O que são os blecautes?

Um blecaute, também conhecido como apagão, é o colapso temporário do fornecimento de energia elétrica à determinada localidade. A proporção das áreas afetadas pode variar desde um bairro até regiões inteiras de um ou mais países.

Apesar de todo apagão poder ser traduzido em prejuízo, são extremamente críticos aqueles que ocorrem em locais onde o ambiente ou a saúde pública sejam postos em risco. Locais como hospitais ou estações de tratamento de esgoto possuem geradores de emergência para impedir que causas externas influenciem no seu funcionamento básico. 

As causas de um blecaute localizado podem variar desde acidentes naturais, como a queda de árvores durante tempestades ou manutenção em uma subestação. Já apagões de grande escala podem ter causas tais como erros grotescos do operador elétrico ou a escassez relativa de energia, na qual a oferta é inferior à demanda.

Tipos de falhas energéticas

  • Transientes de corrente: é uma falha momentânea que não estará presente se a energia for desconectada por um curto período de tempo e logo restaurada. Um transiente também sempre ocorre quando qualquer circuito é “ligado”, sendo o intervalo até que o mesmo atinja o estado permanente. Quando ocorre uma falha em um sistema aéreo, o equipamento de proteção do sistema opera de forma automática a isolar a área da falha para tentar restaurar a energia. Isso não é tão comum em sistemas subterrâneos, pois as falhas são de natureza persistente na maioria dos casos. Motivos comuns são: descargas elétricas, queda de árvores ou o contato entre diferentes condutores.
  • Brownout: é a queda intencional ou não da tensão em um sistema de potência. Brownouts intencionais são usados para redução de carga em uma emergência, evitando maiores danos. Em contraste com os transientes, a redução pode durar minutos ou horas. O termo provém da diminuição do brilho da iluminação incandescente causado pela menor tensão de operação. As quedas de tensão podem causar um comportamento inesperado em sistemas digitais. Os sinais de controle podem ser atenuados abaixo do limite no qual os circuitos lógicos detectam com segurança qual estado está sendo representado (0 ou 1). À medida que a tensão retorna aos níveis normais, estados “impossíveis” podem se tornar possíveis. A seriedade desse efeito depende da natureza do equipamento que está sendo controlado. Por exemplo, uma queda de energia pode fazer com que um motor comece a girar em sentido oposto.
  • Blackout: Um blecaute é a perda total de energia em uma área e é a forma mais grave de queda de energia que pode ocorrer. As interrupções podem durar de alguns minutos a algumas semanas, dependendo da natureza do blecaute e da configuração da rede elétrica. Um apagão rotativo é uma paralisação intencional da entrega de energia elétrica em diferentes partes da região de distribuição, na forma de um rodízio. É uma medida de último recurso usada pelo operador elétrico para evitar um apagão total do sistema de energia.

Black start

Normalmente, a energia elétrica usada numa usina é fornecida pelos próprios geradores da estação. Se todos forem desligados, a energia de serviço da estação será fornecida através da rede elétrica externa. No entanto, durante uma interrupção ampla, a energia não estará disponível. Na ausência de energia da rede, é necessário executar o chamado black start para inicializar a rede elétrica em operação.

Para fornecer um black start, algumas usinas possuem pequenos geradores a diesel, que podem ser usados para acionar os geradores principais da usina. Freqüentemente, as usinas hidrelétricas são designadas para restaurar as interconexões da rede. Uma estação hidrelétrica precisa de muito pouca energia inicial para fins de partida (apenas o suficiente para abrir as comportas de água e fornecer corrente de excitação às bobinas do campo do gerador) e pode injetar um grande bloco de energia muito rapidamente na rede, para dar partida em estações de combustível ou nucleares.

Em 2017, uma usina no sul da Califórnia demonstrou com sucesso o uso de um sistema de armazenamento de energia com bateria para fornecer uma restauração.

Blackouts famosos

  • Nova York, 1977: apesar do episódio da série Todo Mundo Odeia o Chris não se passar durante esse apagão, ele dá uma excelente impressão do caos que a cidade mergulhou. Os eventos que antecederam o blecaute começaram às 20h37 da quarta-feira, 13 de julho, com um relâmpago no sul de Buchanan, uma subestação no rio Hudson, disparando dois disjuntores. Um segundo raio causou a perda de duas linhas de transmissão de 345 kV e a perda de energia de uma usina nuclear de 900 MW em Indian Point. Após mais raios e erros de operação, às 21h36 a maior parte da cidade foi desligado, apenas retornando no final do dia seguinte. O apagão de 1977 resultou em saques em toda a cidade e outros atos de atividades criminosas, incluindo incêndios criminosos.
  • Brasil, 2001-2002: A chamada Crise do Apagão ocorreu na metade final do mandato de FHC, entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, Diversos fatores causaram a crise como uma estiagem prolongada, falta de planejamento e ausência de investimentos em geração e transmissão de energia. Com a escassez de chuva, o nível de água dos reservatórios das hidroelétricas baixou e os brasileiros se viram obrigados a cortar em 20% o consumo de eletricidade em quase todo o País. De forma a evitar novos problemas similares, o governo federal, iniciou um imenso programa de investimentos em uma rede de usinas termelétricas, que não dependem do ciclo das águas e complementam o sistema.
  • Chernobyl, 1986: O maior acidente nuclear da história ocorreu durante um teste de segurança que simulava uma falta de energia da estação, durante a qual os sistemas de segurança de emergência e de regulagem de energia foram intencionalmente desligados. Em uma operação normal, cerca de 6% da potência de um reator é derivada não da fissão mas sim pelo decaimento radioativo. O calor gerado deste decaimento continua mesmo após a reação em cadeia ter sido parada (como numa falha energética) e um resfriamento é necessário para evitar que ocorra um derretimento nuclear. Como as bombas de resfriamento também precisavam de eletricidade e deviam continuar a funcionar, foi teorizado que a inércia rotacional das turbinas e a pressão residual do vapor em si podiam ser usadas para gerar a energia elétrica necessária para ligar os geradores a diesel, que forneceriam a energia para as bombas. O resto, infelizmente, é história.

Matéria por Esteban Aguilar

Curtiu o conteúdo? Clica na nossa logo para muito mais!