Coronavírus e a Importância da Pesquisa no Brasil

Com a pandemia do Coronavírus em todo o mundo e os primeiros casos diagnosticados no Brasil, pesquisadores de diversas universidades e instituições no país trabalham para ajudar a combater a Covid-19.

Diante do primeiro caso de coronavírus no país, durante o período de carnaval, uma equipe de pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL) e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) correram para sequenciar o genoma do vírus em tempo recorde. Enquanto outros países alcançam o resultado em aproximadamente 15 dias, os brasileiros conseguiram em apenas 48 horas.

Claudia Gonçalves, Jaqueline Goes e Claudio Sacchi, parte da equipe brasileira que conseguiu sequenciar genoma de coronavírus em aproximadamente 48 horas após confirmação de diagnóstico. Fonte: BBC.

Além disso, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), com material coletado dos dois primeiros pacientes brasileiros diagnosticados com a doença, conseguiram reproduzir seu código genético e cultivar em laboratório uma amostra do Sars-CoV-2, vírus que causa a doença Covid-19. Essa amostra, distribuída para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública pelo Ministério da Saúde, possibilita que todos os estados estejam aptos a realizar o diagnóstico. Anteriormente, as amostras de vírus utilizadas, vindas do exterior, custavam de R$ 12 mil a R$ 14 mil. Anunciaram também que estão desenvolvendo uma vacina trabalhando com partículas semelhantes ao vírus, impossibilitando a replicação por não conter seu material genético e, assim, tornando a vacina mais segura.

Imagem de microscópio mostra o novo coronavírus, responsável pela doença chamada Covid-19. Foto: NIAID-RML/AP.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está desenvolvendo um novo teste de diagnóstico para a doença – com a vantagem de ser aplicável de forma massiva, visto que atualmente ele é feito por meio de um protocolo complexo. Também criaram um hotsite com o objetivo de divulgar informações de fontes confiáveis sobre a pandemia, evitando a propagação de fakenews.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de trabalharem na produção de um novo exame diagnóstico mais rápido e barato, criaram um grupo de trabalho interdisciplinar para ações de orientação, diagnóstico e tratamento de possíveis casos da doença. Na área de engenharia, trabalham no desenvolvimento de uma inteligência artificial para monitorar informações sobre o vírus, desde o fluxo de pessoas chegando de países com transmissão da doença até dados laboratoriais, como mortalidade, na tentativa de prever os lugares que o vírus chegará e, assim, tentar evitar que a doença se espalhe. Também na UFRJ, pesquisam sobre molécula que pode inibir a reprodução do novo coronavírus, trabalho já realizado anteriormente com o zika vírus e a chikungunya, importante para um possível desenvolvimento de um medicamento contra o Covid-19.

O centro de pesquisa da Universidade de Campinas (UNICAMP) desenvolveu um teste rápido do coronavírus, comparando a saliva do paciente com o material obtido em laboratório e com resultado em até 8 horas. Como próximo passo, começarão a testar antivirais que podem impedir o avanço do vírus.

Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – que já haviam sido pioneiros na descoberta do zika vírus – criaram um teste que detecta coronavírus em 3 horas, com equipamento capaz de verificar se o material genético da secreção respiratória contém o gene do coronavírus. Além disso, estudam possíveis mutações do vírus, sequenciando amostras para verificar se o vírus tem as mesmas características do exterior, passando por pessoas com genéticas e climas diferentes .

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Diante dos resultados encontrados pelas pesquisas nas universidades públicas do país, percebemos a importância do investimento em educação e ciência, muitas vezes deixados de lado pelo governo, mas que produzem resultados de extrema relevância para a sociedade.

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Por Juliana Hansen