Chuvas em hidrelétricas em janeiro ficam acima das expectativas

 

Necessidade de uso de termelétricas após março pode cair, dizem analistas.
Entre 1 e 21 de janeiro, os reservatórios do Sudeste subiram quase 10%.

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As chuvas nas regiões em que estão as principais hidrelétricas do Brasil ficaram acima das expectativas em janeiro e favoreceram uma boa recuperação dos reservatórios no Sul e no Sudeste, enquanto Nordeste e Norte devem ter melhoria do quadro hídrico nas próximas semanas.

Segundo especialistas ouvidos pela Reuters, uma continuidade do cenário de chuvas favoráveis poderia abrir caminho para o desligamento de mais termelétricas após março, final do período úmido, o que dependerá principalmente da evolução do nível das represas no Nordeste.

Entre 1 e 21 de janeiro, os reservatórios do Sudeste subiram quase 10%, para 39,8%, ante 29,9%, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

No Nordeste a recuperação foi bem menor, de quase 4 pontos, para 8,9%, ante 5,1% em 1° de janeiro.

“A hidrologia tem realmente surpreendido… Os reservatórios do Sudeste, que estavam subindo 0,1 ponto ao dia, subiram quase 1 ponto por dia nos últimos dias. É uma recuperação bastante forte, e essa chuva do Sudeste está se deslocando para o Nordeste e para o Norte”, afirmou o sócio da comercializadora Compass, Marcelo Parodi.

Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), deverá haver aumento do volume de afluências no Norte e Nordeste nas próximas semanas devido ao deslocamento do fenômeno Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) para essas regiões.

O ONS estimou que as chuvas do Nordeste deverão ser de 60% da média histórica na próxima semana, ante 28% na semana anterior. No Norte a projeção é de 57% da média, ante 43% na semana passada.

“Está havendo uma chuva na região Norte de Minas Gerais, que já pega a bacia do rio São Francisco (considerada submercado Nordeste)”, apontou Fábio Cubeiros, gerente de regulação da Safira Energia.

Para Cubeiros, janeiro foi bastante positivo em chuvas, o que significa que o país pode ter um período úmido mais próximo do normal após dois anos de hidrologia negativa.

O ONS estimou que os reservatórios do Sudeste devem acabar janeiro em 46,5%. A Compass estima um número próximo, de 44,4%, enquanto a Safira aponta para entre 42 e 43%.

“Ninguém esperava uma hidrologia tão favorável… Se tivermos em fevereiro e março indicações de chuva perto da média, já seria talvez um indicador suficiente para dar conforto ao ONS para reduzir a geração térmica”, afirmou Parodi, da Compass.

Cubeiros, da Safira, tem opinião semelhante e acredita que talvez seja possível desligar “algumas” térmicas mais à frente, embora o quadro do Nordeste deva seguir exigindo o uso dessas usinas, que são mais caras que as hidrelétricas.

“As chuvas no Nordeste estão ajudando a encher (os reservatórios). Se continuar assim, pode ser que lá para março já esteja melhor… Talvez dê pra desligar algumas térmicas, as mais caras”, disse.

O comportamento dos reservatórios do Nordeste, no entanto, é mais incerto. O ONS estima que as hidrelétricas da região fechem janeiro com 19,9% da capacidade, número considerado otimista por Safira e Compassa, que projetam 10% e 12%, respectivamente.

Fonte: G1logo-pet-2

1008jia2001