Agora é possível pilotar um avião usando apenas a sua mente

Quem bolou essa coisa maluca foi o neurotecnólogo Santosh Mathan, que trabalha na própria Honeywell Aerospace. Foram 12 anos de pesquisas e testes em simuladores de voo até chegar no projeto que permite o controle mental de um avião de verdade.

Funciona assim: o piloto coloca uma espécie de touca de natação equipada com 32 eletrodos hiper sensíveis, que lê a atividade elétrica em pontos específicos do cérebro. Na prática, quando a pessoa pensa em “esquerda”, um programa de computador interpreta essa atividade elétrica como “ir para a esquerda”, o que faz o avião, de fato, ir para a esquerda.

Antes de levantar vôo, porém, a pessoa precisa passar por um treinamento que dura 15 minutos. O objetivo é calibrar a atividade elétrica do cérebro, deixando-a simples o suficiente para o programa de computador ser capaz de entender os comandos. O que a pessoa faz nesse treino é focar em uma tela com quatro setas (uma para cima, uma para baixo, uma para a direita e uma para a esquerda), que vão acendendo sucessivamente.

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Então, o piloto precisa apenas dizer, em voz alta, qual é a direção que está acendendo na tela – se a seta da direita acende, por exemplo, a pessoa fala “direita”, e assim por diante. Isso simplifica a nossa abstrata noção de direção, e faz com que o cérebro tenha atividades em lugares específicos quando a pessoa pensa nessas direções, e torna mais fácil a sua leitura pelos eletrodos. E funciona: o primeiro voo de verdade com o aparelho foi feito por um repórter do site Wired, que conseguiu pilotar a aeronave sem sofrer nenhum arranhão.

Comandar coisas com a atividade cerebral não é uma novidade: cientistas já criaram jeitos de controlar um cursor no computador, de pilotar um drone e até de ajudar vítimas de derrames a movimentar braços mecânicos só com a força do pensamento. Mas essa é a primeira vez que alguém consegue algo tão grande quanto pilotar um avião inteiro só com o sistema.

Mesmo assim, não é como se os aviões da Honeywell agora fossem todos movidos pela mente: ainda não é possível pilotar o avião usando só o cérebro e mais nada. Todos os testes até agora foram feitos com a supervisão de um piloto profissional e com o piloto automático dando aquela ajuda básica para atividades como decolagem e pouso. Isso porque os eletrodos da touca só conseguem captar comandos simples, e ainda não são capazes de entender uma ordem como “suba alguns metros” ou “desvie dessa montanha e depois volte para a rota normal”. Fora que a atividade mental demora aproximadamente 10 segundos para ser captada e interpretada pelo programa – ou seja: uma manobra de emergência estaria fora de cogitação.

Além desses, há outros problemas que a Honeywell precisa superar antes de vender aviões pilotados com o “poder da mente”. Para começar, os eletrodos precisam ser mais sensíveis do que os já usados pelos primeiros protótipos, já que o tipo de atividade mental que eles leem é muito fraquinha (tem um décimo da intensidade da atividade normal). Além disso, o piloto precisa estar totalmente focado para dirigir o avião usando o cérebro – qualquer distração, como um susto ou mesmo uma piscada mais forte que o normal, pode interferir nas leituras do programa. E se concentrar assim, nesse nível, pode ser tão difícil quanto pilotar um avião, então ainda vai levar um tempinho até que qualquer um possa, realmente, fazer isso.

Clicando aqui, você confere um vídeo do repórter do site Wired piotando, enquanto voa, um avião com seus pensamentos!

Fonte: Superinteressante

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