Governo barra térmicas e planeja expansão com renováveis e hidrelétricas

Nos próximos 10 anos, 30% de toda potência contratada será proveniente de fontes alternativas

O próximo Plano Decenal de Energia (PDE) vai trazer uma boa notícia para as empresas que desenvolvem projetos de energia renovável e uma péssima notícia para os empreendedores de usinas termelétricas.

O documento preliminar, que está sendo finalizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e abrangerá o período de 2009 a 2018, não contemplará a contratação de térmicas a óleo combustível, diesel, gás natural ou carvão. Até o final do primeiro semestre, o PDE 2009-2018 deverá ser colocado em audiência pública.

O governo acredita que uma capacidade excessiva de termelétricas foi contratada nos últimos anos. Desde 2005, 10 mil MW de projetos desse tipo foram licitados em leilões de energia nova, contra 3,7 mil MW de fontes renováveis.

Em evento realizado pelo Banco Santander na última semana, o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou a uma plateia de investidores que cerca de 26,5 mil MW de novas usinas serão necessárias nos próximos 10 anos. Deste montante, 30%, ou seja 8 mil MW, será proveniente de plantas a biomassa, centrais eólicas e pequenas centrais hidrelétricas. O restante vai ser suprido por usinas hidrelétricas, que constituem a base do parque gerador brasileiro, que hoje possui 110 mil MW, sendo 70% de plantas hídricas.

A energia eólica, que teve seu primeiro leilão no final do ano passado e contratou 1,8 mil MW, receberá um novo tratamento neste plano. Prova disso é o leilão de reserva para fontes alternativas que o Ministério de Minas e Energia vai promover no segundo trimestre de 2010. O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Junior, calcula que cerca de 500MW médios serão contratados nessa licitação.

Esta estratégia de expandir com fontes limpas só não será colocada efetivamente em prática se entraves ambientais impedirem a entrada de plantas hídricas nos próximos leilões de energia. A hidrelétrica de Baixo Iguaçu (350MW) da Neoenergia, por exemplo, que foi leiloada em 2008, ainda não saiu do papel porque não obteve as licenças ambientais necessárias.

Cerca de 800MW de termelétricas estavam previstas no PDE 2008-2017, que serve como indicativo para o governo federal. Contudo, somente em 2008, 4 mil MW de usinas térmicas foram contratadas nos leilões de energia. No ano passado, devido à retração na demanda causada pela crise internacional, nenhum empreendimento térmico foi licitado. Sem licenças para hidrelétricas, o leilão A-5 que seria realizado no final de 2009 foi cancelado.

Para este ano, a EPE espera colocar em leilão, além da usina de Belo Monte (11.233MW), outros sete empreendimentos que utilizam água para gerar energia elétrica e que somam mais de 4,1 mil MW. Para o primeiro semestre, está prevista a licitação das usinas Santo Antônio do Jari (300MW), Garibaldi (175MW) e Colíder (342MW), localizadas no rio Parnaíba. Na segunda metade do ano, o governo acredita que seja possível leiloar Teles Pires (1.820MW), São Manuel (747MW), Foz do Apiacás (275MW) e Sinop (461MW).

Fonte:Jornal da Energia