alta frequência (micro-ondas). Esses sinais são enviados e recebidos pela antena do usuário, que rastreia e se conecta continuamente aos satélites que passam acima.
  • Backhaul e Gateways: Os satélites Starlink também se comunicam com estações terrestres (gateways) espalhadas pelo mundo. Estas estações estão conectadas à infraestrutura de internet existente. Os dados dos usuários são enviados para os satélites, que então os redirecionam para a estação terrestre mais próxima e vice-versa.
  • Latência e Velocidade: Por estarem em órbita baixa, os satélites Starlink têm uma latência (o tempo que os dados levam para ir e voltar) significativamente menor que os satélites tradicionais de órbita geossíncrona, que operam a cerca de 35.000 km de altitude. Isso resulta em uma experiência de internet mais rápida e responsiva.

O objetivo do Starlink é fornecer cobertura global, especialmente em áreas rurais e remotas onde a infraestrutura tradicional de internet é deficiente ou inexistente. À medida que mais satélites são lançados, a densidade da rede aumenta, melhorando a capacidade e a velocidade do serviço.

Desafios

Por mais que a evolução da internet por satélite tenha se mostrado uma ótima solução para diversos problemas envolvendo infraestrutura e diminuição da latência, ela ainda encontra alguns problemas, dos quais podemos citar:

  • Custo dos planos: Há diversos planos oferecidos pela SpaceX com diversas especificações quanto a velocidade da internet fornecida, além de planos específicos para embarcações e áreas muito isoladas, o que trás consigo diferentes mensalidades que atualmente podem variar de R$200 até R$1200, sem contar o custo dos aparelhos, que giram em torno de R$2000. Portanto, o preço não tão acessível pode ser um impedimento para diversas pessoas.
  • Lixo espacial: O grande número de satélites contribui para a poluição espacial, além de aumentar o risco de colisões, inclusive segundo um levantamento feito pelo Grupo de Pesquisas Astronáuticas, os satélites da Starlink estão envolvidos em cerca de 1,6 mil eventos de risco de colisão com outros objetos espaciais em órbita da Terra, o que pode ser um problema a longo prazo. Entretanto, segundo a empresa, eles possuem diversos projetos e estudos visando recuperar os satélites lançados para que não virem lixo espacial.

Starlink no Brasil

A principal promessa da Starlink é a capacidade de fornecer acesso à internet em regiões onde a infraestrutura tradicional é inexistente, fraca ou cara. Isso inclui áreas rurais, ilhas, regiões montanhosas e países em desenvolvimento, onde a falta de conectividade tem sido um grande obstáculo para o desenvolvimento econômico e social. Devido a estas características a Amazônia Legal, região que corresponde a 59% do território brasileiro e engloba nove estados já possui 90% dos municípios utilizando os aparelhos, sendo a maioria desses clientes estão em regiões que enfrentam dificuldades de infraestrutura tradicional de banda larga.

Além disso, a tecnologia já se mostrou muito importante em diversos casos como em resposta à desastres, como o recente no Rio Grande do Sul em maio de 2024 no Brasil, de maneira que foram doados cerca de 1000 aparelhos para garantir o acesso à internet para os desabrigados, já que em situações de emergência e desastres naturais, a infraestrutura de comunicação terrestre pode ser severamente danificada, deixando as populações isoladas e dificultando as operações de resgate e recuperação. A Starlink pode ser rapidamente mobilizada para fornecer conectividade temporária em áreas afetadas, ajudando a coordenar os esforços de socorro e a restabelecer a comunicação crucial entre as equipes de emergência e os residentes.

Felippe Simoes