Maior aeronave do mundo volta a ser fabricada

O Airlander é mais pesado do que o ar e, ao contrário dos dirigíveis, sua forma gera sustentação como as asas de um avião.

O Airlander é mais pesado do que o ar e, ao contrário dos dirigíveis, sua forma gera sustentação como as asas de um avião.

Projeto devolvido

A maior aeronave do mundo, a Airlander, foi apresentada na Grã-Bretanha.

Ela tem 92 metros de extensão, 18 a mais que os maiores aviões comerciais, o Airbus A380 e o Boeing 747-8, e nove a mais que o avião de carga Antonov An-225, até então a aeronave mais comprida já construída.

À primeira vista, é possível confundir a Airlander com um imenso dirigível, por seu balão inflado a gás e a cápsula logo abaixo.

Mas sua forma aerodinâmica única, que parece uma série de charutos colados uns aos outros, permite gerar sustentação como faz a asa de um avião.

Isso é muito importante, porque assim seus projetistas puderam fazer uma máquina mais pesada que o ar, o que elimina a necessidade de uma grande equipe mantê-la no solo por meio de cordas quando ela pousa.

A aeronave pode até mesmo ser aterrissada por controle remoto, sem qualquer pessoa a bordo, em terra ou na água.

A aeronave voltou a ser desenvolvida no Reino Unido depois que os recursos do exército norte-americano para o projeto se esgotaram.

Os militares norte-americanos haviam comprado a aeronave há alguns anos para usá-la em vigilância – ela pode ficar parada no mesmo lugar por até 21 dias de cada vez e é capaz de voar mesmo com vários furos em seu balão.

Quando o orçamento do departamento de defesa foi reduzido, os britânicos a compraram de volta, e agora planejam seu primeiro voo no Reino Unido ainda para este ano.

A aeronave poderá levar 50 toneladas de material a qualquer parte no mundo, 50 vezes mais do que um helicóptero.

A aeronave poderá levar 50 toneladas de material a qualquer parte no mundo, 50 vezes mais do que um helicóptero.

Sobrevoando a Amazônia

A fabricante Hybrid Air Vehicles (HAV) recebeu 2,5 milhões de libras (R$ 9,75 milhões) em financiamento do governo britânico para desenvolver a tecnologia e a engenharia da aeronave.

A Airlander custa 60 milhões de libras (o equivalente a R$ 240 milhões).

“Estamos colocando 2 bilhões de libras na pesquisa e desenvolvimento numa nova geração de aviões mais silenciosos, eficientes energeticamente e que têm menor impacto no meio ambiente”, diz o secretário de negócios da Grã-Bretanha, Vince Cable.

“Isso inclui o apoio a projetos como essa inovadora aeronave de carbono da HAV, uma pequena empresa britânica que tem potencial para liderar essa área no mundo,” continuou.

Tudo isso é uma ótima notícia para um dos maiores investidores do projeto, Bruce Dickinson, mais conhecido por ser vocalista de uma das bandas de rock mais duradouras e de maior sucesso do mundo, o grupo Iron Maiden.

“Esse projeto muda as regras do jogo em relação ao que é possível colocar no ar”, diz ele. “Essa ideia sempre existiu. Só estávamos esperando a tecnologia chegar ao ponto necessário para concretizá-la.”

Segundo Dickinson, o impacto ambiental da Airlander é 70% menor do que o de um avião de carga, não requer uma pista de decolagem e pode ser pilotada por apenas duas pessoas. E carrega 50 toneladas de material a qualquer parte no mundo, 50 vezes mais do que um helicóptero.

O roqueiro empresário quer divulgá-la com o tipo de viagem que o magnata Richard Branson, do conglomerado Virgin, faria: duas voltas ao redor do mundo sem paradas.

“Sobrevoaremos a Amazônia e algumas das maiores cidades do mundo a apenas 20 metros de altura e exibiremos tudo pela internet”, diz Dickinson.

Os hangares históricos, onde foram fabricados dirigíveis há mais de 100 anos, foram reativados para fabricação da Airlander.

Os hangares históricos, onde foram fabricados dirigíveis há mais de 100 anos, foram reativados para fabricação da Airlander.

Hangares históricos

Não é surpresa que seja necessário estar no maior hangar da Grã-Bretanha para ver a maior aeronave do mundo.

Nos hangares Cardington foram feios os dirigíveis britânicos do início do século 20 – incluindo o R101, de final trágico.

O gigante era duas vezes mais comprido que a Airlander, tinha um belo salão de jantar e era considerado o futuro da aviação, até o momento que foi devorado por um incêndio depois cair na França em 1930, matando 48 das 54 pessoas a bordo.

A tecnologia percorreu um longo caminho desde então. O Airlander é inflado com hélio inerte em vez do inflamável hidrogênio.

Fonte: inovação tecnológicalogopet (1)