É fato ou fake?

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“Não estamos lutando só contra uma epidemia. Combatemos também uma infodemia” diagnosticou o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência da Alemanha.

Em decorrência da expansão do coronavírus, nos últimos dias o Brasil está sendo marcado por mudanças bruscas na rotina dos brasileiros. Não só no Brasil mas em países do mundo todo, nos deparamos com empresas fechadas, escolas sem aulas, serviços suspensos e cancelamento de eventos. Com grande parte da população reclusa em suas casas, uma vez que diversos países já declararam quarentena, o uso das mídias sociais vem aumentando de forma considerável nas últimas semanas. Dessa forma a circulação de notícias não para de crescer, tornando praticamente impossível não se esbarrar com uma fake news.

RIO DE JANEIRO – Praias vazias na cidade do Rio de Janeiro (31/03/2020) — Foto: Raphael Urjais/PhotoPress/Estadão Conteúdo

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É a primeira vez da história em que enfrentamos uma epidemia global na era da hiperconectividade. Em 2003 com o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) ou seis anos mais tarde, com a epidemia da gripe H1N1, as redes sociais ainda estavam em expansão, não tendo tantos usuários como hoje em dia. O Whatsapp por exemplo, criado em 2009, conta hoje com cerca de 2,2 bilhões de usuários. 

O perigo das informações falsas é tão alto, que foi criado um grupo dentro da OMS para lidar com a epidemia de informações e fake news. “Sabemos que toda epidemia é acompanhada de um tsunami de informação, e junto, vem desinformação e rumores. Isso acontece desde a Idade Média, a diferença com as redes sociais, é que o fenômeno é amplificado, viaja mais rápido e mais longe, como um vírus que acompanha as pessoas.” disse  a diretora do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Sylvie Briand, responsável por conter a infodemia.

Tão veloz quanto a disseminação do próprio vírus ao redor do mundo está o compartilhamento de notícias e rumores sobre ele. Atualmente o que mais vemos são pseudo especialistas em infectologia ou economia, dizendo terem a simples resposta para esse período de crise que estamos vivendo. É preciso ter cuidado, ao compartilhar vídeos, áudios e mensagens antes de verificar sua veracidade, caso contrário, você pode está contribuindo para a disseminação em massa de  fake news.

Gigante de Zuckerberg quer trocar anuncios falsos por informações educativas. Foto: Stephen Lam/Reuters

São diversas as notícias falsas que circulam diariamente pela internet, o que acaba por confundir os leitores, como por exemplo, notícias que anunciam que a  COVID-19 pode ser curada através da ingestão de água, chá quente, mel e uísque, até notícias informando que o vírus foi desenvolvido em laboratório pelos chineses, com o intuito de ser utilizado como arma biológica. Em  um modelo de comunicação marcado pelo volume, pela velocidade e pela ansiedade do compartilhamento, a lógica do imediatismo rege a relação entre usuários e mídias sociais. A necessidade de ser o primeiro a divulgar certas informações faz com que muitos usuários a publiquem sem checar sua veracidade. A propagação de notícias falsas pode ter consequências especialmente desastrosas, já que a desinformação coloca em risco a saúde de muitas pessoas, disseminando pânico e medo entre a população. 

Implicações criminais 

Outro incidente com fake news aconteceu recentemente nesta quarta-feira (01/04). Em suas redes sociais  o presidente da república Jair Bolsonaro compartilhou um vídeo de um funcionário da CeasaMinas, em Contagem, mostrando um galpão da central de abastecimento vazio e alertando para o risco de a população ficar sem ter o que comprar. Nas imagens, um homem reclamava da situação. “Não vamos esquecer não, tá. A culpa disso aqui é dos governadores porque o presidente da República está brigando incessantemente para ter uma paralisação responsável”, dizia o autor do vídeo.

Conteúdo do vídeo foi desmentido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Após verificarem a veracidade do vídeo, foi descoberto que o mesmo havia sido gravado no sábado, dia em que o local fica normalmente vazio. Os comerciantes informaram que o movimento estava normal e que inclusive a oferta de produtos estava até maior que nos últimos dias.  Logo após o ocorrido, o presidente apagou o vídeo e pediu desculpas pela publicação.

A Polícia Civil de Minas Gerais já sabe a identidade do autor do vídeo que aponta, falsamente, a crise de abastecimento. De acordo com os investigadores, ele é um homem de 48 anos, trabalhador autônomo e não tem antecedentes criminais. Ele foi intimado e deverá prestar esclarecimentos aos delegados até a próxima segunda-feira. Por ter gravado o vídeo com mensagens deturpadas, o homem poderá ser indiciado por provocar alarme falso, com o intuito de produzir pânico ou tumulto. 

Como identificar uma fake news?

Visando combater essas séries de informações falsas, jornalistas, pesquisadores, agentes de saúde e órgãos oficiais têm trabalhado em serviços de verificação. O Ministério da Saúde  criou um site e abriu uma linha de WhatsApp para verificar boatos e definir o que é verdadeiro ou falso. Qualquer pessoa pode acessar, o  endereço é www.saude.gov.br/fakenews. Por telefone, o número é: (61) 99289-4640. No site do ministério também é possível encontrar dicas de como identificar uma notícia falsa.

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Por Juliana Quinelato.