Empresas brasileiras estão mais bem preparadas para um racionamento, avalia S&P

Impacto mais significante está no desempenho da economia brasileira do que na falta de energia para as companhias

 A agência de classificação de rating Standard & Poor’s acredita que o atual cenário hidrológico no país que poderá levar a um racionamento de energia e de água não deverá afetar as notas das empresas que avalia. Embora com custos maiores de energia, a agência afirmou em relatório que a vulnerabilidade de 14 setores da economia à falta de energia está mais para baixa, sendo que apenas dois segmentos estão na classificação alta e outros dois como média.
A S&P apontou que essa avaliação está baseada em um cenário de redução de carga em 10% dada a disponibilidade de energia térmica e a biomassa no país. Por isso, o impacto da crise de fornecimento de água é o mais complicado de ser avaliado. Essa situação decorre da redução na dependência de geração por meio de UHEs e pela ampla adoção de sistemas de cogeração pelas empresas, assim como o uso mais eficiente desse recurso desde o racionamento de 2001.

“Acreditamos que as empresas brasileiras estejam mais bem preparadas para enfrentar um racionamento, em razão de ajustes como a reutilização mais intensa de água, investimentos em autossuficiência energética, planos alternativos para a cogeração de energia e a capacidade de realocação de operação para outras plantas”, indicou a agência no documento.
O cenário de racionamento, explicou a S&P, poderá ocorrer se os reservatórios não alcançarem o nível de 35%. Com isso, o corte de carga teria que ser feito entre os meses do período seco, maio a novembro, o que levaria a um crescimento econômico menor, fator que traria consequências piores do que a falta de energia em si, principalmente para as siderúrgicas, avaliadas como de alta vulnerabilidade a um racionamento, que teriam que enfrentar menor demanda por aço.
Dentre todos os segmentos avaliados, os que apresentam um grau de vulnerabilidade médio são os de cimento e petróleo, gás e petroquímico. No caso deste primeiro setor a S&P afirma que as maiores fabricantes já são autossuficientes e também seriam afetadas por menor demanda de produtos. Já as refinarias de petróleo e indústrias químicas seriam mais expostas diretamente à escassez no fornecimento de energia.
Entre as maiores penalizadas estão as empresas dos setores de mineração que são considerados consumidores intensivos de energia. No caso da Vale, o problema maior é que dois terços da produção estão localizados nos sistemas sul e sudeste. As estimativas da S&P é de que o potencial impacto no desempenho da empresa é de menos de 3% do Ebitda no cenário avaliado.