Estádios solares começam a sair do papel no País, mas preço ainda é alto

Primeiros projetos se apoiam em verbas para eficiência energética e pesquisa; custo de geração está em torno de R$430 por MWh

A Neoenergia inaugurou nesta semana uma instalação fotovoltaica no estádio de Pituaçu, na Bahia, que se tornou o primeiro da América Latina a contar com a tecnologia. A arena, porém, não deve ser a única por muito tempo. A própria Neoenergia tem mais dois projetos do tipo, enquanto a Copel deve fazer o mesmo no Paraná e a AES estuda colocar a geração solar no estádio do Corinthians, o Itaquerão, em São Paulo.

A diretora da eficiência energética da Coelba, subsidiária da Neoenergia responsável pelo empreendimento em Pituaçu, Ana Mascarenhas, conta que a ideia surgiu após uma visita à Alemanha. Na época, ela conheceu estádios solares a convite da agência alemã de desenvolvimento GTZ, que “está muito focada em fomentar energia solar no Brasil”.

O projeto, então, foi apresentado à própria empresa e ao governo da Bahia, tendo posteriormente recebido o aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que permitiu o encaixe do investimento no Plano de Eficiência Energética da companhia. Assim, os recursos utilizados no estádio vieram de uma verba que só pode ser aplicada pela empresa em ações de redução de consumo e normalmente é usada na compra de lâmpadas e geladeiras eficientes para comunidades carentes.

O aporte foi de R$5,5 milhões – sendo parte bancada pelo governo – para uma potência de 400kWp. A obra foi contratada em regime turnkkey junto à Gehrlicher Ecoluz Solar, que também forneceu os paineis. Toda a conjuntura, com o apoio do governo e da Aneel, ajudou a impulsionar o negócio, que ainda não seria viável comercialmente.

“O custo de geração é de R$430 por MWh, então não é uma geração competitiva de maneira nenhuma”, admite a diretora da Coelba. Ela acredita, porém, que uma série de projetos financiados por recursos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das empresas de energia com apoio da Aneel vai ajudar a criar escala no País e reduzir esse número. “São muitos projetos, então acho que a gente vai começar a baratear, sim. E (a solar) vai se tornar competitiva, principalmente para o consumidor residencial, que paga uma tarifa mais alta”, aponta Ana.

Os próximos projetos de estádios solares da Neoenergia são em Fernando de Noronha – onde também serão usados recursos de eficiência energética – e na Arena Pernambuco, esse já dentro dos projetos de P&D e em parceria com a construtora Odebrecht, responsável pelas obras civis do empreendimento, e seu braço no setor elétrico.

“A Odebrecht Energia foi criada para investir em ativos de geração. Hoje estamos participando de hidrelétricas, parques eólicos, biomassa e PCHs. E agora estamos na energia solar, que vai ter uma atuação relevante no médio prazo. A Arena é um investimento da organização Odebrecht, então tem todo o incentivo para a gente investir, além de ser um local que vai sediar jogos da Copa do Mundo”, explica Fernando Chein, diretor de geração da Odebrecht Energia.

O executivo acredita que a fonte pode crescer com o desenvolvimento da tecnologia, a regulamentação do setor e a instalação de fornecedores no País. “Hoje não está regulamentado, então ainda não dá para dizer se é viável ou não. Mas achamos que num futuro próximo existe essa possibilidade (de tornar viável a energia solar). A gente acredita e pensa seriamente em investir em maior escala na fonte solar”, aponta.

A implantação em Pernambuco deve ter início no segundo semestre, com conclusão em 2013. O aporte previsto é de cerca de R$13 milhões para uma potência de 1MWp. Como a Odebrecht é responsável também pelas obras do Itaquerão, Chein admite que a geração solar no projeto está em estudo, mas afirma que ainda não há um veredicto.

Outra instalação que deve ter placas solares é a Arena da Baixada, no Paraná, no qual a Copel revelou o interesse em adicionar os painéis fotovoltaicos. A viabilização, no caso, também seria por meio do programa de P&D da Aneel.

Fonte: Jornal da Energia