Robôs poupadores: eles te ajudam a gastar menos

A Inteligência Artificial permeia boa parte do nosso dia a dia – seja ajudando a lembrar de um compromisso, indicando um filme e até reconhecendo o rosto dos amigos no Facebook. Mas uma novidade que deve ganhar muitos adeptos é o uso da IA para controlar o orçamento pessoal. Os “robôs poupadores” fazem recomendações de categorias a serem economizadas e até indicam produtos e serviços mais em conta. Com isso, o usuário poupa uma graninha e eventualmente pode aplicá-la em investimentos mais rentáveis.

“Nossa inteligência consegue perceber, por exemplo, se a pessoa gosta de comer fora e passa a enviar mais mensagens sobre os gastos nesta categoria e até cupons de desconto. A ideia é perceber as escolhas que dão prazer à pessoa e ajuda-la a ter mais disso, ao invés de ficar puxando a orelha pra cortar o cafezinho diário”, explica Julio Duram, diretor de tecnologia e produto do Guiabolso.

Ao mesmo tempo, o robô também percebe se o dinheiro está parada na poupança e passa a enviar conteúdos de investimentos mais rentáveis. “Um dos pilares do Guiabolso é o de mudar a forma como o brasileiro lida com dinheiro e ajudar a transformar (de verdade) o sistema financeiro”, diz.

Já o app Olivia, criado pelos brasileiros Lucas Moraes e Cristiano Oliveira, mas ainda disponível somente nos Estados Unidos, deve chegar ao Brasil no primeiro semestre deste ano e promete estimular ainda mais o mercado dos “robôs poupadores”.

A inteligência da Olivia faz três coisas diariamente: entende o passado do usuário (ex: o usuário abastece o carro nesse posto), prevê o futuro (ex: quando será a próxima vez que o usuário irá abastecer) e, por fim, recomenda o presente (ex: recomenda um posto mais barato).

Mais que um aplicativo ou um assistente virtual, a Olivia é a ponta do iceberg de um sonho grande dos criadores, que é desenvolver um ecossistema inteligente, a ponto dos usuários não terem de se preocupar mais com suas finanças. A ideia é se tornarem o carro autônomo do mercado financeiro.

“Na nossa visão, para ser o carro autônomo da vida financeira do usuário, precisamos construir três pilares: o primeiro é ajudar o usuário que possua alguma dívida a pagá-la de forma “automática”, com dicas no dia a dia, para que o mesmo sempre tenha o dinheiro para quitá-la. O segundo pilar é ter uma conta-corrente que se auto-gerencia. O terceiro é ajudar o investimento a crescer sozinho – caso o usuário tenha condições de investir, é claro”, explica Lucas Moraes, co-fundador.

A Olivia também faz recomendações de produtos e serviços mais baratos. O app busca gerar descontos através de parceiros que possam ser repassados para a base de usuários. Por exemplo, ela pode propor à empresa que faz entregas de comida um desconto no frete.

“Após dois meses de uso do app, o valor poupado pelos americanos subiu sete vezes. Em dados relativos, o nosso usuário médio começa a usar a plataforma economizando apenas 0.8% da renda familiar. Depois de 60 dias, esse percentual passa para 5.67% da renda. Isso é importante pois nossos usuários começam a ter mais controle e poder sobre sua vida financeira”, finaliza Lucas.

Mercado em potencial

Hoje o Brasil conta com 60% das famílias endividadas, sendo que 77% dessas dívidas estão em cartões de crédito. Ou seja, modalidade com a maior taxa de juros. Isso oferece um potencial imenso aos aplicativos do segmento. Além disso, o país também tem uma penetração de smartphone imensa com mais de 220 milhões de celulares.

Outro fator que deve aumentar o potencial do mercado é a questão do open-banking. Este é um modelo de negócios no qual os bancos abrem as plataformas digitais próprias para que aplicações de terceiros – fintechs – ofereçam serviços aos correntistas, integrados à instituição financeira.

Assim, bancos e fintechs usam APIs para viabilizar os serviços. Na prática, significa que num futuro próximo o consumidor pode conseguir pagar suas contas pelo WhatsApp ou acessar todos os dados de gastos e renda de diversas contas e cartões num só aplicativo.

Fonte: CanalTechlogo_pet2