Entrevista: A carreira de sucesso de Guilherme Mendonça e sua visão sobre a situação energética atual

Hoje nossa entrevista será com Guilherme Vieira de Mendonça atual vice-presidente da Siemens na área de Energy Management. Nascido em Juiz de Fora e com desejo de morar fora para atingir maior independência própria, Guilherme decidiu cursar Engenharia de Telecomunicações na INATEL.
De acordo com o próprio, ele se encantou com a estrutura ofertada pela escola de Santa Rita do Sapucaí. Além disso cursou MBA em finanças pelo IBMEC e Advanced Management Program pela Duke University. 

Começando do estágio, passando por cargos com cada vez mais relevância e responsabilidade, Guilherme acumula, também, a experiência de morar e trabalhar na Alemanha pela própria Siemens. Hoje, como vice-presidente do setor de Energy Manegement, o juiz-forano é responsável pelos sistemas de baixa, média e alta tensão além de smart grid da empresa alemã. Seus principais projetos são os sistemas de transmissão AC  e HVDC, projetos geração eólica e solar (subestação alta tensão e redes de distribuição de média tensão), projetos industriais.

Fizemos agora algumas perguntas a fim de entender melhor a inserção do engenheiro no mercado de trabalho, a situação atual do Sistema Interligado Nacional (SIN) e futuras melhorias para o setor.

Como se deu sua inserção no mercado de trabalho na área de engenharia elétrica? Quais os maiores desafios que você enxerga para um recém formado na área se inserir atualmente?

Eu entrei no mercado de trabalho através de estágio na Siemens. Na ocasião comecei pela área de automação e passei para Telecom, sendo efetivado ao final.
Os maiores desafios são primeiro uma preparação acadêmica melhor possível e segundo achar uma oportunidade condizente com a expectativa do formando. O mercado hoje é muito competitivo e há que se preparar para ser o melhor possível para acessar as oportunidades disponíveis.

Durante seus primeiros anos na Siemens, você passou por diversas áreas que um engenheiro recém formado pode atuar, teve alguma que você mais se identificou?

Quando era ainda estagiário me identifiquei mais com a área técnica de engenharia de sistemas onde fiquei por quase 5 anos. Depois fui crescendo e me identificando com a área de vendas e negócios.

A Alemanha, como todos sabemos, possui a maior geração de energia solar. Dada sua experiencia vivendo no país, quais são os principais fatores que, na sua visão, influenciam nesse resultado? O Brasil possui enorme potencial, é realmente notório que o país está caminhando para fontes alternativas?

A Alemanha notoriamente tem uma preocupação com a sustentabilidade e por isso foca tecnologias limpas. Por outro lado o país é muito dependente de recursos naturais externos como óleo e gás. Tudo isso levou ao desenvolvimento de fontes renováveis como solar e eólica. No início a Alemanha deu muito subsídios para incentivar o desenvolvimento dessa indústria o que a fez líder mundial.
No Brasil trilhamos o mesmo caminho. A eólica já é a terceira fonte em potência instalada e deverá se tornar a segunda em breve. A solar está iniciando e será importante na geração distribuída no futuro. Térmicas a gás serão fundamentais para dar estabilidade ao sistema de base.

Smart grid é um assunto extremamente em voga na área de sistemas de potência. De acordo com o site da Siemens, você já ocupou o cargo de diretor da divisão de smart grids. Essas redes inteligentes já funcionam atualmente? Quais são os maiores desafios para implementação destas?

O sistema elétrico passa por uma mudança tecnológica fundamental. De um sistema elétrico centralizado para um sistema distribuído. De agentes apenas consumidores para prosumers – consumidor e produtor de energia. Tudo isso traz enorme complexidade ao sistema elétrico. As redes inteligentes Smart Grid vem com sistemas computacionais inteligentes coordenar toda essa complexidade e garantir eficiência e estabilidade.
No Brasil já se tem redes de medição inteligente – Smart Metering – em várias distribuidoras além de sistemas de controle, self healing, monitoramento remoto. Etc.
O maior desafio é a regulamentação que restringe investimentos além da situação financeira das distribuidoras

Quais dos problemas estruturais fazem com que o custo de nossa energia seja tão elevado? Quais são os principais entraves? Quais as fraquezas de nosso sistema atual?

A energia elétrica no Brasil custa caro porque metade do custo se refere a impostos e encargos. Além disso a distância das fontes no norte e nordeste da carga no sul e sudeste encarece a energia na ponta. As perdas não técnicas (roubo de energia) também oneram a conta de quem paga.
O sistema integrado nacional  é bastante robusto. As fraquezas hoje estão na distância das linhas que as torna mais vulneráveis e o envelhecimento do sistema que não recebe a manutenção devida tendo muitos equipamentos em stress ou muito velhos.

Como a geração distribuída, aplicada no nosso sistema interligado, irá aumentar nossa eficiência energética?

A geração distribuída permitirá que a energia elétrica seja gerada mais perto do ponto de consumo evitando perdas em sistemas de transmissão de longa distância. Além a GD permite o uso mais racional das fontes como solar, biomassa, gás natural, biogás, etc, que estejam disponíveis na região do consumo.

A Siemens está próxima de varias universidades reconhecidas na área de engenharia, existem projetos que une a graduação já com o mercado de trabalho?

A Siemens tem como meta apoiar a educação tecnológica. Para isso há parceria com várias universidades, também no Brasil. Por exemplo nosso centro de P&D de Smart Grid fica dentro da PUC do PR.

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