Os reflexos da dependência tecnológica na vida das pessoas

Como todos nós sabemos, não há dúvidas quanto aos benefícios gigantescos que o uso do celular traz para nosso dia a dia. A  melhoria e a revolução que a internet trouxe podem ser comparadas com a invenção da escrita. Diferentemente da TV e do rádio que interagem de maneira passiva, o celular permite a aproximação de quem está longe de forma ativa, ajudando-nos a desenvolver formas de inteligência coletiva. Mas o que vamos discutir hoje será como utilizar essa tecnologia para nosso benefício e não permitir sermos dominados por ela. Vamos então aprender a sermos seres digitais conscientes?

 Nessa quarentena, aposto que você, assim como eu, aumentou o tempo no celular, acertei? Nada mais justo que usar um tempinho para entender os impactos que seu cérebro e seu corpo possam estar sentindo com isso. Vamos ver quais são os perigos reais e os mitos do uso da internet?

Começaremos com a pergunta que não quer calar: podemos nos tornar viciados pelo celular? E aqui quando digo celular, incluo também o acesso à internet.

E a resposta é sim, a dependência ao celular altera nossos comportamentos e como nosso cérebro funciona. A alteração cerebral nesse caso é similar às alterações em cérebros de pessoas com algum tipo de vício, e hoje em dia já temos o nome oficial para pessoas nessa situação: é a NoMoFobia, que seria o medo de ficar sem o celular. Para comprovar essas alterações cerebrais, foi realizado um estudo com 60 jovens com idade entre 18 e 30 anos considerados saudáveis, porém todos se declararam dependentes do celular. O experimento consistia em realizar um estudo cerebral em duas redes de conexões neurais,  justamente as redes neurais alteradas em pessoas com algum tipo de dependência. Os resultados comprovaram que o
vício pelo celular prejudica as mesmas redes neurais das pessoas com qualquer outro tipo de vício.

Você certamente já deve ter ouvido em algum momento da vida alguém recomendar que você não ficasse muito perto da TV, porque prejudicaria sua visão. Será que essa recomendação vale também para a telinha do celular? Vamos conferir.

E a resposta é, novamente, sim, pessoal! O tempo cada vez maior que passamos diante das telas , TVs, smartphones e monitores de computador vem impactando na saúde dos nossos olhos. Pesquisas e a própria percepção de especialistas em consultório mostram que o hábito de focar imagens de perto por horas a fio está ocasionando o fenômeno chamado miopização, ou seja, levando à dificuldade para enxergar de longe. E a explicação é simples: segundo a oftalmologista Mariana Amaranto,  é como se o olho se acostumasse a focalizar imagens de perto e, aos poucos, perdesse a capacidade de capturá-las também à distância.

Mas essa não será a revelação mais impactante de hoje, eu garanto: o que está por vir vai te deixar em choque. Vocês sabiam que existe um estudo que investiga a hipótese do celular causar dreno cerebral? Não entendeu nada? Vou te explicar.

Uma pesquisa liderada por Adrian Ward, PhD, professor da University of Texas, em Austin,  mostrou que ter um smartphone por perto reduz a capacidade cognitiva, mesmo quando o telefone está desligado. É isso mesmo que você leu: desligado.

Foram realizados dois estudos nos quais cerca de 800 estudantes de graduação iniciaram uma tarefa cognitiva com seus smartphones colocados em três situações diferentes: perto e à vista, perto e fora da visão ou em outra sala.

Os pesquisadores descobriram que a mera presença do smartphone afetou negativamente a capacidade cognitiva disponível, mesmo quando os participantes conseguiram manter a atenção, quando não estavam usando o celular e quando informaram não ter pensado no telefone. Estes efeitos cognitivos foram mais fortes nos participantes que disseram ter maior dependência do smartphone. Surpreendente, não é mesmo? Vamos dar uma olhada como foram realizados esses testes.

Durante o experimento, os pesquisadores pediram aos participantes que se sentassem em um computador e fizessem uma série de testes que exigiam concentração total. Os testes foram criados para medir a capacidade cognitiva dos participantes, ou seja, a capacidade do cérebro de captar e processar dados a qualquer momento. Antes de começar, os participantes foram instruídos aleatoriamente para colocar seus smartphones na mesa com a face voltada para baixo, no bolso ou bolsa pessoal, ou em outra sala. Todos os voluntários foram instruídos a deixar seus aparelhos em modo silencioso. Aqueles que deixaram os smartphones em outra sala superaram significativamente os demais. Os que mantiveram seus aparelhos em um bolso ou bolsa se saíram melhor do que os outros, que colocaram os dispositivos sobre a mesa.

O que a pesquisa revelou foi que não importa se o telefone de uma pessoa estava ligado ou desligado, ou se estava virado para cima ou para baixo na mesa. Ter um celular à vista ou de fácil acesso reduz a capacidade de uma pessoa se concentrar e executar tarefas, porque parte de seu cérebro está trabalhando ativamente para não pegar no telefone.

Isso sugere que a mera presença de um smartphone reduz e prejudica o funcionamento cognitivo, mesmo que as pessoas estejam focadas na tarefa em questão e não estejam distraídas com notificações. Por essa eu não esperava, e você? Deixe comentários na nossa página, vamos adorar saber!

Mas os estudos não param por aí.

Será que de alguma forma o celular pode gerar ansiedade e piorar nossa qualidade do sono? É isso que vamos ver agora.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Coreia, em Seul, na Coreia do Sul, mostrou que adolescentes viciados nessas tecnologias têm maior chance de sofrer com problemas como depressão, ansiedade, insônia e impulsividade. Além disso, exames de ressonância magnética revelaram que a dependência provoca alterações no equilíbrio químico do cérebro.

A pesquisa foi realizada com 38 pessoas, divididas em dois grupos iguais. De um lado, estavam jovens com idade média de 15,5 anos e diagnosticados com vício em smartphone ou internet, e do outro, um grupo de controle também composto por 19 pessoas da mesma faixa etária e divisão de gênero. Doze dos viciados fizeram sessões de terapia cognitivo-comportamental por um período de nove semanas.

Os pesquisadores aplicaram aos voluntários questionários para medir a severidade da dependência, com perguntas sobre como o uso da internet e do smartphone afeta suas rotinas diárias, vida social, produtividade, padrões de sono e sentimentos. Os adolescentes viciados tiveram notas maiores para depressão, insônia, ansiedade e impulsividade.

Por fim, porém não menos importante, quais os impactos nas nossas relações interpessoais?

 É notório que essa dependência está causando danos às relações pessoais e profissionais das pessoas. O tempo gasto na internet e no telefone, principalmente com redes sociais, tem feito com que momentos reais e de qualidade entre amigos e familiares sejam reduzidos. Podemos dizer que tem sido normal alguém se sentir rejeitado quando, no meio de um diálogo, a outra parte prefere atender ao telefone ao invés de ignorá-lo, ou quando se conversa com alguma pessoa que não larga o celular e não dá a devida importância ao assunto. Aposto que você, assim como eu, também já vivenciou uma situação parecida com essa, não é mesmo?

Uma pesquisa realizada por uma empresa que é especializada em comportamento corporativo e desempenho organizacional comprova que 89% dos entrevistados, até mesmo os usuários assíduos do celular, acreditam que a utilização desta tecnologia prejudica os relacionamentos, e 90% deles afirmam que ninguém deveria checar o celular e suas redes quando estiverem tendo interações pessoalmente com alguém. Porém, sabemos que essa não é a realidade. Dentre os entrevistados, 1 entre 4 afirmaram já ter tido sérios problemas com pessoas próximas por conta de dispositivos móveis e internet.

Não deixe de compartilhar e comentar nossa matéria, afinal, a internet também nos beneficia em muitos aspectos e nós, como seres digitais conscientes, vamos usá-la a nosso favor, não é mesmo?

Por:Luísa Barbosa