Pós-apagão, termelétricas vão responder por até 40% da energia consumida no NE

A partir de segunda-feira (29), as usinas termelétricas vão gerar até 40% da energia consumida no Nordeste, segundo anúncio feito pelo presidente da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) , João Bosco de Almeida, no sábado (27). No apagão que deixou os nove estados nordestinos e mais algumas localidades brasileiras às escuras por até quatro horas, de quinta (25) para sexta-feira (26), 25% da energia consumida pelo Nordeste estavam sendo gerados por usinas termelétricas.

A falta de chuvas na bacia do São Francisco, onde ficam nove usinas da Chesf, fez com que o Operador Nacional do Sistema (ONS) determinasse que as 33 térmicas da Região estivessem prontas para a demanda estipulada. As condições dos reservatórios no final do período seco são alarmantes, como no caso da barragem de Sobradinho, na Bahia, que garante a produção de 90% da energia hidrelétrica consumida no Nordeste e está com apenas 24% de capacidade.

As termelétricas foram acionadas para garantir o abastecimento regional. “Neste momento, o Operador Nacional do Sistema explora o máximo que pode das usinas hidrelétricas e vai complementando com usinas térmicas, sempre numa escala de preço. As usinas térmicas mais baratas entram primeiro do que aquelas que têm o preço mais alto. Isso é necessário para que a gente preserve o saldo de água que temos nos reservatórios até o período chuvoso, que ocorre no mês de outubro, no caso da bacia do São Francisco”, explica João Bosco de Almeida.

Com uma experiência de mais de 50 anos no setor elétrico, João Paulo Aguiar, do núcleo Nordeste da ONG Ilumina , afirma que o problema não é na geração, mas na transmissão da energia para a região. O especialista reconhece que a operação das usinas termelétricas é necessária, mas tem seu preço. “O prejuizo é o custo. A água é gratuita, a térmica vai a centenas, às vezes até a milhares de reais, afora a poluição”, diz Aguiar.

Sabotagem descartada

O apagão na última semana disparou um alerta sobre o sistema elétrico brasileiro e a investigação das causas do ocorrido é crucial para a determinação das medidas necessárias.  O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, afirmou na tarde de sexta-feira (26) que “não há a menor hipótese de uma sabotagem” na série de apagões verificados no país. Segundo dados do governo, foram quatro ocorrências em pouco mais de um mês.

De acordo com o ONS, houve um incêndio em um equipamento entre duas subestações de energia de Colinas (TO) e Imperatriz (MA) e essa teria sido a provável causa do último apagão. O governo sabe que houve um curto-circuito, mas ainda trabalha para identificar o que provocou a falha no sistema de proteção, que possibilitou que o apagão se alastrasse.

Durante a coletiva, o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, voltou a dizer que a situação é inesperada, mas que é preciso aguardar o relatório técnico antes de falar das possibilidades para a ocorrência do apagão. Segundo ele, um grupo de técnicos do ministério, do ONS e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) foi enviado a Colinas para averiguar o problema e, na próxima semana, o ONS deve apresentar um relatório técnico sobre o episódio. O interino garantiu ainda que a presidente Dilma Rousseff acompanha os desdobramentos dos apagões e as medidas para evitar novos problemas.

FONTE:  G1