Água em poeira cósmica sugere que vida é universal

Grandes filamentos de poeira espacial são também o berço de estrelas.

Grandes filamentos de poeira espacial são também o berço de estrelas.

Semeando vida

Jogar um punhado de poeira de estrelas sobre um planeta pode ter um efeito tão mágico quanto parece.

O efeito, por exemplo, de semear a vida no planeta.

Isso porque os grãos de poeira que flutuam através do nosso sistema solar contêm minúsculas bolsas de água, formadas quando os grãos de poeira são atingidos por rajadas de vento solar, que é carregado eletricamente.

A reação química que faz isso acontecer já tinha sido replicada em laboratório, mas esta é a primeira vez que foi encontrada água presa dentro de poeira estelar real.

Combinados com achados anteriores de compostos orgânicos em asteroides e em poeira interplanetária, os resultados sugerem estes grãos podem conter os ingredientes básicos necessários para o surgimento da vida.

Como grãos de poeira semelhantes devem existir em todos os sistemas planetários pelo universo, este é um bom indício da existência de vida em todo o cosmos.

De fato, os sistemas planetários estão cheios de poeira, resultante de muitos processos, incluindo o esfacelamento de cometas.

“As implicações são potencialmente enormes,” disse Hope Ishii, da Universidade do Havaí, participante do estudo. “É uma possibilidade particularmente emocionante que este afluxo de poeira sobre as superfícies dos corpos dos sistemas planetários tenha funcionado como uma chuva contínua de pequenos reatores contendo tanto a água quanto os compostos orgânicos necessários para a eventual origem da vida.”

A pesquisadora se baseia também em outros estudos de laboratório, que mostram que minúsculas gotas de água são reatores muito mais propícios às reações químicas do que a água em grandes quantidades, em lagos e rios, por exemplo.

Como água surge na poeira interestelar

O grupo de pesquisadores encontrou a água inspecionando a camada externa de partículas de poeira interplanetária coletadas na estratosfera da Terra.

Microscópios de última geração permitiram analisar grãos de poeira de 5 a 25 micrômetros de diâmetro, o que revelou inclusões fluidas, minúsculas bolsas de água presa logo abaixo da superfície da poeira interestelar.

O processo pelo qual a água pode se formar no interior desses grânulos minúsculos, por sua vez, parece ser bem compreendido.

A poeira é composta principalmente de silicatos, que contêm oxigênio. Conforme viaja através do espaço, ela recebe o impacto do vento solar, uma corrente de partículas carregadas eletricamente – incluindo íons de hidrogênio de alta energia – que é ejetada da atmosfera do Sol.

Quando os dois se chocam, hidrogênio e oxigênio combinam-se para formar água.

Como a poeira interplanetária deve “chover” sobre a Terra desde os seus primórdios, é possível que o material tenha trazido água para o nosso planeta, embora seja difícil conceber como esse processo poderia explicar os milhões de quilômetros cúbicos de água que cobrem a Terra hoje.

“De forma nenhuma sugerimos que isso tenha sido suficiente para formar oceanos,” reconhece Ishii, bem mais realista do que colegas seus, que já falaram em “oceanos de água” em disco planetário.

De qualquer forma, pode ser uma bela irrigação de vida em um planeta com precondições propícias para a vida.

Fonte: inovação tecnológicalogopet (1)