A guitarra elétrica é um instrumento icônico do rock e de muitos outros estilos musicais. Responsável por reproduzir o som de diversas levadas marcantes como a da música “Treasure” do músico Bruno Mars e diversos solos memoráveis como os do Slash, esse instrumento é, de certa forma, uma adaptação do bom e velho violão. 

Apesar da similaridade entre os dois instrumentos, é mais natural entender como funciona um violão por ele ter um caixa acústica que faz com que o som das cordas reverbere pelo ambiente. Já a guitarra utiliza os captadores magnéticos para transformar o som produzido manualmente pela vibração das cordas em sinal elétrico, o que não é tão trivial, mas é justamente o que vamos aprender hoje!

As partes do captador que ficam embaixo das cordas são ímãs comuns, que nem os de geladeira. As cordas da guitarra são de aço, certo? E o que acontece quando você coloca o metal perto de um ímã? Ele fica magnetizado – o material também orienta seus vetores magnéticos, na presença do ímã permanente ou eletroímã.  A região do fio de aço da guitarra logo acima do ímã se torna em um pequeno imã, região amarela da figura 1. As cordas geram, então, seu próprio campo magnético. Quando a corda é tocada e começa a oscilar seu movimento em relação à bobina muda o fluxo de campo magnético através da bobina, induzindo uma corrente na bobina (Lei de Faraday). Quando a corda se aproxima e se afasta da bobina a corrente induzida muda de sentido com a mesma frequência que as oscilações da corda, transformando assim a frequência das oscilações mecânicas em frequências eletrodinâmicas. Esta frequência que caracteriza a nota musical que será amplificada e transformada em frequência mecânica novamente pelo alto-falante. Como funciona o amplificador e o alto-falante é assunto para outra postagem.

Entre esses captadores, podemos destacar os 2 tipos mais famosos: os single-coils (ou apenas single), geralmente presentes nas Stratocasters, e os humbuckers, geralmente presentes nas Les Paul.

Single-coils: Como o próprio nome já diz, são estruturados apenas com uma bobina. São mais sensíveis às interferências que causam ruídos e em geral, o timbre resultante tende a ser mais limpo, brilhante, “estalado” e estridente em comparação com os humbuckers. 

Humbuckers: São estruturados com duas bobinas em um só corpo. Normalmente, as duas bobinas funcionam em polaridades inversas. Assim cada uma elimina parte do nível de ruído da outra. Essa interação também altera a resposta tonal do captador, o que lhe confere um som diferente daquele produzido por um captador single-coil. Em geral, o timbre resultante tende a ser mais cheio, vigoroso, macio e adocicado em comparação com os single-coils.

Uma curiosidade que tem tudo a ver com nosso assunto: para ter maior controle sobre o instrumento, o lendário Jimi Hendrix às vezes refazia as bobinas de captação da sua guitarra para mudar o número de espiras. Desta forma, alterava o valor da força eletromotriz induzida nas bobinas e, portanto, a sensibilidade às oscilações das cordas.

Ouvir uma música é algo muito simples, mas para que possamos ter acesso a ela como temos hoje é necessária uma boa aplicação de física, engenharia, e é claro muita criatividade.

Gostou de conhecer um pouco mais sobre esse instrumento?
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