Um robô que salva vidas

Sistema usa inteligência artificial para identificar pacientes em risco e alertar médicos. Até 2020, 12 mil mortes por sepse poderão ser evitadas no Brasil

Laura é um robô diferente. Não foi feita de lata e nem tem os braços mecânicos que costumam ser associadas às criaturas de sua classe. Ela foi criada para analisar dados e salvar vidas a partir da tecnologia cognitiva. Ela identifica pacientes que podem desenvolver sepse (uma resposta desregulada do sistema imunológico a uma infecção) e avisar a equipe médica para que um tratamento seja iniciado. A cada 3,8 segundos Laura procura qual pessoa internada em um hospital está em estado mais crítico, algo que seria humanamente impossível. O objetivo é poupar tempo dos profissionais, recursos dos hospitais e o mais importante: salvar vidas. A cada hora sem tratamento, o risco de uma pessoa morrer de sepse aumenta 8%.

A invenção de Laura se deve a uma morte que poderia ter sido evitada. Laura era o nome de uma menina que morreu da doença apenas 18 dias após nascer. Foi quando seu pai, o analista de sistemas Jacson Fressato, 38 anos, começou uma caçada para descobrir os culpados. Durante nove meses ele fez trabalhos voluntários em hospitais para tentar encontrar o motivo de a menina partir tão cedo. Ele descobriu que não havia um culpado, mas um acúmulo de causas. Para eliminá-las, era necessário criar um sistema que permitisse aos médicos tomar decisões mais rápidas. Fressato decidiu desenvolver a plataforma por conta própria. Custou R$ 1 milhão, metade do valor bancado por um investidor-anjo.

No final de 2016, o robô foi implantado no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. Em menos de 90 dias, diminuiu em 10% a mortalidade da sepse grave e aumentou em 27% o desempenho da equipe. No começo de 2017, o software começou a ser implantado pela prefeitura de Curitiba para monitorar e criar base de dados dos pacientes atendidos pelas unidades públicas. “A Laura ajuda a diminuir mortalidade porque otimiza os recursos do hospital”, afirma Fressato.

COMO FUNCIONA
Assim que o robô é implantado, começa a garimpar a base de dados de todos os sistemas integrados do hospital e fazer uma classificação de risco. Laura foi programada para identificar pontos-chaves que montam a sepse, ou seja, ela cruza informações como dados vitais alterados e disfunções orgânicas, e calcula o tempo médio de atendimento entre todos os pacientes que estão no sistema do hospital. Com isso, consegue identificar um quadro de risco e avisar a equipe médica por meio de monitores. A tela laranja significa que um paciente está propenso a desenvolver sepse. Em casos mais graves, o robô manda SMS para os médicos. “O sonho de Laura é tecnologia de ponta e acessível para todos com o menor custo possível”, diz Fressato. O robô é doado para hospitais filantrópicos, mas é preciso pagar o custo de aplicação, de R$ 42 mil reais.

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Fonte: Isto é

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