Os planos da Tesla e o futuro dos carros elétricos

Geração e armazenamento de energia, expansão para a todos os tipos de transportes terrestres, autonomia e compartilhamento são os princípios que norteiam a segunda parte dos planos futuros da Tesla, empresa de Elon Musk.

Em 2006, quando o bilionário Elon Musk divulgou os planos para o futuro da Tesla, Steve Jobs ainda era vivo, ocupando o posto de gênio da tecnologia, e carros eletrônicos não passavam de protótipos dentro das principais empresas do setor. Dez anos depois, a Tesla, que foi fundada em 2003, desponta como a principal promessa para vermos, em definitivo, carros elétricos nas ruas, e Elon Musk como atual gênio.

Não é por acaso, por exemplo, que Elon Musk fez um ponta em “O Homem de Ferro” depois de ser homenageado em “Os Vingadores”. Em uma cena que já se tornou referência para explicar quem afinal é o sul-africano, Tony Stark, o Homem de Ferro, descreve-se no primeiro filme da série Vingadores como “gênio, bilionário, playboy e filantropo”. Essa descrição bate perfeitamente com Elon Musk, empreendedor mais conhecido pelo sistema de pagamento PayPal, pela fábrica de foguetes SpaceX, pela produtora de painéis de energia SolarCity ou, ainda, pela montadora de carros elétricos Tesla. O que todas essas empresas têm com comum além do investimento e da mão de Musk? Todas estão à frente do seu tempo nos mercados em que atuam.

Nesses dez anos desde a publicação da primeira parte do plano de Musk para a Tesla, a fabricante de carros elétricos já lançou três veículos: o Roadster, em 2010; o Model S, em 2012; e o Model X, em 2015. As coisas devem começar a mudar com a próxima linha: o Model 3, prometido para 2017. Isso porque em apenas uma semana de pré-venda mais de 325 mil unidades foram reservadas. Com isso, a companhia arrecadou nada menos que US$ 14 bilhões em apenas sete dias.

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O carro, que funciona apenas com energia elétrica é vendido por US$ 35 mil e se destaca pela potência da sua bateria: 346 km com uma única recarga. Para garantir que nenhum motorista fique sem energia, a Tesla está espalhando carregadores pelo mundo. Esses pontos de recarga serão gratuitos e já podem ser encontrados em mais de 3.600 hotéis, restaurantes e outros locais dos Estados Unidos. Além disso, o veículo vai de 0 a 100 km/h em apenas seis segundos.

Se voltarmos às primeiras promessas feitas por Musk, veremos que com o Model 3 ele chegou onde pretendia com a Tesla. Em 2006, suas promessas eram: construir um carro esportivo caro; usar o dinheiro das vendas desse carro para construir um carro acessível; usar esse dinheiro para construir um carro ainda mais acessível; e, ao fazer tudo isso, criar um um sistema de emissão zero e novas opções de geração de energia elétrica. O Model 3, por exemplo, não tem motor de combustão debaixo do capô. O espaço é reaproveitado e transformado em um segundo porta-malas. Com o Model 3, está claro que a Tesla entra na parte do dois do plano de Musk, cuja carta foi divulgada em julho deste ano.

Tesla Motors: segundo ato

São quatro as novas promessas da Tesla: criar painéis solares com o armazenamento de bateria integrada; expandir a linha de veículos elétricos para todos os principais segmentos de transportes terrestres; desenvolver um piloto automático que seja 10X mais seguro do que o manual por meio do ensino maciço da frota; desenvolver formas do carro fazer dinheiro para o seu dono enquanto ele não estiver sendo usado.

Nesse aspecto, o Model S é um primeiro passo, pois ele vem com uma espécie de piloto automático. Recentemente, um acidente que provocou a morte do motorista de um Model S que estava com o sistema Autopilot habilitado colocou em cheque a segurança do recurso, que ainda está em beta e que só pode ser habilitado pelo dono do carro. Musk aproveitou a carta para falar do ocorrido.

“É também importante explicar porque nos referimos ao piloto automático como ‘beta’. Este não é um software beta, em qualquer sentido normal da palavra. Todo lançamento passa por uma extensa validação interna antes de atingir todos os clientes. Ele é chamado de beta a fim de diminuir a complacência e indicar que ele vai continuar a melhorar (o piloto automático está sempre desligado por padrão). Assim que chegarmos ao ponto em que o Autopilot for aproximadamente 10 vezes mais seguro do que a média dos veículos dos EUA, a etiqueta beta será removida”, disse no texto.

Nesse sentido, Musk afirma que o software da Tesla é “altamente refinado e muito melhor do que o motorista humano médio”, mas que ainda levará bastante tempo para que a verdadeira condução automática seja aprovada pelos órgãos reguladores. “Acreditamos que a aprovação de um regulamento a nível mundial vá exigir algo na ordem de 6 bilhões de milhas (10 bilhões de km). O aprendizado da frota atual está em um ritmo de apenas 3 milhões de milhas (5 milhões de km) por dia”, escreveu ele.
Musk também explicou que prefere implatar a autonomia parcial agora porque, quando usada corretamente, ela já é significativamente mais segura do que uma pessoa dirigir por conta própria e, portanto, seria moralmente repreensível atrasar a liberação simplesmente por medo “da imprensa má ou de algum cálculo mercantil de responsabilidade legal”. Além do software, os carros da Tesla terão o hardware necessário para serem totalmente autônomos na estrada, inclusive com a capacidade de evitar falhas operacionais, o que significa que se alguma parte do sistema do carro parar, ele ainda será capaz de conduzir o motorista de uma forma segura com ajuda de câmeras, radares, sonares e computadores. É o que diz Elon Musk.

Para garantir que a Tesla seja de fato o futuro dos carros elétricos, Musk oficializou a aquisição da SolarCity, empresa de paínes de energia. No ano passado, a própria Tesla havia anunciado a criação de uma bateria que armazena energia suficiente para abastecer casas e empresas. Segundo a BBC, o equipamento guarda energia proveniente de fonte solar, eólica ou captada do sistema elétrico. Com a SolarCity, empresa que tinha Musk como presidente executivo, a Tesla dá mais um passo em direção à energia solar e à sustentabilidade, uma das grandes bandeiras de Musk.

“A questão de tudo isso foi, e continua sendo, acelerar o advento da energia sustentável, de modo que possamos imaginar um futuro distante em que a vida ainda é boa. Isso é o que significa “sustentáveis”. Não é uma coisa boba, hippy – é importante para todos. Por definição, devemos em algum momento chegar a uma economia de energia sustentável ou vamos ficar sem combustíveis fósseis para queimar e a civilização entrará em colapso. Dado que devemos abandonar os combustíveis fósseis de qualquer maneira e que praticamente todos os cientistas concordam que aumentar drasticamente os níveis de carbono atmosféricos e oceânicos é insano, quanto mais rapidamente alcançarmos a sustentabilidade, melhor”, escreveu.

Expandir o conceito para outros setores automotivos também está nos planos do sul-africano. Hoje, a Tesla chega a dois pequenos segmentos: de sedans premium e de SUVs. Com o Model 3, a Tesla quer chegar a mais consumidores, mas o que realmente importa para acelerar um futuro sustentável é ser capaz de aumentar o volume de produção tão rapidamente quanto possível. É por isso que a engenharia da Tesla se concentrou em projetar a máquina que faz a máquina, transformando a sua própria fábrica em um produto para produzir inúmeros Model 3 mais rapidamente.

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“Além de veículos de consumo, existem dois outros tipos de veículo elétricos necessários: caminhões pesados e de transporte urbano com alta-densidade de passageiros. Ambos estão em estágios iniciais de desenvolvimento na Tesla e devem estar prontos para o lançamento no próximo ano. Nós acreditamos que o Tesla Semi vai entregar uma redução substancial no custo do transporte de carga, enquanto aumenta a segurança, tornando-se muito divertido de operar”, disse em carta. Para ele, com o advento da autonomia, o tamanho do ônibus vai diminuir e o motorista vai se transformar em um gestor de frota. Já um ônibus da Tesla poderia levar as pessoas diretamente ao seu destino utilizando uma inteligência semelhante a que hoje encontramos no UberPool, que encontra pessoas em caminhos próximos para dividir uma corrida.

A Uber, inclusive, parece ser uma grande inspiração para Elon Musk, que também fala no compartilhamento de automóveis na parte dois do seu plano para a Tesla. Quando o piloto automático e todas as tecnologias de software e hardware autônomas estiverem regulamentadas, o dono de um carro será capaz de chamar seu Tesla para buscá-lo em qualquer lugar. Uma vez dentro de um Tesla elétrico e autônomo regulamentado, você poderá dormir, ler ou fazer qualquer outra coisa até seu destino, inclusive trabalhar.

Mas Musk quer mais do que isso, que você adicione seu carro à frota compartilhada da Tesla para que o carro trabalhe por você enquanto você dorme ou quando está em férias. Será mais rentável do que um empréstimo e também uma forma de abater os custos de ter um Tesla. É desta forma e tendo uma frota da próproia empresa para compartilhamento que Elon Musk espera que nos próximos dez anos todo mundo realize o sonho de dirigir um Tesla.

Fonte: Intel iQ Brasil

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