Como Funciona – Motores a combustão interna
![Como Funciona – Motores a combustão interna](https://energiainteligenteufjf.com.br/wp-content/uploads/2018/03/Motor_a_combustão_comoFUnciona.jpg)
Os motores a combustão são, até um futuro próximo, o principal meio de geração de energia motriz em todo o mundo. De motonetas à aviões, esses motores se tornaram motivo de orgulho, principalmente quando relacionados à carros potentes, mas também se tornaram um dos principais focos das ações contra o aquecimento global. Então, vamos conhecer um pouco sobre eles?
História
O sistema moto propulsor de uma máquina é o responsável por produzir força motriz suficiente para gerar movimento. No automóvel isto não é diferente, pois o conjunto de peças que dão forma ao motor são as responsáveis por gerar, através de um movimento retilíneo, uma resultante de movimento rotativo.
Nikolaus August Otto(1832-1891), engenheiro e inventor alemão nascido em Holzhausen an der Haide, perto de Schlangenbad, foi quem inventou e construiu o primeiro motor de combustão interna de quatro tempos e determinou o ciclo teórico sob o qual trabalha o motor de explosão (1876), o conhecido ciclo Otto. Aos 16 anos deixou a escola e foi trabalhar em um supermercado. Ele também trabalhou como um balconista em Frankfurt e como um vendedor ambulante. Ele vendeu açúcar, bateria de cozinha e chá a supermercados na fronteira alemã com a Bélgica e a França, e como vendedor ambulante interessou-se por mecânica e aprendeu o engenho da máquina inventada por Etienne Lenoir (1822-1900), a primeira máquina de combustão interna executável. Otto construiu o primeiro protótipo de seu motor em 1867, tendo ganho a medalha de ouro da Feira de Hannover naquele ano.
![Exemplar de Motor Otto Existente no Brasil, pertencente ao Museu do Motor da UFRGS](http://www.mecanica.ufrgs.br/mmotor/neuotto3.jpg)
Otto começou sua fábrica em Köln (Colônia) na Alemanha, após estabeleceu outra fábrica na Filadélfia, EUA, sendo que os motores lá produzidos ficaram conhecidos como “Ottos columbianos” (fabricados entre 1893 e 1915). A empresa de Otto, a N.A. Otto & Cie., existe até hoje, chamando-se atualmente Deutz A.G.
Depois da sua criação o motor de combustão interna criado por Otto atravessaria os séculos impulsionando as formas de tração mecânica. Com as ciências da antiga geração, do século XVII, foi que o homem buscou construir um mecanismo para gerar força de uma maneira automática, diferente de uma tração humana ou animal, e que pudesse levá-lo a grandes distâncias e certas velocidades maiores que as de seus passos.
Na época da criação do primeiro motor a combustão interna, o motor a vapor já estava bem difundido entre eles. Inclusive com certa frequência já se via algumas embarcações nos rios e algumas locomotivas movidas pela pressão do vapor cruzando o território Europeu e Americano.Outra vantagem era o baixo consumo de combustível, embora ainda sendo benzeno e um sistema de alimentação de combustível não muito eficiente, que se diferenciava dos motores anteriores, onde em poucos quilômetros ou em poucas horas de funcionamento queimavam um balaio de lenha.
O motor de Otto obteve inúmeras vantagens em relação ao motor a vapor. Uma delas é o baixo peso já que o motor a combustão interna não precisava de um reservatório de água para ser aquecida, muito menos um combustível para ser queimado e aquecer a água, sendo na época comum utilizar a lenha ou o carvão.
A potência dos motores de combustão interna ciclo Otto também superava, em proporções de tamanhos, a do motor a vapor. Apenas a pressão do vapor empurrava os pistões e bielas para gerar força e movimento rotativo enquanto no motor de ciclo Otto uma explosão de combustível, um poder térmico e um deslocamento de gases assumia o papel do vapor com muito mais eficiência, gerando maior potência. Quando a utilização de gasolina, que antes de ser utilizada nos motores era um subproduto do petróleo jogado fora, passou a ser um combustível com mais poder de explosão e com um percentual de lubrificação, alimentando os motores, o motor de ciclo Otto aumentou ainda mais a sua potência e torque.
![Fábrica de Motores Otto na Filadélfia](http://www.mecanica.ufrgs.br/mmotor/tmi00339c.jpg)
O motor de combustão interna ciclo Otto com todas essas vantagens, sendo mais leve e compacto oferecendo mais versatilidade em comparação com os motores a vapor, logo se consagrou como a força motriz que se estenderia até os dias atuais nas mais diferentes aplicações que pudesse servir com a sua força de trabalho ao homem. Os automóveis, as embarcações, os ônibus, os caminhões, as máquinas de trabalho rural e de canteiros de obras, assim como na indústria em geral e até mesmo na aviação utilizam ainda o princípio de funcionamento, em motores de combustão interna, de 150 anos atrás.
Como funciona?
O motor que normalmente equipa os automóveis movidos a álcool/gasolina é o motor de combustão interna, também chamado de motor de explosão interna ou motor a explosão, comumente de quatro tempos.
Os termos “combustão” e “explosão” são usados no nome desse motor porque o seu princípio de funcionamento baseia-se no aproveitamento da energia liberada na reação de combustão de uma mistura de ar e combustível que ocorre dentro do cilindro do veículo. Esse motor também é chamado de “motor de quatro tempos” porque seu funcionamento ocorre em quatro estágios ou tempos diferentes.
Conhecer como esses estágios do funcionamento do motor de combustão interna ocorrem ajuda-nos a compreender por que é importante usar gasolinas de qualidade com alto índice de octanagem. Antes, porém, veja quais são os nomes das principais partes do motor:
Agora veja como funciona o motor de um carro e o que ocorre em cada tempo:
1º tempo: Admissão — No início, o pistão está em cima, isto é, no chamado ponto morto superior. Nesse primeiro estágio, a válvula de admissão abre e o pistão desce, sendo puxado pelo eixo virabrequim. Uma mistura de ar e vapor de gasolina entra pela válvula para ser “aspirada” para dentro da câmara de combustão, que está a baixa pressão. O pistão chega ao ponto morto inferior, e a válvula de admissão fecha, completando o primeiro tempo do motor.
2º tempo: Compressão — O pistão sobe e comprime a mistura de ar e vapor de gasolina. O tempo de compressão fecha quando o pistão sobe totalmente.
3º tempo: Explosão ou combustão — Para dar início à combustão da mistura combustível que está comprimida, solta-se uma descarga elétrica entre dois pontos da vela de ignição. Essa faísca da vela detona a mistura e empurra o pistão para baixo, fazendo com que ele atinja o ponto morto inferior. É nesse tempo que é gerada toda a força motriz possível do conjunto e, em suma, quando tem-se por completo um ciclo de 4 tempos em cada cilindro, tem-se toda a potência do motor entregue ao conjunto de transmissão.
4º tempo: Escape — A mistura de ar e combustível foi queimada, mas ficaram alguns resíduos desta combustão que precisam ser retirados de dentro do motor. Isso é feito quando o pistão sobe, a válvula de escape abre, e os gases residuais são expulsos.
Esquematicamente, temos:
Esse processo inicia-se novamente, e os quatro tempos ocorrem de modo sucessivo. Os pistões (carros de passeio costumam ter de quatro a seis cilindros), que ficam subindo e descendo, movem um eixo de manivela, chamado virabrequim, que está ligado às rodas pela transmissão. Essa trata-se de um conjunto de engrenagens que, quando variadas suas posições através da troca das marchas do veículo, assumem determinadas relações entre a rotação do motor e aquela que é transmitida para as rodas, fazendo-as girar e, consequentemente, o carro andar.
É importantíssimo frisar o fato de que a manutenção preventiva de todo o sistema motriz e a utilização de um combustível de boa qualidade está diretamente relacionada ao desempenho do mesmo e até mesmo à sua durabilidade. Logo, certifique-se de que os devidos cuidados estão sendo tomados com seu veículo, e se não estiverem, busque melhor esse relacionamento, rsrs.
Uma analogia que pode ajudar no entendimento desse processo é pensar em como fazemos uma bicicleta movimentar-se. Fazemos com as pernas movimentos de sobe e desce, assim como os pistões do carro. As manivelas presas aos pedais da bicicleta estão conectadas à corrente, que se movimenta e faz as rodas girarem. Algo parecido ocorre no carro: o movimento de cima para baixo dos pistões gira o virabrequim, que leva a energia mecânica até o sistema de transmissão, que, por sua vez, distribui essa energia para as rodas.
Isso nos mostra que energia química (da reação química de combustão) é transformada em energia mecânica, que, por sua vez, faz as rodas do carro movimentarem-se. A energia que faz o combustível explodir vem da bateria do automóvel. Essa corrente elétrica é amplificada pela bobina, e um distribuidor faz a sua divisão entre as velas em cada cilindro.
Além disso, a combustão é uma reação exotérmica, liberando grande quantidade de calor. Assim, é preciso que o radiador use água para resfriar o motor e garantir que ele continue funcionando.
E que tal um vídeo bem detalhado para exemplificar tudo isso e muito mais? Então fique à vontade!
Futuro
Apostas sobre o futuro da indústria têm se tornado cada vez mais comuns no meio automotivo. Praticamente de forma unânime, elas apontam para o fim dos tradicionais motores a combustão. Na previsão mais recente, confidenciada à agência de notícias Reuters, a fabricante de componentes Continental cravou que propulsores deste tipo deixarão de ser desenvolvidos por montadoras alemãs no prazo máximo de 6 anos. Depois disso, todos os investimentos serão concentrados em projetos de propulsão elétrica e em sistemas de condução autônoma.
“Uma nova geração de motores a combustão ainda deve ser desenvolvida, mas, depois de 2023, desenvolvimentos adicionais não serão mais economicamente justificáveis porque mais e mais trabalhos de desenvolvimento se voltarão para a mobilidade elétrica”, disse o chefe de finanças da empresa, Wolfgang Schaefer. Dessa forma, depois de 2023 – segundo previsões do executivo – todos os esforços para projetar novas famílias de propulsores a diesel e gasolina serão deixados de lado.
Não por acaso, a data se aproxima do limite estabelecido por países como Reino Unido e França para a comercialização de carros a combustão: 2040. Os motores desenvolvimentos neste prazo de 6 anos devem ser usados, com pequenas melhorias, até o fim da era da combustão, como mostram famílias longevas de motores ainda no mercado. Mais uma prova de que o futuro da indústria será ligado na tomada, literalmente.
Os grandes mercado globais globais de veículos já deixaram claro que o carro elétrico é o futuro. Essa rota tecnológica está definida, mas há bons indícios de que ela não será exclusiva. “Há grande campo para melhorar e tornar os motores a combustão mais eficientes. O caminho é eletrificar, mas é importante lembrar que um carro híbrido, por exemplo, ainda conta com um motor a combustão”, diz Ricardo Abreu, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Mahle. “Precisamos trabalhar em soluções de baixo carbono com a maior aceitação possível pelo consumidor, fazer o melhor uso de todas as alternativas, sem preconceito”, reforça.
Na visão dele, é essencial levar em conta o ciclo de emissões do poço à roda, considerando que muitos países poluem muito para gerar energia elétrica. É nesse contexto que o motor a combustão tem vida longa, mas não necessariamente com combustíveis fósseis. “Soluções alternativas e renováveis como o gás natural, etanol e biodiesel tendem a crescer.” Estudo destacado por Abreu indica que, em 2030, 90% da frota mundial ainda será composta por carros equipados com o bom o velho motor a combustão. Esse percentual cairá para 75% em 2040, mostra, sinalizando que as vendas de modelos zero emissão vão acelerar consideravelmente nos próximos anos.
Para Abreu, ainda que conte com o etanol como fonte limpa de energia, o Brasil está claramente atrasado na eletrificação. “Não podemos ficar fora do mundo. Se este é o caminho e precisamos partir para a ação. Estamos atrasados e só com uma legislação que nos indique as próximas etapas será possível ir adiante.
A BMW aponta outra tendência para quem ainda vai produzir motores de capacidade cúbica maior. O projeto da futura plataforma, que surgirá sob o conceito EfficientDynamics, partiu do princípio do cilindro “ideal”, com 0,5 l de capacidade cúbica, para multiplicá-lo em blocos de 3, 4 e 6 cilindros em linha (1.5, 2.0 e 3.0, respectivamente) com turbo e injeção direta, e que poderão dividir até 60% das peças entre si.
A marca ainda não estipula datas para o início da produção dessa linha.Estes exemplos são indícios de que algumas quebras de paradigmas estão só começando no conceito de motorização.
Antes que o carro elétrico ou qualquer outra tecnologia alternativa se torne simplificada o bastante para ser massificada, os veículos movidos a motores de combustão interna perdurarão por muito tempo, mas adequados a um mundo que tem que se renovar por inteiro, a começar pela mentalidade da indústria e do consumidor.
Curiosidade – Motor Turbo
O Turbo é utilizado com o artifício de aumento da potência em motores a combustão. Para tanto, é empregado um conjunto de componentes, sendo a turbina o principal deles, a fim de extrair desempenho do mesmo sem ter que, a princípio, alterar sua formatação interna original.
O turbo-compressor, conhecido apenas como turbo, foi inventado pelo engenheiro Suíço Alfred Buchi em 1905. Em 1920 foi utilizado em locomotivas a diesel, sendo aplicado, pela primeira vez, num motor não diesel na General Electric. Nos dias de hoje, eles equipam 100% das locomotivas a Diesel, Motores Diesel de grandes navios, e todos Motores a Diesel. A Renault foi a primeira equipe de Formula 1 a usar o turbo em 1977, proibido em 1989 pela FIA. Porém em 2014 os motores turbo voltaram a equipar os carros da categoria.
Sabe-se que o torque de um motor está diretamente relacionado à massa de ar que o mesmo consegue aspirar por ciclo de admissão. O turbo comprime o ar antes de ser admitido pelo motor. Assim, dado um mesmo volume de ar, têm-se muito mais massa de ar devido à compressão.
Um turbo-compressor pode ser dividido em duas partes: a turbina (também conhecida como parte quente) e o compressor (parte fria). O nome se dá devido à diferença de temperatura das duas partes que pode exceder centenas de graus durante o trabalho.
E aí? O que achou desse post super interessante? Deixe seu comentário e compartilhe com seus amigos!
Fontes: