Especial: Inteligencia artificial e seus riscos

article01561Não existe uma definição para inteligência artificial (IA), mas várias. Basicamente, IA é fazer com que os computadores pensem como os seres humanos ou que sejam tão inteligentes quanto o homem”, explica Marcelo Módolo, professor de Sistemas de Informação da Universidade Metodista de São Paulo. Assim, o objetivo final das pesquisas sobre esse tema é conseguir desenvolver uma máquina que possa simular algumas habilidades humanas e que os substitua em algumas atividades.

A inteligência artificial faz parte dos estudos de Ciências da Computação. Os programas utilizam a mesma linguagem de sistemas convencionais, mas com uma lógica diferente. Existem várias maneiras de se fazer essa programação. Em alguns casos, o sistema inteligente funciona com uma lógica simples – se a pergunta for x, a resposta é y. Em outros casos, como os estudos em redes neurais, a máquina tenta reproduzir o funcionamento dos neurônios humanos, em que as informações vão sendo transmitidas de uma célula a outra e se combinando com outros dados para se chegar a uma solução.

Há, entretanto, um debate curioso sobre inteligência artificial. Intelectuais de peso como Stephen Hawking e o empresário Elon Musk (fundador da empresa de exploração espacial SpaceX e criador dos carros elétricos Tesla) assinaram uma carta alertando para os potenciais negativos do avanço dessa tecnologia.

As notícias que circularam sobre o documento foram totalmente sensacionalistas. Diziam que a carta era um alerta para o risco de a humanidade ser destruída pela inteligência artificial, no melhor estilo “O Exterminador do Futuro”.

Isso desviou a atenção do conteúdo do documento, completamente pé no chão, feito por um grupo importante de pensadores contemporâneos. O texto não tem nada a ver com robôs assassinos. Na verdade, sua preocupação é com a pobreza e a desigualdade que a inteligência artificial pode trazer.

O avanço dessa tecnologia não é ficção científica. Computadores são cada vez mais capazes de tomar decisões e de desempenhar atividades que julgávamos exclusivamente humanas. Tem havido um avanço rápido em campos como reconhecimento de voz (alô Siri) ou de imagens, máquinas capazes de dirigir veículos, responder perguntas, resolver problemas e atuar como “agentes” com base em decisões próprias ou comandos humanos.

A inteligência artificial poderá substituir um número imenso de atividades hoje desempenhadas por pessoas. Um estudo realizado por dois professores da universidade de Oxford, Michael Osborne e Carl Frey, prevê que 47% dos empregos nos EUA estão em risco de desaparecimento nas próximas duas décadas.

A lista das atividades é grande. Inclui de atendentes de telemarketing a recepcionistas de hotel, passando por motoristas de caminhão e operadores de máquinas. Nas palavras de Osborne: “Os trabalhos que sobrarem serão baseados em habilidades criativas e sociais”.

Esse é um desafio gigantesco para a educação. Na semana passada, o diretor do MIT Media Lab, Joi Ito, declarou sobre a questão: “Se estamos com medo de que inteligências artificiais e robôs tomem nossos empregados, é preciso mudar nosso tipo de educação baseado em provas nas quais uma inteligência artificial poderia passar”.

Na visão dele, boa parte do sistema educacional ainda se concentra no ensino de habilidades que podem ser desempenhadas de forma mais eficiente por máquinas. Ele tem um ponto. Não seria difícil para uma inteligência artificial existente hoje, por exemplo, resolver sozinha todas as questões do Enem.

O desafio da escola é incorporar também o desenvolvimento de habilidades que não podem ser desempenhadas por máquinas, como nossa capacidade de sermos criativos, intuitivos e sociais. Se a escola focar apenas em problemas que máquinas podem resolver, teremos menos chances de competir com elas.

Fonte: Folha de São Paulo  e Nova EscolaLogo Pet 2

 

1008jia2001