Entrevista: Vander Menengoy da Costa, faculdade de Engenharia Elétrica da UFJF

Vander Menengoy da Costa graduou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1980). Fez mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPE (1983 e 1997), dedicando-se à área de Sistemas de Energia Elétrica. De 1983 a 1987 atuou como engenheiro eletricista da Companhia Industrial Santa Matilde, localizada em Três Rios, Estado do Rio de Janeiro, desenvolvendo projetos elétricos para trens urbanos destinados ao transporte de passageiros. É professor da Universidade Federal de Juiz de Fora desde 1987. É Professor Titular desde maio de 2014, conforme Portaria número 1024 de 02 de outubro de 2015 da Pró-reitoria de Recursos Humanos dessa Universidade. Leciona nos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora, ministrando disciplinas na área de Circuitos Elétricos, teoria e prática, e Análise de Sistemas de Energia Elétrica, respectivamente. É orientador de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em sistemas de energia elétrica, atuando principalmente nos seguintes temas: fluxo de potência para sistemas de transmissão e distribuição, fluxo de potência continuado, análise da estabilidade de tensão e tratamento de incertezas em estudos de sistemas elétricos. Além disso, Vander Menengoy da Costa também é profissional registrado no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) desde 1981.

Qual a sua principal linha de pesquisa? O que motivou seu interesse pela área?

A minha linha principal de pesquisa é a de Sistemas de Potência. Eu fiz um doutorado na COPPE, onde estudei o desenvolvimento do fluxo de potência que é amplamente conhecido, porém utilizei um modelo matemático de injeção de corrente ao invés de injeção de potência. O resultado ficou muito interessante, e a área de fluxo de potência é muito importante. A minha área principal é fluxo de potência, mas depois trabalhei com estabilidade de tensão e atualmente estou trabalhando com ambos sujeito a incerteza nos dados. O que me motivou foram os estudos desenvolvidos durante o doutorado.

O senhor publicou o livro Circuitos Elétricos Lineares pela editora Interciência. Ele é utilizado em várias disciplinas dentro da UFJF, como Circuitos Lineares I, Circuitos Lineares II, Circuitos Trifásicos, entre outras. Poderia descrever como foi o processo?

O livro levou entre 6 e 7 anos para ser finalizado. O grande desafio não foi a teoria, pois a teoria não muda, apesar da possibilidade de dar foco maior em algo. O grande desafio do livro foram os exercícios. Todos os exercícios devem ser inéditos e existem no livro cerca de mil e duzentos. Outro grande desafio é a quantidade de figuras, não consigo precisar, porém são inúmeras e demandaram grande trabalho. A teoria, eu tentei passar da forma mais didática possível, sempre tentando provar e demonstrar para o aluno.

O senhor leciona há muitos anos. Poderia me falar das dificuldades enfrentadas no que diz respeito ao ensino da engenharia quando iniciou sua carreira e as dificuldades que enfrenta agora?

Em relação à estrutura, quando eu entrei era muito mais precária. Éramos um grupo de professores bem menor, cerca de 20 professores, porém um grupo de alunos também bem menor, digamos 60 alunos por ano. Por outro lado, hoje nós temos uma estrutura por volta de 60 professores mas com 300 alunos entrando anualmente. Na questão de estrutura, melhorou em termos. O fato de entrar por volta de 300 alunos por ano interfere na qualidade do curso. Então eu acredito que em termos de qualidade, nós tínhamos um curso melhor. Com a abertura das ênfases, eu não sei se isso foi muito salutar pro curso.

Como o senhor classificaria qualitativamente o sistema elétrico brasileiro frente ao de outros países? Quais os problemas que enfrentamos?

Julgar de forma qualitativa em relação a outros países eu não sou capaz, agora, enfrentamos sim vários problemas. Falta investimento em geração, falta investimento em novas linhas de transmissão. Então nosso sistema elétrico funciona quase que no gargalo.

O senhor lida com otimismo em relação a fontes renováveis de energia? Acredita que tais fontes podem ocupar mais espaço no futuro?

Eu não trabalho com as fontes renováveis de energia, não é a minha área de pesquisa mas acredito que será o nosso futuro. Energia solar, energia eólica, como já acontece nos outros países. O nosso potencial hídrico um dia pode diminuir ou não ser suficiente, então as outras fontes serão o futuro.

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