Parques eólicos ociosos exibem problema do setor na China

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A julgar pelos parques eólicos ociosos na China, um problema pode estar sendo gerado no setor de energia renovável do país.

A onda de investimentos em energia limpa transformou a China em líder mundial do segmento eólico, respondendo por cerca de uma em cada três turbinas atualmente instaladas, segundo o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês). A Xinjiang Goldwind Science & Technology, que fabrica as máquinas, por sua vez, superou rivais ocidentais como Vestas Wind Systems e General Electric.

Contudo, mesmo com o dobro de capacidade eólica, a China ainda produz menos eletricidade com as turbinas em comparação com os EUA. O motivo é que o país asiático está instalando máquinas de qualidade inferior, usando ventos menos confiáveis e fazendo tudo isso mais rapidamente do que a rede de distribuição consegue absorver.

“Os números são impressionantes”, disse Justin Wu, chefe para a região Ásia-Pacífico da Bloomberg New Energy Finance, que tem sede em Londres. “Dizem que a China está construindo capacidade eólica mais rapidamente do que consegue absorver”.

Do fim de 2006 ao fim de 2015, a capacidade eólica da China se multiplicou por 89, para 139,3 gigawatts, enquanto a dos EUA se multiplicou por sete, para 73,8 gigawatts, segundo dados da BNEF.

Contudo, as máquinas chinesas não são tão eficientes para a geração de eletricidade quanto as dos EUA. Em 2015, os EUA abriram uma ligeira vantagem em relação à China em produção de energia eólica, gerando 185,6 terawatts-hora, contra 185,1 terawatts-hora, mostra pesquisa da BNEF. Em outras palavras, os EUA produziram mais com menos.

Um problema que está sob análise é a eficiência da turbina — uma preocupação apontada pelas fabricantes de turbinas estrangeiras que tentam entrar no mercado chinês.

A Goldwind é, atualmente, a maior fabricante de turbinas do mundo em exportações, enquanto a participação de mercado da Vestas na China caiu dos cerca de 23 por cento de uma década atrás para cerca de 1 por cento nos últimos dois anos, segundo a BNEF.

“Vemos sinais claros” de mudança, passando o foco dos baixos custos para a produção de energia e a taxa interna de retorno das turbinas, que podem operar por 20 anos, disse o CEO da Vestas, Anders Runevad, em entrevista a Tom MacKenzie, da Bloomberg TV, recentemente, em Pequim.

A qualidade do vento também é apontada como culpada.

Conclusões publicadas no início do ano na revista científica Nature Energy por um grupo de pesquisadores de instituições como a Universidade de Tsinghua, de Pequim, e a Universidade de Harvard, dos EUA, mostraram que a qualidade do fluxo de vento explicava parte da diferença na produção de eletricidade entre EUA e China.

Os analistas dizem que o “contingenciamento” é um dos maiores desafios. O contingenciamento ocorre quando a geração eólica está disponível, mas as operadoras da rede não aceitam a eletricidade. Os motivos são complexos e variam das conexões de rede ruins à preferência pela energia à base de carvão, mais previsível e confiável.

Apesar da rápida expansão da China em energia limpa, a geração à base de carvão ainda responde por mais de 70 por cento das necessidades energéticas do país, segundo a Agência Internacional de Energia.

 

Fonte: Examelogo_pet2