Aprille Ericsson: mulher, negra e engenheira

Nascida no Brooklyn, na cidade de Nova York em 1 de abril de 1963, Aprille Joy Ericsson-Jackson foi a irmã mais velha de outras três. Se mostrou uma estudante brilhante desde sua infância e adolescência e contou com o apoio e esforço de sua mãe e de sua avó para continuar a estudar.

Assistir ao lançamento da Missão Apollo na televisão nos anos 70, enquanto estava na primeira série, foi o primeiro dos eventos que marcaram a vida de Aprille. Alguns anos depois desse episódio, ela recebeu seu primeiro reconhecimento: o segundo lugar na feira de ciências do 8° ano, ao construir um instrumento de ciências. Em 1980 ela participou do MITES (Minority Introduction to Engineering & Science) no Massachusetts Institute of Technology (MIT), um programa de divulgação de ciências para minorias, e foi lá que ela teve o seu primeiro contato com foguetes. Esses três momentos desencadearam um amor em Ericsson pela ciência e pelo campo Aeroespacial.

No ano de 1886 ela se formou no ensino médio com honras e em Engenharia Aeronáutica / Astronáutica pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), e em 1992 obteve seu título de mestre em engenharia pela Howard University. Passou a integrar então, o quadro de funcionários do National Aeronautics and Space Administration (NASA), no Goddard Space Flight Center (GSFC) como engenheira aeroespacial, obtendo em 1995, PhD em Engenharia Mecânica pela Howard University. Ericsson-Jackson se tornou então a primeira mulher a obter o título PhD em Engenharia Mecânica pela Howard University, e logo depois se tornou a primeira mulher afro-americana a obter o título PhD em Engenharia Mecânica pela NASA GSFC. 

Há anos trabalhando na NASA, Aprille Ericsson já ocupou diversos cargos. Atuou como Gerente de Projetos de Instrumentos,  Gerente do Programa GSFC da NASA para Pequenas Empresas e Pesquisa Inovadora no Innovative Technology Partnerships Office, Vice-Chefe de Tecnologia da Diretoria de Engenharia e Tecnologia com foco no desenvolvimento de missões de Cubosat e Smallsat, Executiva de Programa para Ciências da Terra e Executiva de Negócios para Ciências Espaciais e Gerente de Captura para uma proposta de Explorador de Classe de Astrofísica de médio porte, com nome de STAR-X

Em 2017 assumiu o cargo de Líder de Novos Negócios  para a Divisão de Sistemas e Tecnologia de Instrumentos do Goddard Space Flight Center (GSFC) da NASA. Nesse cargo, ela busca fomentar parcerias governamentais que permitam à indústria e às pequenas empresas colaborar com as universidades, para competir por oportunidades de resolver desafios estratégicos de P&D enfrentados por várias agências governamentais nos Estados Unidos. Ela também atua como representante de engenharia nos negócios na área de Astrofísica, Heliofísica, Ciência Planetária e da Terra e Tecnologia Transversal.

Ericsson-Jackson atuou como membro do corpo docente adjunto em várias universidades. Atualmente faz parte dos conselhos acadêmicos das Academias Nacionais (Conselho de Educação Superior e Força de Trabalho), MIT (Conselho Consultivo da Indústria para Educação de Minorias), e é Presidente do Conselho Consultivo do Departamento de Engenharia Mecânica da Howard University (HU).

Ericsson contribuiu muito com o crescimento da NASA, principalmente na compreensão da organização do nosso sistema solar. Liderou equipes de missões de voos espaciais e desenvolvimento de propostas para vários instrumentos que incluem o Near-Infrared Spectrograph no Telescópio Espacial James Webb, que deve ajudar na investigação acerca da velocidade de expansão da Via Láctea, o ST8 Miniature Thermal Loop Heat Pipe e o Lunar Orbiter Laser Altimeter (LOLA), lançado em abril de 2009 no Lunar Reconnaissance Orbiter, um satélite capaz de medir distâncias com grande precisão, permitindo a criação de mapas tridimensionais da Lua. Em sua função atual na NASA, Ericsson-Jackson administra o ICESat-2/ATLAS, um instrumento que mede as mudanças nos níveis atmosférico e do mar.

Todo esse trabalho lhe rendeu vários prêmios e reconhecimentos durante sua carreira. Ela está presente na lista das 50 melhores mulheres minoritárias em ciência e engenharia pela National Technical Association, recebeu o prêmio Goddard Honor da NASA, foi eleita para o Conselho de Curadores da Howard University em 2004 e recebeu o prêmio Science Trailblazers da Black Engineers of the Year Award Conference. Recebeu o troféu de Melhor Engenheira dos Estados Unidos, pelo Prêmio Mulheres na Ciência e Tecnologia em 1997, e ficou na 8ª posição na lista das 23 engenheiras mais poderosas do mundo pelo site americano de finanças e negócios, Business Insider, em 2015. 

Além disso, Aprille é defensora de meninas e meninas negras em áreas de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) e atua no encorajamento de mulheres e minorias por meio de palestras, eventos e academias nos Estados Unidos e na África do Sul. 

“Esta espiral descendente é especialmente severa para meninas negras, meninas com deficiência, meninas que vivem na pobreza e meninas que estão aprendendo inglês como uma nova língua. […] Os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de perder mais da metade de seu talento e da nova perspectiva que as mulheres e as minorias podem trazer para esses campos críticos. Devemos trabalhar juntos além das fronteiras da cor da pele e do gênero.”, disse Ericsson-Jackson em uma entrevista à Biblioteca do Congresso.

Aprille Joy Ericsson-Jackson enfrentou muitos desafios em seus estudos e carreira por ser mulher e negra. Superou todas as adversidades e hoje serve como inspiração, nos mostrando que mulheres podem fazer história. 

Gostou do texto? Deixe um comentário!